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Milan e Roma criticam uso de macacos em cartazes antirracismo da Liga

Campanha da Liga Italiana contra o racismo - Divulgação/Liga Italiana
Campanha da Liga Italiana contra o racismo Imagem: Divulgação/Liga Italiana

Do UOL, em São Paulo

17/12/2019 09h15

Casos de racismo contra os jogadores de times italianos vêm ocorrendo com frequência na temporada. Para lidar com o problema, a Liga Italiana lançou a campanha Não ao Racismo, mas os cartazes não agradaram a times como Milan e Roma.

Os pôsteres criados para a ação e apresentados ontem ao público trazem a imagem de macacos. A divulgação da campanha aconteceu três semanas depois dos times italianos se comprometerem a combater o racismo no futebol, visto por eles como "um problema sério".

"A arte pode ser poderosa, mas nós discordamos fortemente do uso de macacos em imagens para combater o racismo", declarou o Milan em nota. O clube disse ainda não ter sido consultado sobre a campanha.

A Roma também expressou descontentamento com a escolha. "Entendemos que a liga queira combater o racismo, mas não acreditamos que esse seja o melhor caminho".

A ideia da Liga era espalhar os cartazes pelas ruas de Milão. A autoria é do artista Simone Fugazzotto, que tem como marca usar macacos em seus trabalhos. Ele justificou a escolha neste caso dizendo que gostaria de inverter a imagem dada hoje aos macacos pelos racistas.

"O macaco aqui vira uma faísca para ensinar a todos que não há diferença, não há homem ou macaco, somos todos iguais. Se tem algo que todos nós somos são macacos", disse Fugazzotto.

A Fare Network, organização que luta pela igualdade no futebol italiano, declarou que ficou "sem palavras" quando viu a campanha, chamada por ela de "piada sem graça". A Kick It Out, organização que defende a igualidade e inclusão no futebol, considerou os cartazes "completamente inapropriados".

Luigi de Siervo, chefe da Liga Italiana, disse que a entidade quer combater o racismo "de forma forte e concreta".

"Sabemos que o racismo é um problema endêmico e muito complexo, e que vamos abordar em três níveis diferentes: o cultural, através de obras como a de Simone; o esportivo, com uma série de iniciativas em conjunto com clubes e jogadores; e o repressivo, com a colaboração com a polícia", declarou o dirigente.

Apesar da polêmica, a Liga não informou se pretende suspender ou alterar os cartazes para a campanha.