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Posse de Bola

Programa semanal de futebol com Juca Kfouri, Mauro Cezar Pereira, Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi


OPINIÃO

Posse de Bola #12: "Ao contrário de 2005 e 2012, Liverpool é o melhor time"

Do UOL

Em São Paulo

19/12/2019 11h12

No episódio #12 do podcast Posse de Bola, Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira, além do jornalista convidado Gian Oddi, analisaram as chances do Flamengo contra o Liverpool na final do Mundial de Clubes, as atuações dos clubes nas semifinais da competição em Doha, no Qatar, além de compararem o adversário do Flamengo aos clubes que foram derrotados por brasileiros em edições anteriores.

Mauro Cezar Pereira, que está em Doha acompanhando a competição, considerou que foi natural o técnico do Liverpool poupar boa parte de seu time na semifinal contra o Monterrey, do México, e apontou que o adversário do Flamengo é o melhor time europeu atualmente, comparando com as edições dos Mundiais de 2005 e 2012, vencidos por São Paulo e Corinthians contra o próprio Liverpool e o Chelsea, respectivamente.

"Ao contrário do que ocorreu em outros anos como 2012, como 2005, o campeão europeu nesse momento é o melhor time. É o time que lidera o Campeonato Inglês com folga - com dez pontos de vantagem para o segundo colocado -, é o time que não perde, é o time que está avançando mais uma vez na Liga dos Campeões em sua chave, avançou, é o melhor time do momento", afirmou Mauro.

"Algumas equipes ganharam a Liga dos Campeões, meses depois disputaram o Mundial de Clubes e não eram as melhores equipes. Substancialmente isso acontece, um clube pode entrar em crise, trocar de técnico, isso aconteceu há sete anos", completou, citando o Chelsea que perdeu para o Corinthians, último brasileiro a vencer o Mundial, em 2012.

O episódio também abordou as mudanças de técnicos de Palmeiras e Vasco, com a chegada de Vanderlei Luxemburgo para sua quinta passagem no clube paulista, enquanto Abel Braga foi o escolhido para assumir o comando vascaíno.

E o sorteio da Libertadores também foi assunto, com a análise dos grupos e a situação dos times brasileiros com possíveis encontros de Palmeiras e Corinthians na fase de grupos, assim como de Internacional e Grêmio, e o difícil grupo encontrado pelo São Paulo, com o atual vice-campeão River Plate como maior adversário.

Posse de Bola terá edição após Mundial

A primeira temporada do Posse de Bola ainda terá mais um episódio na segunda-feira, 23, às 9h, para analisar a final entre Flamengo e Liverpool no Mundial de Clubes. Depois, o podcast volta para a sua segunda temporada no dia 6 de janeiro, gravado sempre nas segundas-feiras às 9h.

Posse de Bola: Quando e onde ouvir?

A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter). A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts.

Você pode ouvir o Posse de Bola em seu tocador favorito, quando quiser e na hora que quiser. O Posse de Bola está disponível no Spotify e na Apple Podcasts, no Google Podcasts e no Castbox . Basta buscar o nome do programa e dar play no episódio desejado. No caso do Posse de Bola, é possível ainda ouvir via página oficial do UOL e YouTube do UOL. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.

Confira abaixo a íntegra com a transcrição do episódio #12 do Posse de Bola:

BLOCO 1

0min10s — Eduardo Tironi: Olá, sejam muito bem-vindos ao episódio de número 12 do podcast Posse de Bola. Eu sou Eduardo Tironi, estou aqui como sempre com os meus amigos Juca Kfouri e Arnaldo Ribeiro. O Mauro Cezar, ele está em Doha fazendo a cobertura, é o nosso enviado especial e vai participar do programa de lá. E aqui no estúdio a gente tem a companhia de outro amigão nosso.

0min37s — Juca Kfouri: Antes que anuncie, proponho uma salva de palmas

0min39s — Eduardo Tironi: O grande jornalista Gian Oddi, ele vai participar, participar com a gente aqui no estúdio desse episódio, como convidado. Enfim, mais do que especial.

0min54s — Eduardo Tironi: Antes de falar da divisão dos blocos Juca, Gian e Arnaldo, eu quero dar um recado para as pessoas, o pessoal, os ouvintes sobre os próximos episódios do nosso podcast. Então é o seguinte: além de hoje, quinta-feira, a gente vai fazer um outro episódio na segunda-feira, dia 23 às 9h da manhã com um convidado especial também. Não percam! Então no dia 23, segunda-feira, 9h da manhã, outro episódio do Posse de Bola.

1min24s — Juca Kfouri: Sendo que, registre-se o meu protesto por não termos feito na segunda feira.

1min30s — Eduardo Tironi: Essa é uma boa história, inclusive o Juca estava na porta da casa dele esperando a carona do Arnaldo e me ligou. 'Onde está? Não tem Posse de Bola hoje?' na segunda-feira.

1min40s — Eduardo Tironi: Então segunda-feira, dia 23, e depois retornamos no dia 6 de janeiro e religiosamente todas as segundas a partir do dia 6 de janeiro. Bom, hoje, no primeiro bloco, a gente vai falar da final do Mundial de Clubes, Flamengo e Liverpool. Os dois sofreram na semifinal, mas estão lá e vamos falar a perspectiva desse jogão, a final do Mundial. No segundo bloco, vamos falar dos times que anunciaram treinadores nos últimos dias, novos treinadores, novos assim, né? Luxemburgo no Palmeiras, Abel no Vasco e o Coudet no Inter, por que não? E no terceiro bloco, a gente vai falar do sorteio da Libertadores, o Arnaldo Ribeiro teve quase um ataque, eu estava ao lado dele na hora do sorteio, ele não reagiu muito bem.

3min — Juca Kfouri: Ainda está irritado que o Andrés Sanches sorriu na hora em que viu o River Plate no grupo do São Paulo.

3min08s — Arnaldo Ribeiro: Não, a minha questão é com a altitude. Depois eu explico a minha paúra com a altitude.

3min28s — Eduardo Tironi: Como eu falei, o Mauro Cezar, nosso enviado especial a Doha está lá acompanhando o Flamengo e o Liverpool, essa final do Mundial e ele deu um 'plá' pra gente sobre essa final.

3min31s — Juca Kfouri: Por que que nós escolhemos ele para ir pra Doha e não um de nós três? É difícil de responder, né?

3min40s — Arnaldo Ribeiro: Pela atuação dele, assim, nas ruas, aquele vigor. Tem mais vigor que a gente hoje em dia.

3min47s — Eduardo Tironi: E como disse o Xico Sá, quando esteve aqui, o Mauro de certa forma é um personagem, um artífice desse ano de 2019 com tudo o que aconteceu com o Flamengo e o futebol brasileiro. Então, vamos ouvir. Mauro, e aí?

4min04s — Mauro Cezar Pereira: Salve, salve, âncora! Que honra hein! Aliás, eu fui abordado aqui por um torcedor do Flamengo, que fez questão de mandar um abraço para o âncora. Ele disse 'sou ouvinte assíduo, acompanho sempre o podcast Posse de Bola e gosto muito do âncora, e mandou um caloroso abraço para Eduardo Tironi, o âncora. Bem, respondendo aqui às perguntas que o âncora enviou para mim aqui. Primeiro, sobre a questão do Mundial.

4min34s - Mauro Cezar Pereira: O Liverpool poupar na semifinal nada mais é do que a confirmação de que os times europeus ligam muito pouco para essa competição, ela não é prioritária em meio à maratona de jogos, com cinco competições que o clube estava disputando, já caiu de uma delas, a Copa da Liga, com a derrota do time de garotos por 5 a 0 para o Aston Villa, mas nesse período de pouco mais de três semanas cinco competições: Champions League, Premier League, Copa da Liga, Mundial de Clubes e agora em janeiro o time do Liverpool vai jogar pela Copa da Inglaterra contra o Everton, vai ser de cara um clássico da cidade.

5min12s — Mauro Cezar Pereira: É natural que seja assim, ele precisa girar o elenco, ele correu alguns riscos, mas entre desgastar ainda mais um elenco com desfalques no meio de uma maratona, ele preferiu colocar na continha do chá, como é muito comum técnicos europeus fazerem isso, lançando jogadores do banco de reservas, titulares preservados, para tentar garantir a vitória no tempo normal se preciso fosse. E foi necessário, garantiu a vitória nos acréscimos, mas com uma jogada que teve participação de dois que vieram do banco, o Alexander-Arnold cruzou e o Firmino, que entrou minutos antes, cinco minutos antes, decretou a vitória do Liverpool.

5min52s — Mauro Cezar Pereira: E não é só isso, essa história de que 'ah, soberba'. Não se trata de soberba, é questão de você estipular, ou estabelecer, melhor dizendo, metas prioritárias. E o Mundial de Clubes não é uma meta prioritária para o Liverpool, como não é para nenhum time europeu, porque ele não é o grande desafio técnico para essas equipes. O maior desafio técnico é, no caso dos clubes ingleses, a Premier League e também a Liga dos Campeões. Esses são os certames com mais apelo para o torcedor também. Se você perguntar ao torcedor do Liverpool o que interessa mais, se é ganhar o torneio aqui em Doha ou ser campeão inglês, ou da Liga dos Campeões de novo, ele vai preferir esses títulos europeus. Principalmente no caso específico desse clube, da Premier League, que nunca conquistou. Era o maior campeão da Inglaterra e não é mais porque foi superado pelo rival Manchester United justamente na Era Premier League, iniciada em 1992. É apenas isso, estabelecer prioridades, nada além disso.

6min47s — Mauro Cezar Pereira: 'Ah, mas é soberba?'. Está bom. E quando um time brasileiro coloca reservas na Copa Sul-Americana porque prioriza o Campeonato Brasileiro, isso é o que? E quando um time brasileiro fala, torcedores, jornalistas falam que a Sul-Americana não vale nada e que é a segunda divisão? Isso é soberba? Eu acho até que isso é soberba, desmerecer a competição. Eles não estão falando que a competição é uma porcaria, nada disso, no caso os jogadores, o técnico, o pessoal do clube. Na imprensa sim você encontra pessoas que acham que a competição não tem importância alguma. Então acho normal o que fez o Jürgen Klopp e ganhou o jogo, se classificou, era o objetivo dele e ponto final, acabou.

7min30s — Mauro Cezar Pereira: O interessante nisso tudo é que o Flamengo como representante sul-americano, ao contrário do que acontece na maioria das vezes, quando os times vão a essa competição como se fosse o jogo da vida, até usam muito essa expressão, o Flamengo não está entrando nessa. Até agora eu não ouvi ninguém falando sobre isso, inclusive eu entrevistei junto com o João Castelo-Branco os jogadores do Flamengo na zona mista após a vitória sobre o Al Hilal e eles encaram o Liverpool com respeito, seriedade, sabendo do grau de dificuldade que terão pela frente. Claro, o Liverpool não estava classificado, então nós perguntávamos sobre o esperado confronto e os jogadores respondiam fazendo sempre aquela ressalva de que havia ainda o confronto com o Monterrey. E eles sabem que é difícil, mas ninguém está falando 'vamos ganhar de qualquer maneira, é o jogo da vida'. É um jogo a mais, um jogo que tem a sua importância para o sul-americano por que? Porque é a chance raríssima de enfrentar o campeão europeu.

8min22s — Mauro Cezar Pereira: Ao contrário do que ocorreu em outros anos como 2012, como 2005, o campeão europeu nesse momento é o melhor time. É o time que lidera o Campeonato Inglês com folga, com dez pontos de vantagem para o segundo colocado, é o time que não perde, é o time que está avançando mais uma vez na Liga dos Campeões em sua chave, avançou, é o melhor time do momento. Algumas equipes ganharam a Liga dos Campeões e meses depois disputaram o Mundial de Clubes e não eram as melhores equipes, substancialmente isso acontece, um clube pode entrar em crise, trocar de técnico, isso aconteceu há sete anos.

9min08s — Mauro Cezar Pereira: Então, o que estamos acompanhando aqui é algo absolutamente normal e a postura do Flamengo com relação ao jogo eu também acho que é a postura adequada. O grande feito do Flamengo foi ganhar o Brasileiro, foi ganhar a Libertadores, ainda mais da maneira como ganhou, em 23h no intervalo de uma conquista para a outra, e a virada sobre o River Plate foi épica. Isso já é muita coisa. Se por acaso ganhar do Liverpool, é lógico que vai ser bacana, a torcida vai ficar feliz, vai ficar orgulhosa, vai festejar eventualmente se acontecer, torcedores de outros clubes vão se desfazer, vão falar que jogou desfalcado, que não estavam a fim. Isso é assim. E o torcedor do Flamengo se vencer vai ficar feliz. Se perder, não tem motivo para ficar triste, a não ser que seja uma vergonha, uma goleada horrorosa e tal. Se perder jogando, desafiando o campeão europeu, é para sentir orgulhoso por ter chegado tão longe. Porque é uma diferença muito grande de investimento, tecnicamente os europeus são melhores, mais bem treinados, estão em um estágio muito mais avançado e só poder jogar contra um time como o Liverpool já é, nesse futebol de hoje, com essa disparidade econômica e técnica, um privilégio. Se conquistar eventualmente a sonhada vitória e o título, melhor ainda para o Flamengo, para a sua torcida, mas a forma altiva como está encarando o torneio é muito interessante, é muito adequada. Prefiro assim do que com todo aquele dramalhão, quando perde parece que é o fim do mundo, uma grande bobagem.

10min24s — Juca Kfouri: Barbaridade como falou hein! E discordo dele quase inteiramente. Mas eu queria primeiro ouvir o Gian porque é o nosso convidado de honra, especialíssimo e não abriu a boca ainda.

10min35s — Eduardo Tironi: Então deixa eu perguntar para o Gian. Gian, ontem eu vi uma tuitada sua falando assim: você vê como as coisas são, no mesmo dia que tem o Liverpool jogando a semifinal do Mundial tem Real Madrid e Barcelona, rodada do Campeonato Italiano, enfim, os campeonatos nacionais da Europa não param e não estão muito aí para isso. É por aí?

10min58s — Gian Oddi: É, acho que é curioso a gente notar que enquanto a Uefa consegue fazer com que ninguém jogue na hora da Champions League, de uma decisão de Champions League, durante o Mundial de Clubes da Fifa, o mesmo não acontece. Então, você tinha a Juventus jogando, você tinha a Copa da Liga da França, você tinha a Bundesliga, na Inglaterra você tinha alguns minutos depois a Copa da Liga rolando, tinha Real Madrid e Barcelona, só isso. É impressionante. De fato, é uma amostra que os europeus não ligam muito para a competição.

11min34s — Gian Oddi: Para mim, os ingleses exageram nesse menosprezo sim, acho que os ingleses tratam de uma maneira que é quase menosprezo se a gente comparar com o que fazem espanhóis, que muitas vezes chegaram ali, italianos, acho que latinos ainda têm uma relação diferente, os ingleses tratam de uma maneira para mim discutível. Agora, é o que o Mauro falou, no fim ele levou um time lá, ele colocou um time bastante modificado, mas é bom dizer. Não eram quatro titulares apenas, eram seis titulares do que ele pode escalar de melhor na decisão. Porque o Joe Gomez não faz parte do time ideal do Liverpool, mas faz parte do time ideal que pode jogar contra o Flamengo, o mesmo vale para o Keitá, que não seria o titular ideal com o Fabinho. Então, é um time que vai melhorar muito se entrar com as cinco novidades, os cinco caras que ficaram de fora, os três que entraram nesse jogo da semifinal e mais o Van Dijk e o Wijnaldum, mas acho que é um time que vai ter que jogar mais bola. A exemplo do que a gente falava do Flamengo, ou o Liverpool joga mais, ou esse jogo vai ser mais parelho do que as pessoas estavam imaginando pela diferença técnica entre as equipes.

12min53s — Eduardo Tironi: Mas o Flamengo não tem que jogar mais também, Juca?

12min55s — Juca Kfouri: Então, onde eu discordo do Mauro? Primeiro, isso tudo que vocês falaram em relação a como os ingleses olham, é verdade. Eu acho que é verdade até a página 3 no seguinte sentido. Eu quero ver o Liverpool ser campeão, quer dizer, eu não quero ver o Liverpool ser campeão, mas tenho certeza de que se o Liverpool for campeão, eles vão festejar muito em Doha e Liverpool vai às ruas receber a delegação. Vamos ver se vai ou não. Eu aposto que vai. Eu gosto sempre de lembrar: os ingleses não jogaram as Copas de 1930, 1934 e 1938 porque eram os reis do futebol e 'não precisamos jogar a Copa do Mundo porque somos os melhores'. Aí foram jogar em 1950 e aconteceu o que? Foram eliminados pelos americanos em Belo Horizonte, naquilo que é considerado uma das maiores zebras da história das Copas. E que depois se viu que não era uma zebra tão zebra porque tomaram uma goleada da Hungria e foram por aí por baixo. Se deram conta de que não eram os reis do futebol a esse ponto. Eu não estou fazendo nenhuma comparação dizendo que o Liverpool não é isso tudo, porque eu acho que o Liverpool é isso tudo, eu acho que o Liverpool vai jogar com o que tem de melhor, vão entrar os três que vieram do banco, vai jogar o zagueiro Van Dijk, vai jogar o Wijnaldum.

13min35s — Gian Oddi: E ficam os que jogaram? Essa é a minha dúvida. Salah, Robertson.

13min40s — Juca Kfouri: Acho que ficam os que jogaram, o Salah vai para o jogo, eu acho o seguinte: o raciocínio do Klopp vai ser o seguinte: não entregamos a Copa da Liga, tomamos de 5, os garotos tomaram de 5, foram massacrados pelo Aston Villa, para chegar de volta a Londres de mãos abanando. 'Nós temos que ganhar esse troço. Jamais ganhamos, já perdemos para o Flamengo uma vez, perdemos para outro brasileiro que foi o São Paulo, temos que ganhar'. E acho que não é verdade que esse jogo é menos importante para o Flamengo que foi o jogo do River Plate. Eu torcedor, o último campeão mundial brasileiro foi o Corinthians. Eu brinquei aqui, mas é claro que o Chelsea não era naquele momento o melhor da Europa. Claro que não era, estou falando sério. Agora, eu fiquei muito feliz com a vitória contra o Boca Juniors, mas eu não queria perder para o Chelsea por nada. Fiquei mais feliz ainda com a vitória com o Chelsea. Campeão do mundo, ora!

15min17s — Arnaldo Ribeiro: Eu acho que o ponto é que o fato de o Flamengo ter ido à final, ele já consagra uma temporada espetacular.

15min26s — Juca Kfouri: Mas você não acha que isso é um pouco complexo de vira-latas? O futebol brasileiro ficou reduzido a isso? 'Chegamos à final e está de bom tamanho?'.

15min35s — Arnaldo Ribeiro: Até pelo fato que você descreve de que o último campeão brasileiro desse torneio foi lá atrás, o que vier é lucro.

15min42s — Gian Oddi: Até pelo nível do adversário.

15min55s — Arnaldo Ribeiro: A temporada maravilhosa, espetacular, para mim incomparável com Estadual, Brasileiro e Libertadores, ela não vai ter nenhuma mancha com uma derrota, a não ser que seja uma coisa avassaladora.

16min01s — Juca Kfouri: Como o Barcelona fez com o Santos

16min03s — Arnaldo Ribeiro: É, exatamente. Aquilo manchou. O risco era cair na semifinal para o Al Hilal e ficar um negócio amargo, já não existe mais esse risco. Agora, pegando um pouco do que vocês falaram, os ingleses acho que é menos uma questão de soberba e mais uma questão de sobrecarga. Todas as vezes que um inglês vai jogar esse tipo de torneio, ele, diferentemente do espanhol e do italiano, ele já está no limite, ele joga mais copas, o calendário do futebol e o Inglês volta no dia 26 de dezembro e ele tem dez jogos para jogar.

16min39s — Gian Oddi: Não justifica, Arnaldo. Não é soberba, mas é desprezo à competição sim. Não estou falando nem do time. Não estou falando do Liverpool, não estou falando do Klopp e dos jogadores, estou falando da imprensa inglesa que numa entrevista coletiva pré-Mundial pergunta para o Klopp apenas e exclusivamente sobre o jogo da Copa da Liga contra o Aston Villa, aí pra mim é um pouco demais, é olhar só pro próprio umbigo.

17min10s — Arnaldo Ribeiro: É mais do entorno do que propriamente dos próprios clubes e o fato de ele ter jogado com o time misto na semifinal nada mais é do que 'eu não tenho condição de jogar com o mesmo time duas partidas nesse intervalo sendo que eu acabei de vir da Premier League, tenho que voltar pra Premier League, e no caso do Chelsea que perdeu para o Corinthians e do Liverpool que perdeu do São Paulo, - e o Liverpool era o melhor time do mundo em 2005, sim, o Chelsea não era. A Champions League empatou 3 a 3 com o Milan e tal, o Milan da final da Champions para aquele momento caiu e o Liverpool subiu. O Liverpool não perdia nenhuma partida, não tomava nenhum gol, o Liverpool era o time do momento em 2005. Não era tão bom que nem esse.

17min55 — Gian Oddi: Você podia discutir ali quem era, no caso do Chelsea acho que não tinha essa discussão.

17min59 — Juca Kfouri: É mas também no caso do Chelsea não tinha um bandeirinha pra anular três gols. O bandeirinha mexicano, toda hora, gol do Liverpool.

18min07s — Arnaldo Ribeiro: Ele acertou todas e fez parte do documentário do São Paulo, o bandeirinha.

18min12s — Juca Kfouri: O bandeirinha é nosso, sei.

18min16s — Arnaldo Ribeiro: O que aconteceu naqueles confrontos com ingleses. Na semifinal o Rafa Benitez, então técnico do Liverpool e depois técnico do Chelsea, foi com o time principal e na final ele mesclou, tanto o Liverpool contra o São Paulo, tanto o Chelsea contra o Corinthians. Dessa vez o Klopp, 'vou com o misto na semifinal e vou com o principal na final'. Acho que essa é a diferença. O Rafa Benitez foi mais pragmático ainda ao não elencar semifinal e final. 'Eu estou pensando na situação dos meus jogadores. Eu cheguei aqui tal dia, então é melhor utilizar os meus 11 melhores na semifinal, mesclo na final e depois volto para a competição'. Foi assim que ele fez com Chelsea e Liverpool.

19min21s — Eduardo Tironi: Você quer dizer então que o Liverpool desta vez está levando mais a sério?

19min23 — Arnaldo Ribeiro: Isso. Ele está hierarquizando, a semifinal eu poupo mais e na final eu ponho o melhor.

19min26s — Gian Oddi: Talvez seja um pouco cedo para a gente afirmar isso. Acho provável, é possível que ele escale todos, mas é preciso olhar que na Premier League quando ele poupou um lateral, no jogo seguinte ele inverteu, ele colocou o outro em campo. Quando ele fez jogar apenas o Mané num jogo da Premier League, no outro Salah e Firmino entraram no jogo e o Mané foi para o banco. Então, olhando para a maneira como os ingleses olham para o Mundial de Clubes e para a Premier League de uma maneira, o próprio Klopp tem a prioridade e aí acho que não tem problema nenhum, mas eu não tenho a certeza absoluta de que todos os jogadores mais importantes que atuaram na semifinal vão estar na final, até porque o Liverpool tem um jogo importante na sequência contra o Leicester, que é o vice-líder.

20min23 — Juca Kfouri: Você sabe que eu gosto de fazer apostas, não é Gian?

20min28 — Gian Oddi: Sei. Não só você.

20min29 — Juca Kfouri: Aliás, eu devo um título pra você mas ainda pago esse ano que vem. Eu já fiz uma aposta: se o Liverpool for campeão, vai ter festa em Liverpool, na chegada do time.

20min42 — Gian Oddi: E agora você aposta no time completinho?

20min44 — Juca Kfouri: Aposto no time. Qual vai ser o sinal que vamos ter? Porque ele não vai tirar o Alisson, evidentemente que não faz sentido tirar o goleiro.

20min49 — Gian Oddi: Aliás, ele foi o melhor em campo contra o Monterrey.

20min53 — Juca Kfouri: Foi o melhor em campo, sem dúvida. Pra mim o termômetro será: o Salah joga ou não joga? O Salah joga!

21min00s — Gian Oddi: Acho que o Salah e o Robertson são os dois que eu?

21min05s — Juca Kfouri: Ambos vão jogar, você vai ver.

21min13s — Arnaldo Ribeiro: A minha impressão vendo a semifinal é que se o Liverpool estivesse vencendo, ele tiraria o Salah aos 30, aos 25. Aí ele teve que ir até o final com o cara.

21min17s — Gian Oddi: Aliás, isso é importante a gente notar que tanto ele fazia questão de vencer

21min20s — Juca Kfouri: Que ele pôs o Salah e deixou.

21min25s — Gian Oddi: E que pôs os três, se não ele colocaria outros do banco. Mas quem são os três caras que ele tira do banco? O Arnold, o Firmino e o Mané, ou seja?

21min35s — Eduardo Tironi: As entrevistas do Klopp no período eram meio constrangidas. 'Não é desprezo, é que eu não vi, eu tenho coisas para fazer, eu não consegui assistir'.

21min41s — Juca Kfouri: Mas o Gian usou o termo que eu iria usar. Tem muito de eles serem voltados para o próprio umbigo, não o Klopp e nem os jogadores do Liverpool, não estou sentindo nenhum desprezo por parte dos jogadores do Liverpool, mas essa coisa da imprensa, são aqueles umbigos branquelos que são muito voltados pra si mesmos e de repente tomam um choque porque veem que a realidade é diferente. Os americanos fizeram isso bastante tempo no basquete e hoje não fazem mais. Na hora em que viram a Argentina ganhando medalha de ouro olímpica e tal, 'oh, nós somos os melhores, pero é melhor tomar cuidado porque tem gente progredindo'. Eu acho que é um pouco por aí.

22min17s — Eduardo Tironi: Eu queria falar um pouco sobre a final, sobre o Flamengo e o confronto. Diante do que foi visto de um e de outro, é uma coisa completamente impossível o Flamengo ganhar, ou não é?

22min33s — Juca Kfouri: Não, impossível não é, se você me pedir.

22min38s — Arnaldo Ribeiro: Porcentagem, quanto?

22min40s — Juca Kfouri: Eu acho que 75 a 25.

22min41s — Arnaldo Ribeiro: Qual é a sua Tironi?

22min42s — Eduardo Tironi: 70 a 30.

22min44s — Gian Oddi: 70 a 30

22min46s — Arnaldo Ribeiro: 60 a 40. Eu acho que o Flamengo tem.

22min52s — Gian Oddi: Isso falando de times completos dos dois lados.

22min58s — Juca Kfouri: Aquele time que jogou contra o Monterrey, o Flamengo joga e ganha.

23min14s — Eduardo Tironi: Mesmo com aquele primeiro tempo?

23min16s — Juca Kfouri: É preciso olhar para as coisas latinas, as coisas brasileiras. O Flamengo entrou em campo tenso, você via enquanto os jogadores do Al Hilal sorriam, o Flamengo tava com medo do vexame, nós latinos temos isso, é obrigação de bater em bêbado, uma que não são bêbados mais, o time tinha quatro ou cinco jogadores que não eram sauditas. Um jogador que foi da seleção italiana, enfim.

24min09s — Eduardo Tironi: Aliás, não jogava nada hein Gian?

24min11s — Arnaldo Ribeiro: Giovinco está mal.

24min13s — Gian Oddi: Ele joga bem, mas de fato não fez um grande jogo.

24min20 — Juca Kfouri: Esse jogo acabou, o peso do Flamengo acabou contra o Al Hilal, agora o Flamengo vai leve, último suspiro da temporada.

24min32s — Eduardo Tironi: O Mauro falou que não, que o Flamengo não está tratando esse jogo como o jogo mais importante da vida.

24min38s — Juca Kfouri: O Mauro não está. O Mauro desfaz um pouco do Mundial, é que ele não aceita admitir.

24min42s — Eduardo Tironi: Mas ele diz que o Flamengo pelo que ele vê lá, entrevistando os caras lá, que ninguém está achando que esse jogo é tudo isso.

24min49s — Juca Kfouri: Mas o Jorge Jesus disse que é o jogo mais importante da vida dele.

24min53s — Eduardo Tironi: Esse é o meu ponto. Esse não pode ser um ponto de diferença a favor do Flamengo? O jeito como vai se encarar isso? O Jorge Jesus vai encarar isso como 'esse é o jogo da minha vida'. O Klopp não vai, certo?

25min03s — Juca Kfouri: Tironi, quando eu digo pra você que vai leve, não é que vá leve e isso significa que não tem importância. Vai leve sabendo que já fez, não correu o risco do vexame, o vexame é só uma goleada. Esse risco está mais ou menos afastado e agora vou para cima deles com tudo. O Tite contra o Chelsea, é a famosa história do Danilo.

25min26s — Gian Oddi: O pra cima deles com tudo não pode ser assim, né? No ponto de vista de como levar o jogo. O que pode fazer diferença de posturas é saber como que o Liverpool vai encarar. O Liverpool é um time que tem a qualidade técnica absurda e depende muito dessa intensidade de os caras roubarem a bola no meio de campo para os caras terem aquele espaço e também saber o quanto o Flamengo vai dar de espaço para o Liverpool. Agora, eu ponho 70 a 30 e nem ponho um percentual maior pro Liverpool porque eu acho que o Liverpool falha muito lá atrás. É um time defensivamente que não tinha ficado sem sofrer gols em casa na Premier League em nenhum jogo até enfrentar o lanterninha Watford no fim de semana, e deu muita chance, deu muita possibilidade. É um time que defensivamente não é nada forte, não tem sido nada forte, tem tido no Alisson uma figura essencial. Claro que se o Van Dijk entrar a coisa muda de figura porque o nível e a força da defesa aumentam muito, mas estamos falando de um time do Flamengo que é a gente sabe que é muito forte ofensivamente.

26min43 — Juca Kfouri: O Flamengo tem três problemas. Filipe Luís não pode jogar, tem que jogar o Renê. O Salah vai fazer o diabo com o Filipe Luis. O Gabigol tem que jogar para o time, ele fez uma partida ruim contra o Al Hilal porque queria por que queria fazer gol porque queria se mostrar para a Europa.

27min10 — Eduardo Tironi: Agora, uma comparação. O Gabigol fez os dois gols da final contra o River Plate. E até os dois gols ele não tinha feito nada. É muito parecido com o jogo do Al Hilal.

27min21 — Juca Kfouri: É verdade. Mas ele tem que jogar para o time. Ele tem que jogar pensando no Flamengo e não numa eventual proposta. E a terceira eu compreendo, eu se fosse o Jorge Jesus manteria o Gerson no começo e poria o Diego no meio, mas o Diego está jogando muito, o Diego está mudando o jogo.

27min59 — Arnaldo Ribeiro: Esse time do Flamengo é o melhor time brasileiro que vai disputar um título mundial desde o São Paulo do Telê. Não via nenhuma possibilidade de um time brasileiro ter uma equipe tão forte nos moldes atuais do futebol depois da Lei Pelé.

28min15s — Juca Kfouri: Tem toda a razão.

28min17 — Arnaldo Ribeiro: A gente ficava falando o Flamengo do Zico ninguém ia pra Europa, o São Paulo do Telê tinha um ou outro que jogava fora, mas a grande maioria dos jogadores brasileiros de primeiro nível jogavam no Brasil. Eu não tinha a menor perspectiva de ter um time tão bom no Brasil depois de tudo o que a gente viu. Então eu acho que esse time do Flamengo é o melhor time brasileiro a disputar um Mundial desde o São Paulo do Telê. Portanto, acho que tem totais condições pelos desfalques do Liverpool, pelo desgaste do Liverpool. Agora, não é uma tarefa simples. Vale lembrar o seguinte também, os últimos jogos desde a final da Libertadores, foi um jogo que o Flamengo não atuou bem e teve bravura no final do jogo para reagir, depois no Brasileirão teve um jogo contra o Palmeiras que foi importante até para a volta da confiança, mas que o Palmeiras também estava meio um castelo de cartas pra ser derrubado e tomou uma bordoada do Santos. Para que usou o time titular naquele jogo? Aí você fala qual vai ser a próxima partida do Flamengo depois da bordoada do Santos? Foi a semifinal, a semifinal que foi estranha, primeiro tempo ruim, meio travado, e depois o time deslanchou. O Flamengo também não está no auge desse time maravilhoso, nem poderia, não é assim, o Flamengo das melhores exibições com Jesus não está lá no momento. Filipe Luís era indiscutível até o jogo contra o Grêmio, o Gerson o melhor jogador, então o Flamengo também não está no ápice.

30min19s — Gian Oddi: É curioso que esse desgaste se dê com jogadores que estão no meio da temporada, porque eles não estão no final da temporada. O Filipe Luís e o Gerson são jogadores que começaram a temporada no meio do ano.

30min40s — Juca Kfouri: Arnaldo, eu queria fazer só uma correção no que você disse. Eu concordo plenamente com você, você até ampliou o meu conceito porque na minha cabeça eu pensava assim: 'não há time brasileiro tão bom como esse time do Flamengo no século 21, mas vem ainda do final do século 20. Estou de pleno acordo com você, mas não é por causa da Lei Pelé, é por causa da Lei Bosman.

31min08s — Eduardo Tironi: Muito bem, senhores, terminamos o primeiro bloco. Voltamos em 30 segundos para falar dos times que trouxeram novidades, o Palmeiras com o Luxemburgo, o Abel no Vasco.

31min23s — Juca Kfouri: Opa, Palmeiras com o Luxemburgo? Que novidade, rapaz! Onde eu estava que não soube disso?

31min34s — Eduardo Tironi: Calma, que você vai saber.

BLOCO 2

31min58s — Eduardo Tironi: Estamos de volta para o segundo bloco do Posse de Bola número 12, episódio 12, só lembrando de novo que teremos outro Posso de Bola segunda-feira, dia 23, às 9h da manhã e depois retomaremos no dia 6 de janeiro e aí religiosamente todas as segundas-feiras de 2020. Bom, Palmeiras vai lá e contrata o Luxemburgo, o Vasco contrata o Abel.

32min25s — Juca Kfouri: Que maravilha?

32min27s — Eduardo Tironi: A gente estava conversando aqui e falou várias vezes, o Jorge Jesus, o Sampaoli, esses caras mudaram, viraram tudo do avesso, agora esses caras vão ter muita dificuldade pra arranjar emprego. Não senhor, os caras estão aí. É o renascimento do Luxemburgo. Eu queria ouvir do Mauro, antes de tudo, o que ele tem a dizer sobre isso.

32min48s — Mauro Cezar Pereira: Vanderlei Luxemburgo no Palmeiras é uma demonstração de que dirigentes de futebol em muitos casos, e acho que no caso específico do Palmeiras, entendem muito pouco do assunto. O Luxemburgo ganhou até agora, desde que ele voltou, em 2005 ele dirigiu o Real Madrid, e desde que ele voltou do futebol espanhol, que foi na virada pra 2006, e estamos entrando em 2020, ele ganhou seis títulos estaduais e nada mais. Ele chegou a ficar 600 e tantos dias sem trabalhar depois que o Sport o demitiu, até ser recolocado no mercado pelo Vasco. Ninguém o queria.

33min30s — Mauro Cezar Pereira: No Vasco, fez uma campanha mediana, 47% de aproveitamento do time, 12 vitórias, 12 empates e 10 derrotas. Derrotas em casa, inclusive, para varias equipes, o próprio Palmeiras o derrotou, o Grêmio, o Bahia, o Santos, quase perdeu para o Athletico, o Goiás empatou com o Vasco em São Januário, então mesmo no Caldeirão, como a torcida vascaína chama o seu estádio, o Vasco não foi tão competitivo. O futebol do Vasco um futebol dito reativo, esperando o adversário, pouca posse de bola, velocidade, tentando chegar rapidamente ao ataque, definindo as jogadas e até finalizando bastante muitas vezes, mas não é o estilo de jogo que se aproxime minimamente daquele que o Sampaoli conseguiu colocar em prática no Santos.

34min10 — Mauro Cezar Pereira: Quem sai do Sampaoli para o Luxemburgo, está seguindo ali num território próximo dos antecessores: Mano, Felipão. O Luxemburgo já treinou times que jogam de outra maneira, mas o seu último trabalho no Vasco não tem nada a ver com isso, não tem nada a ver com o Sampaoli, nem tem a ver com o Luxemburgo do auge, dos anos 90, por exemplo. É um técnico hoje mais conservador na montagem da equipe e na sua proposta de jogo, então isso evidencia que os caras não entendem de futebol, eles procuram grifes, técnicos que têm um certo nome e o Luxemburgo tem porque fez coisas positivas no passado, mas no passado. Repito, de 2006 para cá, 2006, gente, ele vai treinar o Palmeiras em 2020, o Luxemburgo ganhou seis títulos estaduais e nada mais, nenhuma outra competição ele conseguiu conquistar. Não me parece um profissional que tenha se credenciado na atualidade e sim lá no passado, para dirigir um elenco tão valorizado como o do Palmeiras, num clube que tem condições de ir longe. Ele teve oportunidades de dirigir Palmeiras, Corinthians e outros clubes em outros momentos nos quais ele estava num outro patamar, como se diz por aí, inclusive dirigiu o Real Madrid. Hoje, evidentemente, nenhum clube europeu vai pensar em contratá-lo, muito menos o Real Madrid. Então é um outro momento na carreira dele, mas ele é contratado pelo que foi no passado e não pelo que ele é no presente. E a chance de isso dar errado, evidentemente, ela é grande, a não ser que o Luxemburgo se reinvente de uma hora pra outra e consiga apresentar um trabalho totalmente diferente do que ele vem fazendo, que foram trabalhos ruins ou comuns, como esse do Vasco da Gama, um trabalho mediano, comum, nada de especial.

35min47s — Eduardo Tironi: Eu queria perguntar para o Gian. Gian, qual que é a diferença entre o Luxemburgo chegar agora ao Palmeiras e o que fez o Felipão quando chegou ao Palmeiras e que também foi muito criticado, 'ah, não pode entregar mais nada', foi lá e foi campeão brasileiro.

36min06s — Gian Oddi: As críticas elas cabem agora como cabiam para a chegada do Felipão, sinceramente, porque é isso, é apostar na história, apostar no passado, apostar no nome, apostar no currículo e não no que os caras têm feito. Só que eu sempre achei e continuo achando que quando você aposta no Felipão, se você quer o melhor do Felipão, é mais plausível você ter o melhor do Felipão dos bons tempos, porque o Felipão dos bons tempos era um cara que montava defesas fortes, o tipo de jogo do Felipão não mudou de lá para cá. É aquilo, é o que ele sabe fazer e ele mostrou nessa passagem pelo Palmeiras que ele ainda sabia montar defesas muito fortes.

36min53 — Arnaldo Ribeiro: É mais simples ser replicado.

36min59 — Gian Oddi: É claro, você replica com mais facilidade.

37min01 — Juca Kfouri: E não tem confusão no vestiário.

37min03 — Gian Oddi: A questão do vestiário, não vou nem entrar na questão do vestiário, Juca, porque acho que tem, em relação ao Luxemburgo tem tantas coisas que vão além disso. Há até quem diga que acho que no Vasco, ele foi bem, em um contexto totalmente diferente evidentemente, mas que foi bem também por conta da capacidade de lidar com vestiário.

37min19 — Juca Kfouri: Mas qual foi a primeira coisa que fez, não foi confrontar com a grande estrela?

37min21 — Gian Oddi: Mas qual estrela? Maxi Lopez? Eu acho que talvez esse confronto valesse a pena, eu nem vou. Para mim, essa não é a questão. A questão para mim é que você imaginar o melhor Luxemburgo, aquele que fez o que fez com Palmeiras em 93, 94 e 96, por mais que você tenha um bom elenco, é muito difícil imaginar o Luxemburgo que era excepcional, para mim muito melhor do que o Felipão nos seus grandes momentos, replicar isso porque ele é um técnico hoje, de outras características. Você não olha para o Luxemburgo e chama 'o estrategista', como diria o Avallone, Acho que não é mais isso que ele tem de melhor, que ele tem a história, que ele tem é o currículo e tudo mais. E aí é um contrassenso para o presidente que falou.

38min47 — Juca Kfouri: Eu resumo a minha opinião ao Luxemburgo com um meme que correu na internet: O Palmeiras quer rivalizar com o Flamengo, foi buscar o diretor de futebol do Botafogo e o técnico do Vasco. Eu acho que é uma definição brilhante do que aconteceu.

39min01— Gian Oddi: Mas sabe qual é o problema, Juca? É que o presidente do Palmeiras falou o seguinte depois da demissão do Mano: o futebol está passando por mudanças, o Palmeiras vai acompanhar essas mudanças. É nesse sentido que vamos buscar os novos nomes, o novo técnico, e falava isso porque tinha, aparentemente, uma única ideia chamada Jorge Sampaoli, com quem o Palmeiras não deveria mesmo ter acertado. Eu sempre defendi que o Sampaoli fosse a primeira alternativa, mas a partir do momento que o cara age da maneira que agiu, manda um abraço, só que tenha a competência, a criatividade, ideias para buscar uma alternativa nesse caminho, nesse sentido de acompanhar as mudanças que o futebol está passando, o Luxemburgo não é isso. Pode ser campeão? Cara, pode ser campeão porque no Brasil é assim, o sucesso de técnico é absolutamente aleatório, ele tem um baita elenco, ele pode ser campeão.

39min59 — Juca Kfouri: Será campeão, até porque o papão de títulos estaduais dos últimos anos vai estar preocupado com a pré-Libertadores. O tetra do Corinthians parece uma coisa impossível. O Palmeiras vai ser o campeão paulista. Eu falei que devia um título, já entrego o título.

40min21 — Gian Oddi: É a primeira vez que eu vejo ambos depois das discussões no Linha de Passe em que ambos depois de oito, nove rodadas do Brasileiro afirmavam: 'o Palmeiras será o campeão brasileiro'.

40min33s — Arnaldo Ribeiro: Mas isso tem também um efeito místico.

40min40s — Eduardo Tironi: O Luxemburgo é o Jorge Jesus dos anos 90? O que o Jorge Jesus fez era o Luxemburgo?

40min42s — Juca Kfouri: Ele foi brilhante mesmo.

40min44s — Arnaldo Ribeiro: O Luxemburgo é o técnico da nossa geração, geração profissional, a geração de torcedor, moleque, era o Telê. Mas a gente começou a entrevistar, trabalhar cobrindo os times do Luxemburgo, e aprendemos a conviver com o Luxemburgo. Eu, de fato, me encantei pelos times do Luxemburgo, não só os times do Palmeiras, o Santos teve grandes times, o Cruzeiro teve grandes times, até o começo dos pontos corridos, 2003 e 2004, ele escreveu um livro sobre como conquistar os pontos corridos, ele pulou na frente dos caras assim que mudou o formato. Aliás, com coisas como levar os principais jogadores mesmo para os jogos mais hostis, e colocá-los para decidir um jogo quando precisassem, fez isso com o Alex em 2003, agora de lá para cá são poucos trabalhos que você consiga relevar, porém, de lá para cá também, pouquíssimos treinadores brasileiros se firmaram da nova geração, tem um vácuo gigantesco, o Mano teve alguns momentos, a volta dele é também por um espaço que não foi preenchido. Alguns técnicos que passaram da geração intermediária pelo Corinthians, o Mano, o Tite, mas pouquíssimos, você conta nos dedos.

42min42s — Eduardo Tironi: O grande técnico depois dessa era foi o Tite e o Muricy um período.

42min49s — Arnaldo Ribeiro: Mas o Muricy é contemporâneo ao Luxemburgo de idade e tudo, agora, eu entendo que a opção atual do Palmeiras por ele. Para qualquer time de futebol que quisesse, depois desse tapa na cara do Luxemburgo e do Sampaoli, replicar ou tentar chegar próximo, duas alternativas apenas, ou um técnico estrangeiro com alguma criatividade e não pode ser só o Sampaoli, as pessoas tinham que olhar o mercado, ou um de dois técnicos brasileiros, ou o Tiago Nunes, que está no Corinthians, ou o Rogério Ceni, que ficou no Fortaleza. Rogério Ceni no Palmeiras, quem sabe um dia? Não tinha nome brasileiro para o Palmeiras, nenhum, zero. Então se o Palmeiras falasse, eu vou contratar um técnico estrangeiro, o Sampaoli é a opção 1, o cara do Independiente Del Valle é a opção 2, o Gallardo é a opção 3, o outro cara é a opção 4?

44mins15 — Eduardo Tironi: Mas os caras foram se arrumando no meio do caminho. Ele nem teve a opção do Gallardo porque o Galalrdo renovou.

44min13s — Gian Oddi: Essas opções não foram de fato consideradas, os caras tinham uma ideia que era o Sampaoli pelo que ele fez no Brasileiro e depois, aí tem a ver com o retrocesso pelo qual o Palmeiras passa geral, é o retrocesso do velho Palmeiras, daquele lá que a gente se acostumou há muito tempo de ouvir figuras absolutamente ultrapassadas, de ouvir figuras despreparadas, hoje é assim que as coisas funcionam no Palmeiras. É incrível, o Arnaldo até falava quando se discutia a supremacia que o Palmeiras poderia ter, o Arnaldo falava: é tão rápido pra desmontar uma coisa bem feita.

45min07s — Juca Kfouri: Gian, você tem alguma dúvida de que quando o Vanderlei saiu do Vasco ele já sabia que era uma opção forte no Palmeiras?

45min12s — Gian Oddi: Poucas dúvidas. Eu não posso afirmar, mas acho muito provável. Sampaoli não fechou, Sampaoli não vai fechar e aí?

45min17s — Eduardo Tironi: O Luxemburgo é aquele cara que no fim termina o ano maior do que entrou, o que eu tenho sempre repetido isso, não porque ele tenha feito alguma coisa fora do comum, mas se comparar com o Mano.

45min28s — Gian Oddi: Agora, é um contexto completamente para quem acha que o trabalho dele no Vasco foi muito bom, eu acho que foi ok, acho até que foi bom, mas é um contexto completamente diferente.

45min47s — Juca Kfouri: Terminou atrás do Goiás, terminou atrás do Fortaleza, terminou atrás? pera aí, pera aí.

45min53s — Gian Oddi: E agora não vai bastar o papo de sair da zona da confusão.

45min59 — Juca Kfouri: Pelo menos isso, ele falou que o Palmeiras vem para disputar todos os títulos, pelo menos isso.

46min03 — Eduardo Tironi: Outro que terminou o ano mal mais renasce das cinzas, foi o Abelão.

46min05s — Juca Kfouri: Eu te confesso. Eu tenho uma dificuldade brutal de falar de Abelão, então me abstenho.

46min10 — Eduardo Tironi: O Mauro não tem, ele vai falar. Mauro, e o Abel hein? Conta aí!

46min15s — Mauro Cezar Pereira: A contratação de Abel pelo Vasco da Gama, acho que deixa clara a falta de opção no mercado e a falta de criatividade dos dirigentes continuam apostando em nomes mais pesados e conhecidos, mesmo que façam trabalhos ruins. Muito curiosa a entrevista do Abel na coletiva de apresentação, quando ele disse que ele começou o trabalho no Flamengo como trabalho, como se o trabalho dele tivesse tido uma continuidade com o Jorge Jesus. Na verdade, uma ruptura. Quando ele sai, já com o interino Marcelo Sales, o Fera, naqueles três jogos o time já se comportou de outra maneira, foi escalado e armado de uma outra forma e com Jorge Jesus é algo totalmente diferente. O exemplo mais escancarado é o fato de Arrascaeta e Bruno Henrique não podemos jogar juntos na visão do Abel Braga e formam com o Gabigol um trio de espetacular desempenho sob o comando do português. Outra questão Arão e Cuellar, sempre dois volantes, não posso jogar com um só? Foi embora para o Al Hilal da Arábia Saudita o colombiano e o Arão virou o titular da posição, é o único volante do meio-campo do Flamengo, o Gerson não é exatamente um volante, é um meia que joga voltando mais para buscar o jogo. Então, mas é outra proposta de jogo totalmente diferente. Não tem nada a ver. Ele fala que ele começou. Isso é muito preocupante para o torcedor do Vasco, porque se ele realmente acredita nisso, acho que é muita desconexão com relação à realidade, ele está desconectado da realidade. E aí preocupa saber que o técnico que vai assumir o Vasco da Gama com todos os problemas que o Vasco tem, embora tenha um elenco até razoável para uma crise financeira tão grande, pensa dessa maneira. Será que ele acredita mesmo que tem participação aquilo? E no Cruzeiro que foi rebaixado, ele só empatou, empatou, poucas vezes venceu e não conseguiu ajudar o Cruzeiro a sair do rebaixamento? Foi com o Mano e com Abel que o Cruzeiro foi rebaixado, acho até que mais com o Mano do que com o Abel. Teve o Adilson Batista, coitado, pegou os três últimos jogos e não tinha como resolver daquela maneira. Tentou, mas aí já era tarde demais. O Abel teve tempo para melhorar o desempenho da equipe, para desenvolver um trabalho e não conseguiu.

48min20s — Mauro Cezar Pereira: Então, é um técnico contratado em baixa, como há muito tempo não ficava. Isso é fruto de trabalhos fracos que ele realizou e com um discurso que evidencia propostas de jogo muito antiquadas, como vimos no Flamengo e no próprio Cruzeiro. Então, o Vasco vai continuar mais do mesmo, porque o estilo do Luxemburgo tem muito a ver com o que o Abel pensa de futebol. Vai seguir mais ou menos naquela toada: mediano. É muito pouco, o Vasco precisava de uma chacoalhada, alguém com outra visão de futebol, mas o Vasco também não tem dinheiro. E parece que o próprio Abel sabe disso e não está incomodado com essa questão, até acha positivo o fato de, de cara, o presidente Alexandre Campello dizer que não vai conseguir parar em dia, que vai ser muito difícil e tudo mais. Diante disso, a diretoria do Vasco procura e acha aquilo que desejava o Abel Braga. É realmente um momento delicado para o Vasco da Gama, porque você vê um time que no Brasileiro fez uma campanha mediana e foi estabelecida pela própria comissão técnica uma meta muito baixa, que era escapar do rebaixamento, quando poderia pensar em alguém algo mais. E o resultado disso é um Vasco, que se satisfaz, grande parte de sua torcida se satisfez com essa campanha mediana. Isso é muito ruim, o Vasco tem que pensar em mais e se você não tem dinheiro para fazer grandes contratações, então, que busque pelo menos saídas criativas, com técnicos que tirem mais das suas equipes. O Sampaoli fez isso no Santos em 2019, outros profissionais que estão por aí, se forem identificados e contratados, talvez pudessem fazer algo parecido. Não acredito que Abel Braga seja capaz de fazer algo tão marcante.

49min55s — Eduardo Tironi: Bom, esta aí o Mauro. Eu queria saber, Arnaldo, eu sempre fico pensando: O que será que passou pela cabeça do dirigente quando fez o que fez, quando contratou, por exemplo, o Luxemburgo no Palmeiras, e aí o Gian falou bem sobre isso no Palmeiras. No caso do Vasco, a única coisa que me vem à cabeça é: são duas entidades que precisam um do outro neste momento, e aí vamos juntar, para ver se a gente consegue dar a volta por cima. É a única coisa que me vem à cabeça, o que você acha?

50min28s — Eduardo Tironi: Eu concordo você e acho que assim, dentro dessa, nesse deserto, de ideias e da característica específica de cada clube, o Vasco foi coerente. O Vasco não tinha um discurso 'vou mudar a minha linha'. O Vasco atual precisa, entre aspas, de uma grande figura no banco de reservas. Ele não tem elenco, não tem alguém que? agora, pegando um pouco que o Juca falou, eu também tenho uma dificuldade imensa de analisar o trabalho ou Abel Braga com neutralidade. Primeiro, porque assim, antes ele ter aquele problema pessoal terrível, eu nunca fui fã do Abel. Eu nunca teria contratado Abel Braga no meu time, nunca, nem no auge, nem na época em que ele ganhou o Mundial pelo Inter. E olha que eu acho que ele foi o responsável pela maior façanha de um clube brasileiro, mais do que a do Corinthians contra Chelsea e mais do que a do São Paulo contra o Liverpool. Ganhar do Barcelona, mesmo que o Barcelona estivesse lá, o Ronaldinho tac-tac, aquilo era uma façanha absurda. Mesmo depois de 2006, eu não contrataria, nunca achei um treinador que me cativasse pela ideia, pela proposta, acho assim que ele conseguia motivar muito bem os seus jogadores e tudo mais.

51min56s — Juca Kfouri: Ele é um cara de um caráter irretocável e o que ele fez na Ponte Preta não tem nome, gente.

52min04s — Arnaldo Ribeiro: Em compensação, isso é o treinador Abel. Em compensação, o ser humano Abel, toda vez que ela dava entrevista, a gente conversava. Eu troquei o celular quando estava na ESPN, me deram o celular e o primeiro nome era do Abel Braga. Às vezes ligava para ele sem querer, 3h da manhã, ele 'Arnaldo, você está me ligando e são 3h da manhã'. O cara é de uma, é um gentleman. Depois daquilo que aconteceu, dá para perceber, e assim, o que buscavam no Abel os times? Ele tinha uma luz, uma energia que obviamente apagou-se depois de tudo que aconteceu. Então, assim quando o Cruzeiro buscou Abel para um chacoalhão emocional, não vai ter. Porque não tem forças para total.

53min10 — Gian Oddi: Então, mas acho que isso tudo, e eu concordo plenamente com tudo em relação ao aspecto técnico, como treinador, a questão pessoal e as perdas que você tem, evidentemente, depois de passar pelo que ele passou. Mas tem algumas coisas que nem dependem disso e que poderiam ser evitadas. Essa entrevista de apresentação, ela é inadmissível. E eu não estou nem falando do Flamengo, se ele quer atribuir a si o mérito do Flamengo, quem quiser acreditar, quem acha que ele possa ter algum um pouco de razão, em relação a isso, que ache, eu realmente não consigo ver por por tudo o que foi o trabalho dele, por como foi o começo do trabalho dele e por como foi o trabalho do Jorge Jesus. Mas o que é inadmissível, é o cara que de alguma maneira para se exaltar, porque no fim é isso. Por melhor que ele seja de caráter, ele é mesmo. Todos os relatos dão conta disso. A hora que o cara fala 'eu estou aqui mesmo sabendo que o clube não vai me pagar, o clube já me disse que não vai pagar em dia. Isso é de um prejuízo tão grande para o clube, para a imagem do clube. Você está na apresentação do técnico, detonando a imagem do clube. Um clube que acabou de fazer um baita esforço com o negócio do plano de sócio-torcedor na aquisição de tantos torcedores mostrando, mostrando o poder que o Vasco tem, a quantidade de torcedores quanta gente ele mobiliza. Você faz um baita trabalho nesse sentido para chegar um treinador e na sua primeira entrevista coletiva, o comandante para a próxima temporada escancarar que o clube não vai pagar, 'mas tudo bem, eu estou aqui porque eu gosto do Vasco, porque eu comecei aqui', eu acho muito feio. E claro que isso é muito feio também porque existe a conivência do clube que permite que seja dito um negócio como esse.

55min00s — Eduardo Tironi: O clube, no caso, quase não pode fazer nada contra isso.

55min03s — Gian Oddi: Porque ele sabe que não vai pagar mesmo.

55min15s — Eduardo Tironi: E também ele falou um pouco sobre estrangeiros, teve uma coisa meio Levir Culpi ali do Abel na sua coletiva. Bom, fechamos o segundo bloco, vamos para o terceiro e vamos falar dos grupos da Libertadores. O Juca, aqui do meu lado, sorriu quando viu o grupo D. Mas vai falar sobre isso certo, Juca?

55min22 — Juca Kfouri: Eu sorri? Não, foi o Andrés Sanches, eu nem vi o sorteio, eu estava vendo NBA. A NBA está fantástica, aliás, hoje, não pode falar hoje, mas é hoje, que dia é hoje? Quinta-feira. Hoje, quinta-feira tem um jogaço da NBA entre os dois líderes de conferência. Não percam. O Arnaldo é que me contou que o Andrés Sanchez riu, a câmera pegou o Andrés Sanchez sorrindo quando apareceu a bolinha do River Plate no grupo do São Paulo, foi isso?

56min03s — Arnaldo Ribeiro: Foi, ele nem esperou sair a LDU e o time que joga lá nas alturas.

56min04 — Juca Kfouri: O Corinthians não sabe nem contra quem vai jogar, pode ser o Guarani!

56min10s — Eduardo Tironi: Fechamos, vamos falar sobre no terceiro bloco.

BLOCO 3

56min37s — Eduardo Tironi: Estamos de volta para o terceiro e último bloco do podcast, episódio 12 do podcast Posse de Bola para falar agora do sorteio da Libertadores. Gian, quem se deu bem e quem se deu mal?

56min51s — Gian Oddi: Eu acho que, assim, o destaque foi tão grande para os confrontos que a gente pode ter já nessa fase de grupos, ter um Grenal, para mim a dupla Grenal é a que se deu mal no sentido dos confrontos da primeira fase, até da possibilidade de não avançar se a gente olhar para quem são os outros dois times da chave. É claro que esse Palmeiras e Corinthians também chama muito a atenção, se o Corinthians chegar na fase de grupos a gente ter de novo Palmeiras e Corinthians, com Luxemburgo no banco inclusive, numa fase de grupos de Libertadores, vai ser curioso, vai certamente mobilizar a cidade de São Paulo. Acho que o grupo do Flamengo não é um grupo tranquilo.

57min37s — Eduardo Tironi: Como disse o Arnaldo, não tem a segunda força.

57min38s — Arnaldo Ribeiro: Não tem a segunda força, fica misturado ali. Não tem três pontos garantidos, ou seis pontos.

57min50s — Gian Oddi: Acho que esses grupos em geral na Libertadores são mais complicados porque o jogo pode te oferecer alguma dificuldade do que quando você tem dois times que são duas equipes absolutamente descartadas. Mesmo quando você tem, sei lá, um River Plate no grupo, você sabe que você vai passar. Não é o caso de quem tem o River Plate no grupo, que é o São Paulo que tem acho que a parada talvez mais dura entre todos, e o Santos talvez seja aquele entre os brasileiros que possa se vangloriar e comemorar o sorteio.

58min22s — Eduardo Tironi: Agora, no grupo do São Paulo, Arnaldo, tem segunda força?

58min33s — Arnaldo Ribeiro: Tem, o São Paulo. O São Paulo na Libertadores é muito forte, sempre é uma conexão com o torcedor muito grande. Mesmo quando tem times piores do que esse que vai ter em 2020, se é que as notícias não vão? se é que vão ser mantidos os jogadores do time, acho que o São Paulo quando joga a Libertadores, eu acho que o último exemplo foi quando tava na chave do River, com o Paton Bauza, o São Paulo chegou até a semifinal, quase chegou à decisão e tudo mais.

59min08s — Arnaldo Ribeiro: Time fraco, várias limitações e tudo mais, então mais alto. Só que assim, pior do que jogar com o River em duas partidas é jogar as outras duas fora na altitude. É muito difícil. Mas uma coisa interessante, pensando aqui, a gente falou menos do Corinthians e do São Paulo, agora eu acho que tanto para o Tiago Nunes, num aspecto, quanto para o Fernando Diniz, em outro aspecto, essa fase de grupos da Libertadores, o Tiago Nunes tem que, obviamente, classificar o Corinthians e jogar a chave de grupos com Palmeiras e fazer duelos com o Palmeiras. Vai servir para a formação. Sabe quando o cara passado vestibular? O Tiago Nunes vai perceber o que é São Paulo, a rivalidade paulista e tal. E para o Fernando Diniz é para ele virar técnico. Se ele classifica o São Paulo nesse grupo, ele tira o diploma de técnico. Ele tem o diploma de psicólogo e tal, se ele classifica o São Paulo nessa fase de grupos, ele passa no teste, é uma grande oportunidade para ele. É muito difícil, mas é uma grande oportunidade.

1h00min — Arnaldo Ribeiro: Agora, o torcedor são-paulino não tem paz. Ele viu um doping naquele domingo das legendas, os caras jogando à vera, o Muricy no banco xingando, parecia aquela coisa: 'pô, aqueles caras me representam'. Dois dias depois, começam a vir as notícias: três convocados no sub-20 e dois titulares que não vão começar a temporada e o São Paulo não faz nada. O goleiro espanca a mulher, está preso. O zagueiro, um dos principais jogadores aparece com a camisa do Palmeiras. O torcedor do São Paulo não tem paz, não tem paz. Mas o Gian achou uma boa a foto do Arboleda.

1h01min — Juca Kfouri: O que deu no Arboleda?

1h01min12s — Arnaldo Ribeiro: São casos completamente diferentes.

1h01min24 — Juca Kfouri: O Jean já está preso e ainda bem que está preso. E o São Paulo fez muito bem no que fez.

1h01min43s — Arnaldo Ribeiro: Distinguiu bem as duas situações. Porém, não é possível que tanta coincidência em casos extracampo esteja acontecendo no mesmo clube, pelo descuido com os atletas. Então, o São Paulo teve dois casos recentes de atletas envolvidos com drogas, o São Paulo teve recentemente o negócio do Cueva com cerveja não sei aonde e não volta para treinar. O São Paulo tem muita coisa. Tem muita coisa sabe nessa gestão envolvendo o jogador. Jogador de futebol não é você contratar e soltar. São Paulo teve o Centurión que veio de lá e quase botou fogo no prédio.

1h02min13s — Gian Oddi: O São Paulo escolhe a dedo também. Cueva, Centurión?

1h02min24s — Eduardo Tironi: Vou dar um exemplo de como isso no São Paulo, em algum tempo funcionou esse jeito de cuidar de jogadores. O Adriano ficou quatro meses no São Paulo e os caras ficavam na porta da casa dele para ele ir treinar todo dia. Era assim que funcionava e ele jogou quatro meses bem no São Paulo.

1h02min53s — Gian Oddi: É, quatro meses! Convenhamos que também não é?

1h02min59s — Arnaldo Ribeiro: Tudo bem, jogou uma Libertadores, classificou o time. Não dá para contratar jogador e achar que beleza.

1h03min04s — Gian Oddi: Tudo bem, alguns valem o pacote e alguns não valem. O Cueva, inclusive, não vale. O Cueva jamais valerá, o Centurión é outro que jamais valerá. Criam mais problemas do que solução.

1h03min20s — Arnaldo Ribeiro: Mas na hora de contratar você pensa e os caras não pensam. Os caras contrataram esse goleiro por R$ 10 milhões.

1h03min24s — Gian Oddi: É nesse ponto que eu quero chegar, é a maneira como você contrata sem saber o perfil. Porque o Centurión é um exemplo muito claro, hoje mais claro ainda porque você pega todo o histórico do cara. Mas na ocasião?

1h03min28s — Eduardo Tironi: O São Paulo não sabia nem a posição que ele jogava.

1h03min30s — Gian Oddi: E ainda ofereceu um cargo para uma pessoa, porque essa pessoa trouxe o Centurión, é uma loucura como as coisas acontecem, de fato, no São Paulo.

1h03min42s — Eduardo Tironi: Queria passar a bola por Juca, mas só fala uma coisa com relação ao Arboleda, a torcida está enlouquecida, acha que tem que embora do São Paulo, pé na bunda do Arboleda e tudo mais. Eu acho curioso isso, falei ontem e repito: então o cara usou a camisa do Palmeiras, é claro que é uma coisa completamente sem noção e ele precisa tomar uma prensa por causa disso, ser multado e sei lá o quê. Mas aí, a torcia do São Paulo tem paciência com caras que nunca entregaram e nunca vão entregar nada para o São Paulo. E para esses caras, tudo bem. O Arboleda vestir a camisa do Palmeiras é um crime inafiançável, o Pato ser o que é, tudo bem. A torcida do São Paulo acha que está legal.

1h04min22 — Juca Kfouri: O torcedor do São Paulo é um torcedor hoje em dia muito atípico, eu acho muito atípico. É só você olhar o número de jogadores que saiu do São Paulo vaiado e o mais recente é o caso do Rodrigo Caio. Eu acho que você perder o Arboleda é uma estupidez do tamanho de um bonde e acho que deve ter mil explicações. 'Olha, fui jogar uma pelada e um time era o Palmeiras e o outro era o Nacional de Bogotá e joguei com essa camisa'.

1h05min05s — Arnaldo Ribeiro: Os caras poderiam ter feito isso, né?

1h05min23s — Juca Kfouri: Mas não aparecer agora gravações da perseguição aos bandidos de Paraisópolis? Dez dias, 15 dias e por quê não apareceu na época? Olha aqui a prova de que estavam perseguindo os bandidos. Vivemos assim. Mas eu acho que o avaliação que o Arnaldo faz é perfeita nesse aspecto. Quando as coisas estão mal paradas no comando, isso desce para a base da pirâmide e vira a casa da mãe Joana, cada um faz o que bem entende.

1h05min55s — Gian Oddi: Esse tipo de problema eu acho que ele é facilmente ou rapidamente superado para qualquer torcedor, de qualquer time, com boas atuações. Então, assim, são dez jogos do Arboleda em alto nível. Claro que ele sabe que agora ele vai ter que vai ser cobrado por isso. É compreensível que a torcida fique irritada, mas o cara faz dois, três jogos na sequência. Agora, querer negociar o jogador ou cogitar uma negociação do jogador por conta desse ato é um exagero. Agora, pode ser que esse ato acabe criando um clima tão hostil para ele, que prejudique as suas atuações e tudo mais.

1h06min48s — Eduardo Tironi: Precisamos terminar, com o Gian aqui foi rápido, o papo foi bom.

1h06min52s — Gian Oddi: Olha, eu me senti em casa, não sei exatamente o porquê e fiquei impressionado com o âncora, não gosto de usar o âncora porque pode ter um sentido duplo, mas com o apresentador do programa.

1h07min05s — Juca Kfouri: É um âncora porque revelou-se um âncora.

1h07min07s — Eduardo Tironi: Agora, para fechar. Juca, o Corinthians chega na fase de grupos da Libertadores?

1h07min10s — Juca Kfouri: Como? São quatro jogos, muito difícil. Logo em fevereiro, primeira semana de fevereiro, o Corinthians estará voltando de férias no meio de janeiro.

1h07min21s — Eduardo Tironi: Você acha que não vai chegar? Palmeiras e Corinthians na fase de grupos não vai ter?

1h07min31s — Juca Kfouri: Eu acho pouco provável, ainda mais se cair o Guarani paraguaio na frente do Corinthians, que é um trauma corintiano. Acho que o Corinthians vai ter uma temporada muito complicada, com isso vai sacrificar o tetra do Paulistinha e eu não estou com grandes expectativas em relação ao Corinthians.

1h07min48s — Arnaldo Ribeiro: Se não tivesse o Palmeiras no grupo, se fosse um grupo só com times estrangeiros, o que poderia acontecer e tivesse a pré-Libertadores, agora a pressão em cima do Tiago Nunes aumenta, a fase de grupos contra o Palmeiras aumenta bem agora.

1h08min00s — Juca Kfouri: Agora, se chegar na fase de grupos com o Palmeiras, pobre Palmeiras! Aí passa por cima, atropela!

1h08min11s — Arnaldo Ribeiro: Palmeiras vai jogar com grama sintética, hein!

1h08min13s — Juca Kfouri: Pode vir com grama sintética, o Tiago Nunes é craque em grama sintética. Não perdemos, não há hipótese.

1h08min20s — Eduardo Tironi: Senhores, fechamos o episódio número 12 do Posse de Bola. Hoje com o Gian Oddi, foi muito legal, gostamos. Vamos contratar o Gian, fazer uma proposta ao Gian.

1h08min30s — Juca Kfouri: Vamos deixar o Mauro lá no Qatar, ele que vá se catar? Não? Todo mundo junto? Está bom

1h08min40s — Arnaldo Ribeiro: Fechamos então, só para avisar vocês que voltaremos no dia 23, segunda-feira, às 9h da manhã, Juca estará na porta da casa dele esperando o Arnaldo passar lá. E depois, voltamos no dia 6 toda segunda-feira às 9h da manhã, religiosamente.

1h09min00s — Juca Kfouri: Aliás, por falar em religiosamente, parabéns Papa Francisco, que pede pão aos que não têm pão e pede justiça a aqueles que têm pão em relação a aqueles que não têm.