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E agora? Um flamenguista organizou a "Liverpool RJ" sem imaginar esse dia

Torcedores cariocas do Liverpool reunidos em um pub na Zona Sul do Rio - Arquivo Pessoal
Torcedores cariocas do Liverpool reunidos em um pub na Zona Sul do Rio Imagem: Arquivo Pessoal

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

21/12/2019 04h01

No fim da década de 90, uma música do grupo de pagode 'Boka Loka' estourava com o seguinte dizer: "pra ter as duas paixões não tem jeito". Em 2019, quis o destino que Hendryl Freitas colocasse à prova a máxima da canção popular. Rubro-negro desde o nascimento, ele, no começo da adolescência, se apaixonou pelo Liverpool, da Inglaterra, a ponto de, atualmente, ser o organizador da torcida dos Reds no Rio de Janeiro. Porém, com o confronto entre os times valendo a taça de melhor time do mundo, admite: o coração vai bater mais forte é pelo Flamengo. A decisão do Mundial de Clubes será neste sábado (21), às 14h30 (horário de Brasília).

De família rubro-negra, Hendryl sempre foi fã de futebol e também acompanhava os times de fora do país. Foi assim que, com cerca de 12 anos, se encantou pelo Liverpool e passou a ser mais um dos que fazem a equipe inglesa "nunca andar sozinha".

"Comecei a torcer pelo Liverpool quando eu tinha uns, 11, 12 anos. Era uma época que tinha o Gerrard, Torres, Mascherano, Xabi Alonso... Foi tipo um amor à primeira vista por aquele time. E teve a questão do "You'll Never Walk Alone" [você nunca andará sozinho, em tradução, famoso canto da torcida] também. Parecia que eu sempre fui Liverpool e tinha descoberto ali. Eu nasci rubro-negro e, hoje, torço para os dois", disse.

Hendryl, então, entrou para a torcida dos Reds no Rio de Janeiro e, em pouco tempo e meio que por acaso, passou a ser o organizador dos encontros para assistir aos jogos.

Hendryl Freitas é rubro-negro é organizador da Liverpool RJ, torcida do Liverpool no Rio - Colagem de fotos de arquivo pessoal - Colagem de fotos de arquivo pessoal
Imagem: Colagem de fotos de arquivo pessoal

"Eu fui a um desses encontros da torcida e passei a frequentar de maneira constante. Um tempo depois, um pessoal queria trocar o local e aconteceram algumas coisas. Acabou que eu comecei a organizar por conta própria, através das redes sociais. Eu, com a ajuda de uma amiga, sempre faço a agenda e publico, vou marcando com o pessoal", afirma ele, que completa:

"A presença depende muito do jogo. Em jogos da Champions League [Liga dos Campeões da Europa] é um pouco mais difícil por conta do dia e hora, geralmente no meio da semana. Mas na final, por exemplo, deu cerca de 400 pessoas. Pela Premier League [Campeonato Inglês], no Liverpool x Arsenal deu cerca de 40. Mas varia bastante".

Atualmente, a página do Twitter tem 734 seguidores e a do Facebook tem 570.

Apesar de o Liverpool estar classificado para a final, Hendryl afirma que, desta vez, não fará parte do encontro e vai apenas ajudar aos que se interessarem em ir.

"Eu, particularmente, pretendo ver esse jogo em casa. Devo assistir com a minha família, que é toda rubro-negra. Mas se o pessoal quiser... Até porque a nossa torcida tem pessoas de vários times, a gente organiza e divulga, mas eu não devo ir (risos)."

O jovem confessa que, desde quando divide o coração entre Flamengo e os Reds, nunca passou pela cabeça um encontro em uma partida de tamanha importância.

"Sempre que eu digo que torço para Flamengo e Liverpool me perguntam de 81 e para quem torceria se jogassem um contra o outro. Eu sempre imaginei um amistoso, ou um jogo em um torneio internacional de pré-temporada, algo assim. Nunca que eles fossem disputar um Mundial. Aí, é muito diferente", afirma.

Torcedores cariocas do Liverpool reunidos em pub na Zona Sul do Rio de Janeiro  - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Para ele, chegar ao topo do mundo seria o encerramento perfeito para um ano em que o clube da Gávea conquistou o Rio, o Brasil e a América.

"Nasci rubro-negro. Sou rubro-negro de berço, desde o primeiro dia de vida. Vou torcer para o Flamengo. Até porque, para nós, brasileiros, o Mundial tem uma importância absurda. Sei da importância que esse título vai ter para o Flamengo. Ganhar o Mundial seria o ápice de um ano maravilhoso, em que ganhamos o Carioca, o Brasileiro e a Libertadores", assegurou.

Hendryl, por outro lado, espera que a disputa do Mundial não atrapalhe o desempenho do Liverpool no Campeonato Inglês.

"Vai ser estranho torcer contra o Liverpool. Eu espero, na verdade, que, com uma competição no meio de dezembro, nossa campanha magnifica na Premier League não seja afetada. O título do Inglês seria muito importante conquistar, ainda mais que nunca conquistamos a Premier League [último título foi na temporada 1989/90, ainda Football League First Division]", salienta.

Ele pôde visitar o outro clube de coração em 2017 e ainda teve a oportunidade de ver um gol que valeu um Puskas, prêmio dado pela Fifa ao gol mais bonito da temporada.

"Eu tenho uma irmã que mora na Suíça e fui visitá-la em 2017. Antes de voltar, fiquei uns dias em Liverpool. Fui ao clube, fiz o tour e ainda pude ver dois jogos. Um deles foi contra o Everton, em que o Salah fez aquele golaço que valeu o Puskas depois. Vi aquele gol ao vivo."

Flamengo de um lado, Liverpool do outro, qual camisa vestir?

"Acho que vou assistir de branco", brincou.