Com dinheiro curto e Série B: Cruzeiro vive nova realidade aos 99 anos
Ao contrário das celebrações de anos anteriores, o Cruzeiro completa 99 anos nesta quinta-feira (2) vivendo uma realidade bem diferente e nunca vista na história do clube. Ainda sofrendo com os reflexos de uma crise financeira e administrativa que deixou múltiplos estragos, diretoria e torcedores comemoram o aniversário da agremiação mineira com esperança de dias melhores e ao mesmo tempo já se preparando para as dificuldades de jogar uma Série B que pode ser decisiva na história celeste, para o bem ou para o mal.
O impacto mais drástico que o Cruzeiro sofreu e já começou a sentir na pele é em relação às finanças. Com dívidas que ultrapassam os R$ 700 milhões, o comitê transitório gestor que administra o clube está sendo obrigado a cortar muitos gastos. Um deles é na folha salarial, que precisará cair para cerca de R$ 5 milhões, com jogadores recebendo no máximo R$ 150 mil.
O clube também nunca viveu uma escassez tão grande de receitas. Enquanto o orçamento de 2018 foi de R$ 380 milhões, a previsão para 2020 é de receber apenas R$ 80 milhões (válido para todo o clube, não só para o departamento de futebol). Para se ter uma ideia, o valor é inferior aos R$ 95 milhões que a diretoria deve aos atletas por causa dos três meses de salários atrasados e outros vários direitos de imagem e FGTS não depositados. Na semana que vem, esse débito aumentará para quatro meses caso a diretoria não consiga levantar verba para pagar os atletas.
Outra experiência amarga que o Cruzeiro terá que se acostumar em 2020 é com a logística da Série B. Ao contrário de 2019, o clube mineiro terá poucos jogos na região sudeste, precisando sair de Belo Horizonte para fazer longas viagens rumo ao sul e nordeste do país. Nas partidas fora de casa, serão cinco jogos nas regiões de Minas Gerais e São Paulo.
Por outro lado, a Raposa terá sete viagens para o sul do país —Caxias do Sul (Juventude), Chapecó (Chapecoense), Curitiba (Paraná), Florianópolis (Avaí e Figueirense), Pelotas (Brasil-RS) e Ponta Grossa (Operário-PR)—, além de seis compromissos no nordeste —Aracaju (Confiança-SE), Maceió (CRB e CSA), Recife (Náutico), Salvador (Vitória) e São Luís (Sampaio Corrêa)— e um na região centro-oeste, contra o Cuiabá.
Prevista para começar no mês de maio, a Série B também levará outra mudança ao Cruzeiro. Somente com o Mineiro, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro para disputar, o time deixará de jogar aos domingos e quartas-feiras para começar a entrar em campo nas terças, sextas e sábado, como costuma acontecer na Segunda Divisão nacional.
Agora, o clube mineiro precisa colocar em prática todo o seu plano para se reestruturar. Mais importante que ser campeão da Série B é estar entre os quatro promovidos à elite. Fora do campos controlar as finanças cortando excessivos gastos é o mínimo que o clube precisa fazer. Do contrário, os reflexos de um rebaixamento podem ir muito além de um ano sem figurar entre os melhores do país, correndo o risco de permanecer na prateleira de baixo e se afundar ainda mais no caos que se encontra.
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