O episódio #14 do podcast Posse de Bola abriu a segunda temporada com os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi e Juca Kfouri contando com a participação de Leonardo Bertozzi e Paulo Vinícius Coelho, o PVC, para projetar o início da temporada 2020 no futebol brasileiro, com as contratações de novos treinadores e reforços visando já o início dos estaduais.
O início do trabalho de Tiago Nunes no Corinthians com a chegada dos reforços Luan e Cantillo foi um dos temas abordados, assim como o que se pode esperar da volta de Vanderlei Luxemburgo ao Palmeiras sem o anúncio de contratações antes da reapresentação, enquanto o São Paulo mantém Fernando Diniz e a base montada para o time no ano passado.
"Eu gosto muito do trabalho do Tiago Nunes, eu estou muito curioso para ver esse Corinthians de Luan, de Cantillo, embora o Cantillo eu acho um pouco lento, mas eu quero ver o Tiago Nunes que deve ser apresentado, que vai fazer a primazia de o Corinthians ser o time que menos troca técnico na década, porque vai ser a 12ª passagem de técnico pelo Corinthians desde 2010, mas eu quero muito ver esse time do Corinthians jogar a partir do começo do Campeonato Estadual", disse PVC.
O jornalista acredita que mesmo com os confrontos na fase prévia da Libertadores, contra o vencedor entre o San José-BOL e o Guarani-PAR, o time comandado por Nunes pode entrar para brigar pelo título também no Campeonato Paulista.
"O Corinthians vai tentar ser campeão, vai tentar ser campeão. O problema não é ganhar campeonato estadual, o problema é o que o estadual representa no calendário, porque se você está na disputa, você vai tentar vencer, desde que não atrapalhe outras questões. Enquanto está na disputa, o Corinthians vai tentar vencer e acho que para evitar desgaste do Tiago Nunes, assim como ele evitou desgaste por não assumir na reta de chegada da temporada passada, para evitar desgaste ele tem que tentar vencer o maior número de partidas", completa PVC.
Assim como PVC, Arnaldo Ribeiro também tem maior curiosidade por ver como o Corinthians vai se comportar sob o comando do técnico Tiago Nunes e com a chegada de reforços que devem mudar a forma como o time se acostumou a jogar nos últimos anos com Mano Menezes, Tite e Fábio Carille.
"Eu já entendia no final do ano passado que o Corinthians tinha contratado o melhor técnico no mercado brasileiro. Então já dava alguma esperança, uma curiosidade de ver jogar. Algumas contratações boas, acho que vem mais gente por aí, o time vai mudar totalmente o estilo, a forma de jogar. É a maior curiosidade do ano entre os três", disse Arnaldo.
Se as perspectivas para o Corinthians são boas, Leonardo Bertozzi não vê a mesma confiança nos torcedores de Palmeiras e São Paulo, com Vanderlei Luxemburgo e Fernando Diniz, respectivamente.
"Nem são-paulino e nem palmeirense está muito animado. No caso do São Paulo os principais reforços são as permanências do Vitor Bueno e do Volpi, mas não há uma grande revolução e os veteranos que deveriam resolver, qual que é a perspectiva de eles começarem a resolver agora o que eles não resolveram no ano passado? O palmeirense vai se apegar à história, vai se apegar ao fato de todo mundo ter sido contra o Felipão e ter dado certo, mas eu tenho muita dúvida, sou cético com relação ao Vanderlei em alto nível em times que têm pretensões de títulos", disse Bertozzi.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter). A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts.
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Confira abaixo a íntegra do Posse de Bola #14:
BLOCO 1
0min10s - Eduardo Tironi: Olá, sejam muito bem vindos ao episódio de número 14 do podcast Posse de Bola. Chegamos ao 14, chegamos à segunda temporada e vamos começar com grandessíssimo estilo hoje. Eu sou Eduardo Tironi, ao meu lado estão os meus amigos Arnaldo Ribeiro e Juca Kfouri. Mauro Cezar está de férias, mas nós temos dois convidados especiais, especialíssimos. Hoje está aqui no estúdio com a gente, o grande, o gigante jornalista Leonardo Bertozzi. Ele fala um assunto de futebol e sabe responder. É muito bem informado. Tem muita informação sobre o futebol e o outro que vai entrar com a gente via telefone e estará com a gente também nesse episódio também é o gigantesco jornalista Paulo Vinícius Coelho, o PVC, nada menos do que PVC e Leonardo Bertozzi com a gente hoje aqui e não quero perder tempo para dizer que no primeiro bloco a gente vai falar do Trio de Ferro, Juca. Que tipo de esperança de um ano bom podem ter Corinthians, São Paulo e Palmeiras para seus torcedores diante do que a gente viu até aqui? Não responda ainda. No segundo bloco, nós vamos falar dos cariocas. Este ano vai ser Flamengo contra ninguém, diante da diferença entre os times? A diferença aumentou? O Botafogo, Fluminense e Vasco ainda podem incomodar? No terceiro bloco, a gente vai tratar de um tema que a gente já falou aqui mesmo, que é o desembarque de treinadores estrangeiros no Brasil, após o sucesso dos Jorge Jesus e do Sampaoli em 2019. Tem o Jesualdo no Santos, tem o Coudet no Inter e tem o Dudamel no Galo, que nós vamos falar aqui. Eu queria começar essa conversa com o PVC, que já está com a gente na linha. PVC, pergunta direta para você: Qual dos combos que te dá uma impressão melhor para esse ano? Diniz com o São Paulo, Luxa com Palmeiras ou Tiago Nunes com o Corinthians?
2min36s - Paulo Vinícius Coelho: Eu gosto muito do trabalho do Tiago Nunes, eu estou muito curioso para ver esse Corinthians de Luan, de Cantillo, embora o Cantillo eu acho um pouco lento, mas eu quero ver o Tiago Nunes que deve ser apresentado, que vai fazer a primazia de o Corinthians ser o time que menos troca técnico na década, porque vai ser a 12ª passagem de técnico pelo Corinthians desde 2010, mas eu quero muito ver esse time do Corinthians jogar a partir do começo do Campeonato Estadual.
3min21s - Juca Kfouri: Olha, eu queria antes de mais nada, antes de cumprimentar você, PVC, um beijo na sua testa e outro na do Léo, eu queria fazer um protesto porque pode parecer a quem está nos vendo e nos ouvindo que o Tironi, ao anunciar que o fato do Mauro estar em férias traz dois jornalistas como vocês para o nosso programa, que o Mauro precisa de dois para ser substituído quando não é verdade, entendeu? Dá uma falsa impressão, com certeza que o Mauro continue diferente. Porque a cada vez que o Mauro nos tivesse, nós tivermos Léo Bertozzi e PVC, que não se acha na esquina todo dia.
4min05s - Juca Kfouri: Isto posto, eu te faço a pergunta PVC, você acha que o Tiago Nunes vai ter que brigar pelo tetracampeonato paulista, que seria o primeiro clube profissional de São Paulo a conseguir tamanha façanha? Ou vai convencer a direção do Corinthians a tratar o Campeonato Paulista como o Athlético-PR trata o Campeonato Paranaense?
4min30s - Paulo Vinícius Coelho: Eu acho que não vai conseguir convencer o Corinthians. O Corinthians não vai ter o sub-23. O Corinthians vai tentar ser campeão, vai tentar ser campeão. O problema não é ganhar campeonato estadual, o problema é o que o estadual representa no calendário, porque se você está na disputa, você vai tentar vencer, desde que não atrapalhe outras questões. A gente vivia dizendo que a Florida Cup atrapalhava todo mundo e o Flamengo joga a Florida Cup e é campeão no mesmo ano, é verdade que teve uma intertemporada ali. O problema é o que o estadual representa de prejuízo para o calendário, que a gente percebe lá no final do ano quando o Flamengo vai enfrentar o Liverpool tendo 19 jogos a mais no ano e 17 deles foram pelo estadual. Enquanto está na disputa, o Corinthians vai tentar vencer e acho que para evitar desgaste do Tiago Nunes, assim como ele evitou desgaste por não assumir na reta de chegada da temporada passada, para evitar desgaste ele tem que tentar vencer o maior número de partidas.
5min40s - Juca Kfouri: Mas ele tem uma pré-Libertadores para disputar
5min44s - Paulo Vinícius Coelho: A pré-libertadores o problema dela não é tanto o estadual, é o lugar do calendário que ela está posta. Vamos lembrar do Tolima em 2011, foi o quarto jogo do Corinthians o empate no Pacaembu com o Tolima e foi o sexto jogo do Corinthians no ano ou sétimo, então ali o Corinthians não estava preparado. Se ele tivesse 10 ou 12 jogos no estadual, talvez ele não tivesse perdido para o Tolima.
6min12s - Juca Kfouri: Você não tinha uma lembrança melhor assim para o começo do ano, não é? Lembrar que dia 14 agora faz 20 anos que o Corinthians foi campeão mundial pela primeira vez, isso nada, né?
6min28s - Eduardo Tironi: Léo, que torcedor está com mais esperança: o palmeirense com o Luxa ou o são-paulino com o Diniz?
6min32s - Leonardo Bertozzi: Essa é boa hein. Bom, primeiro, obrigado pelo convite, de reviver grandes embates, debates, principalmente com o Arnaldo.
6min40s - Juca Kfouri: Léo, foi convite ou foi intimação?
6min42s - Leonardo Bertozzi: De amigo é sempre intimação, tem sempre esse peso, estou muito feliz de estar aqui. Cara, eu acho que nem são-paulino e nem palmeirense está muito animado. No caso do São Paulo os principais reforços são as permanências do Vitor Bueno e do Volpi, mas não há uma grande revolução e os veteranos que deveriam resolver, qual que é a perspectiva de eles começarem a resolver agora o que eles não resolveram no ano passado? O palmeirense vai se apegar à história, vai se apegar ao fato de todo mundo ter sido contra o Felipão e ter dado certo, mas eu tenho muita dúvida, sou cético com relação ao Vanderlei em alto nível, em times que têm pretensões de títulos, o mercado não está te oferecendo nada de novo. O palmeirense eu acho que ele queria estar nessa época do ano falando: 'cara, a minha diferença para o Flamengo diminuiu'. Porque tem isso, a gente fala do estadual, mas o que o palmeirense quer saber? Se ele está perto do Flamengo ou não. E não está, a verdade é que não está. Se a gente olhar o mercado agora, o Flamengo contratando o Pedro Rocha e, principalmente, o Gustavo Henrique, o Flamengo não está vendo a distância diminuir, no papel ele está aumentando a vantagem. Acho que o palmeirense tem muita razão para estar decepcionado até agora com a perspectiva para a temporada.
8min01s - Eduardo Tironi: Arnaldo, o Diniz depois dessas Dia, Meu velho Diniz, depois essas férias, tempo para treinar e tudo mais. Agora vai?
8min07s - Arnaldo Ribeiro: Eu deu uma trégua, você viu que eu dei uma trégua. O São Paulo, aliás, vai voltar depois os outros, não só eu dei uma trégua. Eu acho assim, Tironi, ouvindo vocês, eu estava com essa impressão nesse recesso. Eu já entendia no final do ano passado que o Corinthians tinha contratado o melhor técnico no mercado brasileiro. Então já dava alguma esperança, uma curiosidade de ver jogar. Algumas contratações boas, acho que vem mais gente por aí, o time vai mudar totalmente o estilo, a forma de jogar. É a maior curiosidade do ano entre os três. O Palmeiras também desperta curiosidade, mas eu estou com o Léo, eu não consigo e também vejo o palmeirense mirando o Flamengo, eu não consigo vislumbrar que com o Palmeiras com o Luxemburgo esteja mais próximo do Flamengo do que estava no ano passado mesmo patinando com o Mano Menezes. Até porque o Palmeiras parece ter, em relação ao mercado, pisado no freio. O São Paulo por sua vez a gente já viu, o São Paulo teve alguns lampejos com o Diniz, mas não teve um final de temporada que você falasse que 'agora treinando, com pausa e tudo mais, vai voltar de uma forma diferente'. Tem alguns defensores do Diniz, todos os restantes, os poucos, os reles, eles me pediram o seguinte: dê uma pré-temporada para o sujeito armar o time do jeito que ele quer. Eu estou dando a pré-temporada, estou dando crédito.
10min50s - Juca Kfouri: Eu acho engraçadíssimo que uma uma certa área da crítica esportiva que vive criticando que não se dá tempo ao treinador e fica exigindo que o treinador como o Fernando Diniz faça milagre e no caso do São Paulo, pior, vive criticando a direção do São Paulo, porque ela trocou técnicos intensamente nos últimos anos, quando ela mantém o técnico, critica. É que no nosso meio, entendeu, Léo e PVC, que também se junta aqui como o quinto elemento, no nosso meio há um certo tipo de crítica da imprensa esportiva que vou lhe contar, os nostálgicos da soberania.
11min20s - Arnaldo Ribeiro: Tem uma boa vontade absurda com o Fernando Diniz, o Mano tinha que ter resultado três dias depois de assumir, não é isso? O Jorge Jesus deu resultado 30 dias depois de assumir, o Diniz precisa dar resultado. Vou dar a pré-temporada mais o estadual, feito.
11min35s - Juca Kfouri: Ele pôs o São Paulo na Libertadores. Você dizia no começo do ano que a obrigação do São Paulo era estar na Libertadores, e ele cumpriu.
11min44s - Arnaldo Ribeiro: Não, quem cumpriu foram o Flamengo e o Athletico-PR.
11min49s - Eduardo Tironi: PVC, você tem expectativas ainda com relação ao Diniz? Ou você acha que essa passagem, pelo menos breve, por enquanto, no São Paulo, foi um choque de realidade assim?
11min59s - Paulo Vinícius Coelho: Acho que a gente está entregando todo o fracasso do São Paulo no colo do Diniz e não é dele. O São Paulo teve quatro técnicos em 2019, teve oito diretores nos últimos cinco anos, o São Paulo tem que parar de mudar. Claro que ele vai ter que se provar, é claro que se a gente pegar os resultados de Série A do Fernando Diniz, a gente não vai ter a convicção de que ele é o cara certo no lugar certo. O São Paulo começa a temporada, o São Paulo no ano passado em três momentos diferentes fez a contratação do ano. Em dezembro de 2018 quando contratou o Pablo, antes de o Flamengo contratar Gabigol, Arrascaeta e Bruno Henrique, era a contratação do ano do mercado de 2018 para 2019. Depois, em abril, teve a batalha dos tontos e o São Paulo ganhou e levou o Pato para o Morumbi. E depois, em julho, contratou o Daniel Alves. O elenco está aí, ele tem que fazer a pré-temporada e fazer o time jogar. Vamos ver se o São Paulo parando de mudar, começa também a vencer. Não dá para ter certeza, não é a curiosidade pelo Fernando Diniz, curioso eu estou pelo Tiago Nunes. A gente cobra trabalho com começo, meio e fim, então deixa o trabalho ter começo, meio e fim. Nem todo caso vai ser amor à primeira vista como foi o Jorge Jesus.
13min30s - Leonardo Bertozzi: É até a divergência que a gente tem lá, batendo papo com o Vitor Birner, que ele é bem radical nessa coisa do Estadual, ele fala que não, que agora não vale nada. Não adianta, para o São Paulo vale.
13min46s549 - Eduardo Tironi: Deixa eu emendar aqui para o PVC, rápido. E para o Luxemburgo, o estadual vale?
13min52s - Paulo Vinícius Coelho: Eu acho que vale para o São Paulo e para o Palmeiras ganhar o estadual. Não tem que ser obsessão ganhar o estadual, mas são 12 anos sem ganhar o estadual para o Palmeiras e são 15 anos para o São Paulo. Não é ruim ganhar, o problema é o que o estadual representa no calendário. A culpa não é do título, tanto que o Flamengo no ano passado foi campeão estadual e foi campeão brasileiro. A história de que estadual não é parâmetro, nada é parâmetro num país que muda técnicos em 17 dos 20 clubes da Série A. O Vanderlei Luxemburgo falou uma coisa na coletiva que eu acho que faz sentido. Ele tem um clube que vai dar a ele possibilidade de fazer um bom trabalho e ele vai ser cobrado para fazer esse bom trabalho que ele não faz digamos desde 2012 quando ele trabalhou no Grêmio e foi terceiro colocado no Campeonato Brasileiro com pontuação do campeão do ano anterior. Acho que o Palmeiras não está preocupado com o Flamengo e não pode estar preocupado com o Flamengo. O rival do Palmeiras é o São Paulo, o Corinthians e o Santos. O Palmeiras está preocupado nesse momento por ter deixado a dívida, ainda que o Palmeiras vá dizer que contabilmente não é bem assim, a dívida ter chegado a R$ 500 milhões. Então o que ele precisa fazer? Com uma receita de R$ 600 milhões, ele vai equacionar isso e vai ter um projeto diferente com um elenco que se chamou no ano passado de o melhor do Brasil. Com esse elenco, mesmo sem mudanças, e vai haver algumas, o Palmeiras vai tentar construir um bom time, de um bom elenco formar um bom time. Essa é a missão do Vanderlei Luxemburgo, que há tempos não consegue fazer isso.
15min24s - Eduardo Tironi: Você acha que consegue, porque assim, quando você diz também que tem uma preocupação com a dívida e tudo mais isso de alguma forma não é você mira ao Flamengo, que hoje é um exemplo do time que paga a dívida, ganha dinheiro e blá blá bla?
15min37 - Paulo Vinícius Coelho: Mas é mais uma maneira melhor de mirar o Flamengo. O problema seria se o Palmeiras estivesse desesperado para contratar como o Flamengo fez no ano passado. O Palmeiras sabe que precisa se colocar de novo no mercado, se estabilizar outra vez para ter um time competitivo, para voltar a disputar o título brasileiro e o da Libertadores, não porque o Flamengo ganhou Libertadores e Brasileiro, porque a missão do Palmeiras é ganhar o Brasileiro e a Libertadores. Não é porque o Flamengo venceu, é porque é o Palmeiras, porque é o Corinthians, porque é o São Paulo, porque é a função desses clubes disputarem todos os títulos. Eu acho que o Vanderlei Luxemburgo vai ter elenco para montar um grande time. Se ele vai montar, é o próximo problema.
16min21s - Arnaldo Ribeiro: Quem vai ser mais cobrado, vocês acham? Diniz ou Luxemburgo? Tem clássico, aliás, na segunda rodada.
16min29s - Leonardo Bertozzi: Só isso, ou seja, já tem uma crise na segunda rodada.
16min33s - Arnaldo Ribeiro: Quem vai ser cobrado com mais pressa?
16min41s - Eduardo Tironi: Diniz, eu não tenho dúvida.
16min43s - Juca Kfouri: Eu acho que o Luxemburgo. Porque eu acho que do Luxemburgo se espera mais do que se espera do Diniz, acho que do Palmeiras se espera mais do que se espera do São Paulo. O São Paulo continuará a ser, digamos, se bem sucedido, uma surpresa. Puxa, que legal! O São Paulo voltou! Do Palmeiras se exige depois do ano sem gritar campeão nenhuma vez, porque essa é a questão, Seja como for, se você faz um balanço, é evidente que o ano de 2019 do Palmeiras foi melhor que o do Corinthians. Só que o Corinthians gritou 'é campeão, o Palmeiras não.
17min22s - Eduardo Tironi: E você acha que foi melhor?
17min24s - Juca Kfouri: Eu acho que não. Quer dizer, pareço Casagrande, 8%, 80 oito oitenta, o que foi melhor, que o Palmeiras fez um ano melhor que o do Corinthians? Fez. Chegou a uma semifinal de Copa do Brasil, chegou na cabeça para disputar, o Corinthians nem isso. Eu prefiro meu time vice-campeão ao meu time em penúltimo lugar, é evidente. Manteve na expectativa a temporada toda foi buscar, foi buscar, foi buscar. O Corinthians não foi buscar nada.
17min59s - Leonardo Bertozzi: Mas perdeu a expectativa muito rápido também para quem liderou o campeonato com folga no começo.
18min01s - Leonardo Bertozzi: E isso é verdade, é verdade. Você sabe que houve quem dissesse aqui nessa mesa que o Palmeiras já era campeão, pessoal apressado.
18min22s - Eduardo Tironi: O Bertozzi está comigo, acha que o Diniz vai ser mais cobrado?
18min25s - Leonardo Bertozzi: Acho que Diniz vai ser porque ele já carrega uma bagagem do ano em que ele já começou a ser cobrado. Não que ele já fosse unanimidade quando chegou, porque não era, inclusive a própria torcida organizada já detonou na época e tal. Mas, como o Arnaldo falou, teve gente que desceu do barco do Diniz entre a chegada dele e o fim da temporada, então eu acho que de certa forma, teve gente até aqui que estava no barco talvez até dizer que estava no timão, com o perdão do trocadilho péssimo, estava no timão, mas largou.
18min57s - Juca Kfouri: O simples fato de saber que já houve alguém disposto a dar uma trégua quando você vê o Trump mandando fazer a loucura que mandou fazer no Oriente Médio, saber que o fim de ano trouxe uma trégua entre alguns críticos e o Fernando Diniz, já é alguma coisa.
19min19s - Eduardo Tironi: PVC, você falou do Thiago Nunes e o Juca também. Com esses reforços que estão chegando, porque se você olhar agora desses três quem se reforçou melhor, considerando o que tinha foi o Corinthians. Então esse combo me parece legal, o que você acha?
19min38s - Paulo Vinícius Coelho: Eu acho que a palavra, vou usar de novo a palavra curiosidade. Não dá para saber como é que vai ser o Luan, mas está todo mundo curioso para saber se ele está a fim. O Luan é um caso parecido com o do Ganso, mal comparando. A gente vai saber se o Luan fez sucesso no Corinthians, não pelo que ele faça no Corinthians, mas que ele faça parecido com o Luan de 2017. É mais ou menos como o Ganso. O Ganso só vai ser um sucesso quando ele for igual ao Ganso de 2010 e 2011. Mas está todo mundo curioso para saber se o Luan está a fim ou se não está.
20min14s - Eduardo Tironi: Gostei dessa comparação
20min17s - Leonardo Bertozzi: Mas PVC, e se ele for o Ganso de 2014? Já está bom, não está?
20min22s - Paulo Vinícius Coelho: Ah não, só serve para ser vice-campeão.
20min26s - Arnaldo Ribeiro: Eu estava pensando, o Pato e o Ganso em 2014, me consolando assim, mas vice-campeão não serve nem para o Ganso e nem para o Pato.
20min42s - Juca Kfouri: O Pato é um caso perdido.
20min44s - Arnaldo Ribeiro: Vai começar jogando com o Diniz
20min43s - Juca Kfouri: Não vai dar certo. O Ganso é um problema físico, infelizmente. Eu acho que não é apenas de vontade, de personalidade, do jeito de ser, porque o Ganso do Santos era um Ganso com vontade a ponto de fazer o que fez com o Dorival Júnior. Mas ele se estrupiou nos joelhos, e então, nunca mais. O Pato é outra coisa. O Pato é a cabeça, o Pato não entende o ofício dele, então não vai dar certo, não vai dar certo, não pode mais dar certo, pode ter um brilhareco aqui e outro ali. Agora, o Luan tem a vantagem da coisa do corintianismo. Agora, ele tem um problema, independentemente da balada, que isso dá jeito. O tal do problema que ele tem na planta do pé, segundo todos os ortopedistas é um problemaço para pessoas comuns. Para um atleta então nem se fala.
21min40s - Arnaldo Ribeiro: Eu entendo. Eu acho que o Luan, ele tem o corintianismo, ele tenha passado o corintiano e tudo mais, mas ele não tem a característica que o jogador corintiano tem.
21min55s - Juca Kfouri: Mas o Sócrates também não tinha
21min58s - Arnaldo Ribeiro: Mas esse é muito excessão, esse é muito gênio. E mesmo gênio e tudo mais teve alguns dissabores pelo jeito. Vai ser um grande desafio. Digamos que pelo temperamento, não é que o Luan não saiba do ofício como o Pato não sabe, mas acho que o Luan tem que mudar a postura para ser um ídolo. O Pato acho que só o Bertozzi acredita no Pato.
22min28s - Leonardo Bertozzi: Não é questão de acreditar, eu acho o que o Juca falou, desperdício de talento. Eu nunca viu o talento não estar ali, entendeu? Eu sempre entendi no Pato um jogador talentoso, um jogador que é capaz de decidir jogos. Mas é isso, enquanto ele achar que está fazendo um favor, e olhe que ele ganha bem, né.
22min49s - Eduardo Tironi: Eu gosto dessa frase: ele é capaz de decidir jogos. Qual jogo o Pato decidiu? Me lembra um aí. Eu sempre acho que ele é o jogador do terceiro gol.
22min53s - Arnaldo Ribeiro: São Paulo e Santos.
22min55s - Leonardo Bertozzi: Nessa passagem, poucos. Esse aí do Santos, mas na Era Osório, ele decidiu alguns.
23min00s - Arnaldo Ribeiro: Esse jogo, por exemplo, fez o gol do empate, no 1 a 1. E depois fez o 3 a 1 e jogou uma bela partida. Mas foi essa coisa só.
23min12 - Eduardo Tironi: Ele vai ser o cara que decide quando decidir um clássico contra o Corinthians, por exemplo.
23min16 - Juca Kfouri: Não, tira isso. Tira do teu horizonte porque aí não vai dar. Agora, o Pato, no começo do Pato no Inter ele era exatamente isso, um jogador decisivo. Era impressionante, ele entrava e decidia o jogo.
23min32 - Eduardo Tironi: Eu não consigo enxergar isso, você acha isso, PVC? Eu não consigo ver assim.
23min36s - Paulo Vinicius Coelho: Eu acho que o Pato ficou rico muito rápido. É o caso clássico disso. Assim, o Pato, vamos lembrar o Amigão narrando Milan e Napoli. Como que era, Leo?
23min47s - Leonardo Bertozzi: Patoooo!
23min53s - Paulo Vinicius Coelho: 5 a 2, Milan e Napoli. Estreia do Pato no Campeonato Italiano.
24min04s - Leonardo Bertozzi: O Pato é o cara que pegou a bola e com 1 minuto de jogo foi para dentro do gol, ele foi esse cara.
24min12s - Arnaldo Ribeiro: Não coloca essas minhocas na minha cabeça, eu já estou cético. Vocês estão tentando me atrapalhar tudo nessa volta de ano. Trégua, lembrar do Pato com o Amigão.
24min22s - Paulo Vinicius Coelho: A coisa é separar a curiosidade do Corinthians. Curiosidade justa, que a gente quer ver inicialmente o Tiago Nunes, quer ver o Luan e quer ver mesmo o Cantillo, e do que pode acontecer. Não vamos perder de vista que em 2017 o Corinthians apontado como quarta força foi o time do ano, que em 2010 lá atrás, um dos times mais espetaculares dessa década e parece que o Flamengo foi o único time espetacular nessa década, é mais moderno, mas o time de Neymar e Ganso, quando começou o ano de 2010, ninguém dava uma moeda de 10 centavos pelo Santos e ele fez um primeiro semestre extraordinário com o Dorival Júnior como técnico. O Cruzeiro de 2013, mesmo, o Cruzeiro de 2003, quando começou o ano e pouca gente prestava atenção de que podia ser um time que virasse a coqueluche da temporada. Então, o São Paulo pode ser isso, porque ele tem um trabalho a favor dele, desde que o trabalho funcione. E mesmo o Palmeiras. Não são todos os times que viram temporadas. O Liverpool, qual foi o grande reforço do Liverpool de 2018 para 2019? Ok, que de 2017 vice-campeão da Champions para 2018 tem um básico, saiu o Karius e entrou o Alisson, mudou tudo. Mas de 2018, do título para cá, nenhum reforço, é a continuidade.
25min44s - Juca Kfouri: PVC, eu acho que você está com tanta saudade da gente, igual a gente está de você, que essa sua frase do que pode ser o São Paulo, foi mais para passar açúcar em certas bocas, mas você não está falando com franqueza e sinceridade. Você está querendo ser simpático e você não precisa disso. A gente está com muita saudade de você mesmo, tá?
26min27s - Eduardo Tironi: A gente vai falar do Flamengo no segundo bloco, mas vocês acham que outros times se compararam ao que o Flamengo fez?
26min33s - Juca Kfouri: Nenhum.
26min35s - Leonardo Bertozzi: Eu acho que outros times encantaram, agora, em termos de conciliar resultados e desempenho como o Flamengo, não.
26min42s - Arnaldo Ribeiro: Essa química não teve.
26min45s - Juca Kfouri: E com essa perspectiva que ele dá, de olhar e ter uma coisa sólida.
26min48s - Leonardo Bertozzi: Tem uma possível hegemonia nascendo aqui, acho que esse é um fato.
26min55s - Arnaldo Ribeiro: Eu também tenho essa impressão. Eu sei que fomos traídos algumas vezes por essa impressão.
27min04s - Juca Kfouri: Porque os nossos clubes não têm a capacidade da auto-sustentabilidade, mas se há algum que está com o jeitão de ter chance da auto-sustentabilidade, eu acho que esse é o Flamengo. O Liverpool é irritante, ontem eu fique irritado, estragou a tarde. E o Marra ainda fica me gozando com o Dudu Monsanto na transmissão da DAZN. Porque é impressionante, pôs um time de garotos e levou um certo sufoco no primeiro tempo. No segundo tempo, tomaram a bola do Everton, não deixaram o Everton ver a bola e ainda fez um golaço.
27min45s - Leonardo Bertozzi: E a identidade. Os garotos jogam igualzinho ao time principal.
27min52s - Arnaldo Ribeiro: Você vê que o Juca é o único que mantém o foco no Liverpool, porque metade do Brasil já perdeu o foco no Liverpool porque já foi a final.
27min55s - Leonardo Bertozzi: Agora, Juca, você tem mandado mensagem para o Paulo Andrade falando que ainda acredita no Manchester City. Não acredita nada, não é?
28min00s - Juca Kfouri: Não, é que eu tenho uma certa esperança no Leicester, entendeu? O Leicester é uma surpresa. Mas não vai dar, eu estou louco para ver o Liverpool perder um jogo e estou achando que não vou ver o Liverpool perder jogo esse ano.
28min17s - Arnaldo Ribeiro: É que não está previsto nenhum confronto com um time que normalmente vence o Liverpool.
28min22s - Juca Kfouri: Não, não está previsto. Acho que é pouco provável nos próximos 10 anos.
28min26s - Eduardo Tironi: Buenas, vamos fechar então o primeiro bloco, porque no segundo bloco vamos falar do Flamengo, o time que também não perde de ninguém, perdeu do Liverpool, mas, enfim, foi um caso extremo. A gente vai falar desse negócio de hegemonia e tudo mais.
28min39s - Juca Kfouri: Você jogou na sena no fim de ano?
28min41s - Eduardo Tironi: Joguei.
28min42s - Juca Kfouri: De igual para igual ou não?
28min43s - Eduardo Tironi: Nem isso foi, porque eu fracassei gloriosamente, não consegui acertar nenhum número. Negócio desesperador.
BLOCO 2
29min21s - Eduardo Tironi: Estamos de volta para esse episódio número catorze do podcast Posse de Bola, o primeiro episódio da segunda temporada. Hoje aqui com Leonardo Bertozzi e também com o PVC que vai voltar daqui a pouco por telefone. E agora nós vamos falar, Juca, do Flamengo, que você acabou de falar que vai ter uma hegemonia aí de não sei quantos anos.
29min42s - Juca Kfouri: Eu também não sei de quantos anos. Agora, veja duas contratações que o Flamengo fez, cirúrgicas. O Gustavo Henrique, que na minha visão vai acabar tomando o lugar do Pablo Mari e de um jogador que, bom, não dá muito para falar do Cruzeiro. Eu acho que o Cruzeiro não soube explorar, que não é pra ser titular neste ataque do Flamengo, desde que o Gabigol, de fato, fique, porque até essa possibilidade existe. De alguma maneira, o Flamengo não fica nu com a mão no bolso, caso o Gabigol vá embora porque tem um substituto. Eu acho um belíssimo jogador. Pelo que fez do Grêmio, um belíssimo jogador. No Cruzeiro, o Léo é capaz de falar melhor. Aliás, você passou o fim de fim de ano em Belo Horizonte, Léo?
30min45s - Leonardo Bertozzi: Não, não quis ir a BH no final do ano, não. Respeitar a dor dos amigos é sempre importante. Mas o Pedro Rocha teve seus momentos, também ficou um tempo machucado, fora, mas os dois melhores momentos do Cruzeiro no ano que foram o Estadual, ele sofreu pênalti que decidiu, o Cruzeiro iria perder o Estadual incrivelmente, e a eliminação do Atlético-MG na Copa do Brasil foi um golaço dele de fora da área, ele foi protagonista naquele jogo também. Eu acho uma boa. E tem um outro ponto. Vamos supor que o Gabigol não fique. Você tem aquele dinheiro que está separado para contratar o Gabigol e não é pouco, então não dá para esperar que se o Flamengo não conseguir o Gabigol, que ele simplesmente vai ficar por isso mesmo. Ele vai ao mercado e vai ao mercado com cacife. A questão do Gabigol é questão de paciência. A Inter quer fazer dinheiro, até porque ela precisa gastar no mercado também e tudo o que se fala de interesse de times do exterior, proposta mesmo não tem. Na verdade, a Inter precisa que o Flamengo fale 'quero, está aqui o dinheiro e vou levar'. Mas se não for o Gabigol, vai ser outro.
31min50s - Juca Kfouri: Houve uma especulação que o Chelsea estaria interessado.
31min55s - Leonardo Bertozzi: Eu não daria muito crédito a isso, até pelos jornais, os tabloides que falaram. Proposta mesmo, tem a do Flamengo, e que eles querem que seja melhor.
31min58s - Arnaldo Ribeiro: Eu tenho duas curiosidades. A minha primeira curiosidade é se, como disse o PVC, os times paulistas, o Palmeiras sobretudo, não têm que neste momento mirar o Flamengo. Quem vai mirar o Flamengo? Porque assim, no Rio ninguém vai mirar o Flamengo.
32min23s - Juca Kfouri: Você tem razão e eu estranhei.
32min30s - Eduardo Tironi: O que está dando a impressão, pelo menos nesse começo de ano, é que o resto está fazendo um mundo paralelo e o Flamengo está em outro lugar, que ninguém vai chegar.
32min41s - Leonardo Bertozzi: Agora, tem um ponto, hein Arnaldo, ontem o Jesus deu uma entrevista lá em Portugal, muito interessante, inclusive, em que ele falou 'olha, estou garantido até maio. Minha ideia é ficar, mas nunca se sabe.
32min50s - Arnaldo Ribeiro: Então, essa é a minha segunda curiosidade. Porque essa incerteza, a gente vem falando aqui, falamos nos últimos episódios do ano da possibilidade de o Jesus não permanecer justamente no momento crucial da temporada brasileira, que é quando começa o Brasileirão, quando vai o mata-mata da Libertadores e tudo mais. Então, não adianta. Na prática, não adianta nada o Jesus fica só até maio e o Flamengo tem que recomeçar em maio.
33min19s - Juca Kfouri: O Sampaoli morando no Rio de Janeiro, tomando sol?
33min23s - Arnaldo Ribeiro: Tem essa questão, eu acho que isso não dá uma perspectiva, digamos, a médio prazo para o Flamengo atual, a incerteza do Jesus. Ele reiterou nessa entrevista 'o meu compromisso é até maio', falou um monte de coisa interessante, provocou o Renato e tudo mais. Eu não consigo imaginar que o Luxemburgo não esteja pensando no Flamengo e que até o Tiago Nunes não esteja pensando no Flamengo, o Diniz eu não digo tanto. Acho que o Corinthians e o Palmeiras são os candidatos a perseguidor do Flamengo nesta temporada.
34min02s - Eduardo Tironi: A impressão que eu tenho é que eles estão tão longe, o Palmeiras talvez um pouco menos, o Corinthians porque é uma surpresa, mas estão tão longe?
34min11s - Leonardo Bertozzi: Você fala em 90 pontos, é uma coisa muito absurda.
34min18s - Eduardo Tironi: O que fez o Flamengo, o que está contratando, a impressão que eu tenho é que está todo mundo torcendo para acontecer alguma coisa fora do normal. 'Ah, o Jesus vai embora. Aí começa a complicar'.
34min25s - Juca Kfouri: Mas veja bem, eu acho que tem uma coisa. Ninguém mira o Flamengo ou ninguém está com perspectiva de mirar o Flamengo num campeonato com pontos corridos. Na regularidade, eu acho que não tem para ninguém. Na Copa do Brasil e na Libertadores, pode acontecer. O Tiago Nunes dirá, 'aliás, já fiz isso ano passado na Copa do Brasil. Eu eliminei o Flamengo'. Está certo? Portanto, é possível. É possível, agora, na regularidade?
35min02s - Eduardo Tironi: Agora, esse negócio fica ainda mais cruel quando a gente olha na rivalidade regional. Vasco, Botafogo e Fluminense.
35min12s - Leonardo Bertozzi: A minha curiosidade é como o Jesus vai tratar o Campeonato Estadual. A primeira parte, a Taça Guanabara, garotos. Teve até a questão de o Flamengo sair da Copa São Paulo para colocar.
35min20s - Juca Kfouri: Periga de ele ganhar com os garotos.
35min23s - Leonardo Bertozzi: E aí ele vai jogar só o segundo turno, deve jogar uma tacada só. E vamos falar a verdade, se ele jogar para valer, vai ganhar. Se jogar para valer, vai ganhar a Taça Rio, vai ganhar o Estadual depois e ponto, não tem o que falar.
35min35s - Juca Kfouri: Eu pensava nisso ontem vendo Liverpool e Everton. Será que o Flamengo vai capaz de com a sua garotada jogar com o Botafogo, com Fluminense e com o Vasco da maneira como a garotada do Liverpool jogou? Claro, o Everton não chega a ser nenhum desses do ponto de vista da proximidade. Mas realmente eu não vejo ninguém, no Rio é uma covardia. E acho até que os três estão fazendo aquilo que devem fazer, que é não querer concorrer imediatamente com o Flamengo, é por a casa em ordem. Avisar o torcedor: 'olha, vamos apanhar desses rubro-negros um bom tempo, mas vamos por a casa em ordem'. Porque se não, vai apanhar para o resto da vida.
37min02 - Eduardo Tironi: Isso é verdade. Aí tem essa questão do clube-empresa, que é tábua de salvação sobretudo do Botafogo.
37min20 - Leonardo Bertozzi: Já que o PVC falou em curiosidade, a minha curiosidade é ver Odair no Fluminense. Porque o Abel no Vasco já vimos inúmeras vezes no futebol carioca, o Valentim não é a primeira vez no Botafogo. Agora, o Odair é um cara de um trabalho muito sólido. E como o Inter terminou o ano muita gente até discutiu se não era melhor terminar o trabalho com ele e o que ele vai poder fazer. Acho que dos três é o que está saindo um pouquinho do óbvio e tentando um profissional jovem, que conseguiu bons resultados com o Inter, vamos ver.
37min52 - Eduardo Tironi: Me espanta o fato de o Carille até agora, agora tem um papo de que ele vai para o 'mundo árabe' e tal, mas não ter sido um cara desejado nesse momento. Agora, PVC, você falou que ninguém deve mirar o Flamengo porque os times devem pensar nos seus trabalhos e tudo mais. Agora, no Rio de Janeiro é um Flamengo contra ninguém?
38min24 - Paulo Vinícius Coelho: Então, eu acho que é mais difícil não mirar o Flamengo para os times cariocas, porque os times cariocas sempre estiveram no Flamengo o rival. Acho que isso não pode funcionar para — vamos voltar para o que eu falei agora há pouco — o rival do Palmeiras não é o Flamengo, o rival do Palmeiras é o Corinthians. Mas acho que tem muito a história de Grenal, nos períodos em que o Grêmio era mais forte, o Inter ficava tentando igualar o Grêmio. Não é esse o caminho, o caminho é você resolver o seu problema. O Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, o futebol do Rio de Janeiro, é claro que o Flamengo demonstra uma superioridade enorme, mas, eu não gosto do termo hegemonia, até porque o campeão carioca do ano retrasado não foi o Flamengo, foi o Botafogo. Se a gente pensar no que tem acontecido no Campeonato Estadual do Rio, nas últimas cinco edições, o Flamengo ganhou duas. Então, ainda não tem um período de hegemonia. Hegemonia é o que o Bayern fez na Alemanha, é o que a Juventus faz na Itália. É possível existir essa hegemonia do Flamengo, o Flamengo sinaliza que é muito mais forte, mas hegemonia é ganhar o próximo campeonato, o próximo campeonato e o próximo campeonato, como o Benfica está fazendo em Portugal, por exemplo, terra de Jorge Jesus.
39min30s - Leonardo Bertozzi: A gente discutiu aqui na época do São Paulo do tri, se o São Paulo iria ser o Lyon, o Bayern e aí ele se embeveceu com toda essa possibilidade e aconteceu o que aconteceu. É que para mim a situação do Flamengo está muito ligada à figura do Jorge Jesus. O que pode ameaçar uma hegemonia do Flamengo hoje? Algum dos outros melhorar? Eu não vejo, é o Flamengo piorar.
39min56s - Juca Kfouri: Mas, então, tem uma questão que acho que a gente tem debatido pouco e que em Portugal se debate muito, que é a questão do quanto ele, a partir de um determinado momento, desgasta os grupos que dirige e como a personalidade dele começa a trabalhar contra ele mesmo por causa de uma certa autossuficiência. A gente não viu isso ainda, nós vamos ver agora ele voltando para administrar o nome que fez, as conquistas que fez. Eu acho que é uma nova fase a se observar. Eu até espero que ele tenha aprendido, mas lembre-se, era a mesma crítica, guardadas as proporções, que eram feitas em relação ao Emerson Leão, que chegava bem, mas deixava todo mundo do bagaço e acabava logo perdendo o vestiário. Temos que observar.
41min03s - Eduardo Tironi: Assim, mas quando a gente fala isso, vou dar uma de advogado do diabo aqui, mas a gente não coloca todo o sucesso do Flamengo nas costas do Jesus? É claro que ele mudou o time, é claro que o time do Abel era uma coisa e agora é outra. Mas não tem um monte de coisa que aconteceu no Flamengo nos últimos anos que vieram com que o Flamengo virasse o Flamengo?
41min24s - Juca Kfouri: Sem dúvida! Até no acerto das contratações. A busca dos dois laterais da maneira como foi, a busca do Gerson, agora, boa parte disso, em alguma medida, tem o dedo dele.
41min40s - Arnaldo Ribeiro: Acho que ele amplificou os acertos que o Flamengo já vinha fazendo ultimamente. Acho que o Flamengo pode, trivialmente com esse elenco, com esse trabalho, ainda a ser o principal candidato aos títulos no Brasil, mas esse, o que eu acho que o Léo fala, que esse patamar é a palavra que eles gostam tanto, Bruno Henrique sobretudo, esse patamar só foi atingido porque teve o dedo Jesus ali.
42min10s - Leonardo Bertozzi: É que ele questionou muitas máximas, essa história de porque 'eu não consigo jogar com três meias e dois atacantes, porque eu não consigo fazer uma sequência de jogos importantes com o pé embaixo'. Algumas coisas que a gente dava como impossíveis no futebol brasileiro e que ele falou 'não, espere aí'. É claro que ele tem material para isso.
42min29s - Paulo Vinicius Coelho: Tem uma outra impossibilidade. É claro que o Jorge Jesus deixou uma contribuição enorme, mas tem uma contribuição que é para olhar para a história dele no Benfica, que o Juca estava falando de que chega um ponto em que ele é arrogante, está até falando em Portugal 'agora pensam no Brasil que todos os técnicos portugueses são como eu', mas não é só isso, é também o ensinamento que o Benfica deixou, porque foram seis anos de Jorge Jesus no Benfica e, assim, eu adoro essa história porque mostra como pode ser diferente o amor à primeira vista no Flamengo com a relação mais intensa e longa que o Jesus teve no Benfica. Na primeira temporada, ele montou o melhor time dele, foi o melhor ataque disparado, 78 gols em 30 jogos, foi campeão português com Javi Garcia, Ramires, Aimar, Di Maria, Saviola, Oscar Cardozo, David Luiz na zaga, enfim. No ano seguinte, ele perdeu o campeonato e perdeu a semifinal da Liga Europa para o Braga. Se fosse no Brasil, estava na rua. Na terceira temporada, ele perdeu o campeonato para o Porto e se fosse no Brasil, estava na rua. Na quarta temporada, foi a temporada do gol do Kelvin, que foi no último minuto do penúltimo jogo e ele perdeu a liderança para o Porto e perdeu o campeonato. E ele estava no campo de ataque e tomou um gol de contra-ataque. Três dias depois de perder o campeonato, ele perdeu a final da Liga Europa para o Chelsea, que era um mérito, chegou na final da Liga Europa, pela primeira vez em 23 anos o Benfica jogou uma decisão europeia. Mas perdeu no último instante com gol do Ivanovic e três dias depois de perder a final da Liga Europa, perdeu a final da Taça de Portugal para o Vitória de Guimarães, que foi o jogo que o Oscar Cardozo saiu do banco de reservas para dar pancada nele. Se fosse no Brasil, ele estava na rua. E se fosse em Portugal, também, porque a sociedade anônima desportiva inteira se reuniu e queria a demissão do Jorge Jesus. E o presidente Luis Felipe Vieira falou 'não vai sair porque o resultado possível não está vindo por detalhe. Mas o Benfica nunca valorizou e nunca conseguiu vender tantos jogadores e tão bem'. Ele ficou, foi campeão português em 2014, foi bicampeão português em 2015 e saiu por desavença com o presidente. Essa história é muito exemplar, uma relação que pode dar certo, apesar das derrotas. O Benfica ensina muito sobre o que o Jorge Jesus é. E o que o Flamengo pode ter é uma relação longeva da paciência com a derrota também. Porque você nano vai ganhar sempre, como escreveu Katia Rubio no sábado passado.
45min02s - Eduardo Tironi: Muito bem, excelente o segundo bloco. Ainda bem que você voltou, PVC, muito bom! Bom, fechamos o segundo bloco, viu Juca?
45min14s - Juca Kfouri: Vamos contratar? Vamos contratar o PVC e o Léo?
45min20s - Eduardo Tironi: Vamos! Vamos fazer um estúdio maior aqui.
45min25s - Leonardo Bertozzi: Vai ter três horas de programa, então.
45min28s - Eduardo Tironi: Bons tempos de três horas de programa.
45min30s - Juca Kfouri: Eu não sei se a gente inspira, mas o fato é que quando esse pessoal vem aqui no Posse de Bola, fica brilhante, é impressionante.
45min40s - Eduardo Tironi: Bom, fechamos o segundo bloco e em 30 segundos voltamos para o terceiro bloco e vamos falar sobre o derrame de técnicos estrangeiros no Brasil.
BLOCO 3
46min11s - Eduardo Tironi: Voltamos para o terceiro e último bloco deste episódio 14 do podcast Posse de Bola para falar dos treinadores estrangeiros que estão chegando no Brasil. Dudamel chegando no Galo, o último, já teve o Coudet no Internacional, Jesualdo no Santos e talvez venham mais por aí. Léo e o Dudamel no Galo, hein?
46min44s - Leonardo Bertozzi: Chegando, desembarcando agora há pouco, já com musiquinha, viu Tironi?. A torcida cantando 'Deixa passar, Dudamel é Galo Doido, único na Série A'. Tem uma pequena provocação aí, mas eu estava conversando com o Tironi vindo para cá. Nos últimos dois anos o Atlético começou com o Levir em 2019, com o Oswaldo em 2018. A última vez que começou com alguma tentativa de algo diferente foi com o Roger em 2017. Inclusive foi o último título, foi campeão mineiro naquele ano. Eu acho positivo, Dudamel é um cara que com a Venezuela conseguiu ser vice-campeão mundial sub-20, revelar muitos jogadores, o próprio Soteldo passou na mão dele. Falando em patamar de novo, a Venezuela conseguiu um patamar melhor com ele, esse ano a Venezuela ganha amistoso da Argentina, empata com o Brasil na Copa América jogando muito bem, é um técnico que monta bons times na defesa, transição rápida, eu acho positivo. Sai do lugar comum, agora é aquela palavrinha mágica que a gente citou agora há pouco, que o PVC falou no caso do Jesus lá no Benfica: paciência. O Atlético-MG nos últimos anos não tem se notabilizado pela paciência, tem tido três, quatro técnicos, então não adianta chegar para o Dudamel e falar para ele 'é o seguinte, se você não ganhar o Mineiro atropelando todo mundo porque você é o único na Série A, não serve'. Então, calma, paciência, tranquilidade, deixa fazer o trabalho. Eu acho que é uma boa escolha, é um cara que o palmeirense conhece muito bem, era o goleiro do Deportivo Cali naquela final de 1999, e era bom goleiro, batia faltas, e é bom técnico também.
48min10s - Eduardo Tironi: Agora, tem lá o Jesualdo no Santos. Ontem eu encontrei o Xico Sá, ele é santista e é contra o Jesualdo no Santos. Falou 'acho que não tem nada a ver, não vai dar certo, era uma bala só essa coisa de técnico estrangeiro no Santos'.
48min30s - Arnaldo Ribeiro: Quando o Jesualdo foi contratado, ele dizia e eu achei interessante a imagem que ele construiu, que o Sampaoli, fisicamente estava preparado para lidar com o que é o Santos. Com energia. Que o Santos é aquele clube que todo mundo dá palpite, todo mundo dá pitaco, tem a turma do Serginho Chulapa, tem a turma dos mais antigos, tem a turma da praia, tem a corneta, o presidente que não gosta do vice, o pessoal da cativa. E que o Sampaoli conseguiu blindar tudo aquilo lá competindo, atuando daquele jeito dele, na praia, na jaquetinha e tal. E que ele acha que, com todo o respeito, que um senhor português e experiente, vai penar. Eu achei interessante isso.
49min27s - Juca Kfouri: Isso é a ideia do Xico? Muito interessante, a postura física, a linguagem corporal do Sampaoli foi capaz de dar uma blindada geral e manter o grupo longe desse tipo de pressão. E, claro que o Jesualdo não é isso, é o professor. É o professor, que vai tentar ganhar racionalmente, e aí essa é uma visão interessantíssima do Xico.
49min48s - Arnaldo Ribeiro: Porque eu Dudamel é jovem, vigor. O Coudet é um insano, jovem.
50min00s - Juca Kfouri: O Coudet é muito da turma do Bielsa e tal, na maneira do comportamento.
50min08s - Arnaldo Ribeiro: O Jorge Jesus também tem uma energia própria, o Sampaoli, então é engraçado, eram gringos atuando. E o torcedor brasileiro leva muito isso em consideração na beira do campo quando ele vê o técnico atuando. Sangue quente.
50min21s - Eduardo Tironi: PVC, no Sul o Colorado está feliz com essa história do Coudet? Eé mais legal o Coudet do que um brasileiro qualquer?
50min35s - Paulo Vinicius Coelho: Eu acho que o que é legal é você tentar sair do lugar comum. Vamos voltar, a gente falou do Vanderlei Luxemburgo agora há pouco. Tomara que o Vanderlei Luxemburgo tenha um grande trabalho para a gente lembrar quem ele é, porque ele tem uma trajetória belíssima como técnico no Brasil. Mas você não sai do lugar comum. O Coudet vai sair do lugar comum. Você podia contratar quem? O Roger? O Roger não ia sair do Bahia, ficou muito marcado que tinha Tiago Nunes, Roger Machado ou estrangeiros como soluções no final do ano para o mercado de treinadores.
51min11s - Arnaldo Ribeiro: E o Rogério Ceni?
51min12s - Paulo Vinicius Coelho: Rogério Cena também, que também não quis sair do Fortaleza. Teve a oferta do Athletico-PR e não quis sair e o Atlético-MG não ia se desgastar indo atrás do Rogério Ceni porque o Rogério Ceni já tinha dito não no ano passado e já tinha assumido o Cruzeiro. Não dá para saber se todos vão dar certo, o problema é medir competência e tentar ter ideias novas. O Jesualdo, eu concordo com o que o Juca falou, ele é um professor. Eu conheci o Jesualdo Ferreira na casa do Nabil Khaznadar.
51min42s - Juca Kfouri: Juntos estávamos PVC, lembra?
51min45s - Paulo Vinicius Coelho: É verdade, ele estava lá e se o Nabil Khaznadar fosse eleito presidente do Santos na eleição de 2014, em que foi eleito o Modesto Roma, o Jesualdo seria o técnico do Santos em 2015. E ele lembrou esse episódio para o José Carlos Peres, presidente do Santos, na semana passada, quando foi contratado e o José Carlos Peres não se lembrava disso, embora ele tenha conseguido o telefone do Jesualdo Ferreira com o Nabil Khaznadar, que foi o candidato em 2014. Ele tinha cinco anos a menos, mas ele é o cara que abriu, digamos, essa legião de técnicos portugueses, que consegue tão bem mesclar a universidade com o campo.
52min27s - Leonardo Bertozzi: O Xavi que foi quem o sucedeu no Al Sadd fez muitos elogios, deu entrevistas recentemente elogiando muito. E taticamente ele não tem muito o que mexer. Ele gosta, ele é um cara do 4-3-3, então as peças que o Santos tem são muito úteis para ele. O Santos, claro que já tem uma memória tática com o Sampaoli e em termos de energia, de fato, são diferentes, mas não é o caso do cara que chega e pega uma terra arrasada também e tem que começar um trabalho. Ele já pega o Santos com uma base interessante. É claro que repetir os 74 pontos que o Santos fez no ano passado é difícil, mas ele tem coisas a melhorar, o Santos nas Copas no ano passado, por exemplo, foi uma decepção enorme. Embora eu ache o trabalho do Sampaoli ótimo, digno de todos os elogios, o Santos na Sul-Americana e na Copa do Brasil foi mal.
53min05s - Juca Kfouri: Mas esse para mim é assim o grande milagre de Jorge Sampaoli. Como é que alguém que tenha sido eliminado como foi da Copa Sul-Americana, num jogo sem público no Pacaembu por um River Plate do Uruguai, não é o River Plate de verdade, e depois eliminado pelo Atlético-MG, num jogo em que ele vencia e toma a virada, com público. E assim mesmo a torcida pedir pra ficar. Esse para mim é um grande milagre dele, que tem muito a ver com esta coisa que você na discussão. Estou aqui para brigar pelo Santos.
53min48s - Eduardo Tironi: E era uma sensação de que com ele a coisa estava indo. E sem ele, sabe lá o que poderia virar também.
53min55s - Juca Kfouri: Esse vice-campeonato, num país que não valoriza vice-campeonato. Eu, santista fosse, me referia o tempo todo ao meu time como vice-campeão brasileiro de 2019.
54min11s - Eduardo Tironi: Pela circunstância.
54min14s - Paulo Vinícius Coelho: Juca, até por um detalhe. Quando o Real Madri foi vice-campeão com 96 pontos em 2010, maior pontuação que o Real Madrid tinha atingido, demitiu o Manuel Pellegrini em 2010 para contratar o Mourinho, mas era marcante, não foi campeão porque o Barcelona fez 99, a maior pontuação da história de um campeão. No ano passado, quando o Liverpool do Klopp foi vice-campeão inglês com 97 pontos, um a menos do que o City, o maior vice-campeão de todos os tempos. O Santos é o maior vice-campeão de todos os tempos. Nunca o vice-campeão tinha alcançado a pontuação do Santos, ele seria campeão em sete campeonatos dos 17 de pontos corridos, mas a pontuação sempre foi a pontuação que fez o campeão porque o vice tinha feito no máximo 72 pontos.
55min15s - Arnaldo Ribeiro: E com um adendo que, diferentemente do Real Madrid e do Liverpool, o Santos não entrou no campeonato para ganhar. Então valoriza ainda mais. Agora, a gente não subvaloriza o Renato Portaluppi? Porque, de fato, de todos os técnicos imagináveis, os brasileiros, o único que tem continuidade, trabalho, alguns resultados importantes e tudo mais, e mesmo assim tomou uma escovada do Jesus. Eu nem sei se o Renato está jogando futevôlei na praia, o PVC pode me informar lá no Rio de Janeiro. Mas o Renato entra em mais uma temporada, parte para mais uma reformulação no time do Grêmio, que me parece interessante o tipo de jogador que o Grêmio está buscando e tudo mais. E a gente não pode e não pode ser o Grêmio o mais próximo do Flamengo?
56min00 - Eduardo Tironi: E agora tem um detalhe que o Renato Gaúcho vai ter, se ele tomou essa escovada do Jorge Jesus, um estrangeiro, esse ano, ele agora vai ter um estrangeiro no quintal dele, no seu principal rival.
56min14s - Juca Kfouri: Eu acho que esse ano pode ser um ano terrível para o Renato Portaluppi, eu acho que pode. Porque, olha, dentro daquele raciocínio 'quero ver meu time disputar tudo', inegavelmente, o Grêmio cumpriu isso também ano passado, e no Campeonato Brasileiro, quando resolveu 'agora vou dar uma arrancada para ficar entre os quatro primeiros'. Fez arrancada com o pé nas costas e garantir o seu lugar. Mas acho que o gremista a essa altura está meio de saco cheio com a ideia de não disputar o Campeonato Brasileiro. Vai ter que disputar o Campeonato Brasileiro.
56min53s - Eduardo Tironi: Essa foi uma das coisas derrubadas, os mitos derrubados esse ano.
56min59s - Juca Kfouri: Então, mas a escovada que ele tomou do Flamengo, não é uma escovada que você passe incólume. Foi uma escovada assim, foi quase tapa no bumbum. 'Olha, não te mete a besta comigo', disse o professor Jorge Jesus. 'Por que vou lhe dar umas lambadas'. E deu-lhe. Eu estou muito curioso por ver como vai trabalhar o Renato Portaluppi, entre outras coisas, porque claramente se candidatou a técnico da seleção brasileira. Então, olho nele também. Eu acho que esse ano pode ser o ano do canto do cisne.
57min46s - Leonardo Bertozzi: Aliás, outra coisa que o Jesus falou na entrevista de ontem na à vista de ontem nasceu CMTV. Perguntaram sobre seleção, Copa do Mundo e ele disse 'eu adoraria ir para uma Copa do Mundo', aí perguntaram 'seleção brasileira?' E ele falou 'não me deixam'.
58min02s - Juca Kfouri: Aliás, Parreira deu uma entrevista para o Estadão ontem e falou 'não, o trabalho do Jorge Jesus foi muito bom e tal, mas o Brasil é pentacampeão do mundo só com técnicos brasileiros. É verdade, embora, o Vicente Feola, PVC sabe muito bem disso, tenha sofrido fortíssimas influências de técnico estrangeiro no São Paulo Futebol Clube, Bela Guttmann.
58min32s - Paulo Vinícius Coelho: E o Ruy Castro vive dizendo que o Fleitas Solich poderia ter sido o técnico escolhido para 1958, não fosse ele paraguaio. Fleitas Solich foi o técnico paraguaio que ganhou o Sul-Americano de 1953 pelo Paraguai contra o Brasil e em seguida, até porque o José Lins do Rego, o escritor, era chefe da delegação brasileira, veio dirigir o Flamengo. Enfim, ele pode ser técnico da seleção de Portugal também. O Jorge Jesus, como ele próprio diz que não é igual a todos os portugueses, ele é melhor, ou pelo menos ele é mais ofensivo, do que o Fernando Santos, campeão da Europa por Portugal.
59min01s - Eduardo Tironi: PVC, você acha que essa questão dos técnicos estrangeiros chegando ao Brasil e tudo mais, fazendo sucesso, esse é o próximo muro a ser derrubado a questão de um estrangeiro na seleção brasileira?
59min15s - Paulo Vinícius Coelho: Eu acho que o muro que tem que ser derrubado, Tironi, é a gente conseguir fazer no Brasil um processo de formação de treinadores que consiga mesclar o conhecimento empírico que passa de boca a boca com conhecimento da universidade. Está aí a Universidade do Futebol e não é que a Universidade do Futebol vá ser quem vai nos dar essa luz. Mas é conseguir misturar, é conseguir fazer porque não é a primeira vez que passa por períodos de renovação grandes de técnicos. Vamos voltar no começo dos anos 90, o Ênio Andrade no Cruzeiro foi campeão da Supercopa, mas não se sustentou em 1992. O Rubens Minelli assumiu o Santos em 1992 e parecia que aquela geração de Minelli, Ênio Andrade e Jorge Vieira estava acabando, aí o Telê Santana foi bicampeão do mundo. E naquele período, não chegou a passar técnico estrangeiro por aqui, mas, assim, parecem novidades absolutas e quando você se debruça na história é uma delícia. Descobrir que o Fluminense de 1938 a 1949 só teve técnicos estrangeiros, que no começo dos anos 50, o Santos, o Palmeiras, o São Paulo e o Flamengo tiveram técnicos estrangeiros. O Fluminense, o Vasco, o Ondino Vieira criou a camisa do Vasco, era técnico uruguaio que passou pelo River Plate. A história do futebol brasileiro é repleta disso. O técnico que criou a Academia do Palmeiras, era argentino. Por que a gente tem que achar que não pode ser aqui ou que tem que ser o técnico da seleção? Precisa ter um processo de formação de técnicos que melhore, que faça novas gerações chegarem mais se colocando. Tem bons técnicos dessa geração. O Jair Ventura fez bom trabalho, o Zé Ricardo fez já bom trabalho no Flamengo e no Botafogo, de outro estilo, o Roger, o Tiago Nunes, agora, eles não estão conseguindo se sedimentar nesse mercado. E a concorrência pode fazer bem para isso também.
1h01min15s - Eduardo Tironi: Essa é a conversa, é o o que o Arnaldo normalmente diz aqui que essa geração do Luxemburgo, vamos dizer assim, não que o Luxemburgo acabou, mas ficou um buraco assim, que essa nova geração não conseguiu preencher, salvo raríssimas exceções. Não é isso?
1h01min33s - Arnaldo Ribeiro: Exato, eu acho que é por isso que a palavra que o PVC usou de consolidar de fato, a gente teve lampejos. Você lembrou, Tironi, do Carille. O Carille pode virar o técnico de uma temporada só, como é que é isso?
1h01min47s - Eduardo Tironi: O Eduardo Amorim do novo milênio. Lembra? Ele foi campeão da Copa do Brasil em 1995 e depois não fez mais nada.
1h01min51s - Arnaldo Ribeiro: Eu não estou sacramentando o fim do Carille, acho que ele até via ter motivação para buscar outras coisas.
1h02min04s - Juca Kfouri: Para ele a melhor coisa que pode acontecer agora é, de fato, ir para o 'mundo árabe' ou para o mundo chinês ou para um mundo desses qualquer.
1h02min12s - Leonardo Bertozzi: Esses caras ficam muito bons de repente lá fora, não é? Alguém lembra daqui a pouco, vaga um cargo aqui e 'onde é que ele está? está lá'.
1h02min25s - Eduardo Tironi: Eu acho bizarro um cara que foi campeão paulista, foi campeão brasileiro com aquele time do Corinthians, com o trabalho que ele fez, ser um cara que da noite para o dia?
1h02min36 - Juca Kfouri: Mas veja como mudou a mentalidade em função do que o Sampaoli e o Jesus fizeram, porque, embora eu já tenha dado as minhas duas mãos à palmatória no episódio Carille no Galo, o fato de o nome dele correr por Belo Horizonte, a torcida do Galo não querer, dá a medida de que essa prudência não interessa mais.
1h02min56s - Paulo Vinícius Coelho: O ponto é exatamente esse, não se está discutindo neste momento a nacionalidade do técnico, o que ficou muito flagrante é a maneira de jogar que se deseja. Porque técnico estrangeiro nessa década passaram aos montes, o Diego Aguirre dirigiu o São Paulo, o Inter e o Atlético-MG, o Paulo Bento foi técnico português no Cruzeiro, o Ricardo Gareca passou pelo Palmeiras, o Lothar Matthaus antes passou pelo Athletico-PR, o Miguel Ángel Portugal e o Sergio Vieira pelo Athletico-PR, aos montes. O que ficou flagrante agora é que o Brasil quer jogar no ataque.
1h03min30s - Juca Kfouri: É isso!
1h03min38s - Eduardo Tironi: Perfeito! Bom, com essa última palavra do PVC, muito boa, a gente lamentavelmente.
1h03min48s - Juca Kfouri: Última Palavra é um programa que ele costuma participar. Foi bem hein, âncora! Se redimiu da queda do telefone, parabéns!
1h03min58s - Eduardo Tironi: Senhores, é uma pena terminar porque foi muito legal e a gente poderia ter ficado aqui mais umas três horas falando que seria muito legal. Obrigado, Léo, por ter vindo. PVC, apareça mais vezes, por favor.
1h04min05s - Juca Kfouri: Aliás, você prometeu que viria de corpo presente. Não pense que eu esqueci, não.
1h04min16s - Paulo Vinícius Coelho: Eu sei, eu vou tentar dia 13, mas não consigo garantir ainda.
1h04min20s - Juca Kfouri: Quero deixar claro para você que vou cobrar.
1h04min25s - Eduardo Tironi: Senhores, obrigado, foi muito legal, poderia ter ficado mais tempo aqui, mas temos prazo, temos que parar aqui e voltamos na semana que vem com mais um episódio do Posse de Bola.
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