United viu surra de Edmundo e Romário em farra no RJ com apoio flamenguista
Dois gols de Romário e um de Edmundo no primeiro tempo do confronto entre Vasco e Manchester United foram apenas parte do fiasco inglês em terras brasileiras no Mundial de 2000. A derrota por 3 a 1 no Maracanã, há exatos 20 anos, eliminou a equipe treinada por Alex Ferguson, que ficou até fora da disputa pelo terceiro lugar da competição.
A decisão de disputar o Mundial de 2000 foi polêmica. Para viajar ao Brasil e buscar o título do 1º Mundial de clubes organizado pela Fifa, o Manchester United, multicampeão na temporada 1998/99, abdicou da disputa da Copa da Inglaterra. Foi a primeira vez que o atual vencedor dissera não à competição mais antiga do futebol. Os motivos, entretanto, sobrepunham as quatro linhas e os resultados esportivos.
A vinda do Manchester para o Brasil foi tratada pela imprensa como um "missão diplomática", pois a Inglaterra buscava o direito de organizar a Copa do Mundo 2006. Brasil, Alemanha, África do Sul e Marrocos também pleiteavam a posição. Dessa forma, a presença inglesa no Mundial de 2000 era considerada obrigatória pela federação inglesa.
Na chegada do elenco ao Rio de Janeiro, local das suas três partidas, contra Necaxa (México), Vasco e South Melbourne (Austrália), os holofotes estavam sobre o astro David Beckham, então com 24 anos. A passagem pelo Brasil seguiu nessa toada. Hospedados em São Conrado, zona sul do Rio, os jogadores do Manchester tentaram, mesmo que timidamente, curtir a praia.
Antes mesmo da estreia, segundo relato da Folha de S.Paulo, o atacante Andy Cole afastou uma fã mexicana que tentou se aproximar de Beckham no calçadão. O próprio meio-campista havia dado uma demonstração de frieza ao descartar o uso de um boné do Flamengo colocado por um torcedor ainda no saguão do aeroporto.
A recepção, inclusive, foi sob festa. A "Fla-Manchester", torcida formada por integrantes de uma organizada do Flamengo, contou com cerca de 60 membros no local e ainda levou oito modelos de uma agência contratada. Esta era a segunda vez que os rubro-negros se mobilizavam contra o rival Vasco. Em 1998, para a final do Mundial, criaram a "Fla-Madrid" para secar o time cruz-maltino na partida contra o Real Madrid, da Espanha.
Dentro de campo, o Manchester e Beckham, sobretudo, decepcionaram desde a estreia, contra o Necaxa, na preliminar do duelo Vasco x South Melbourne. Os mexicanos abriram o placar no primeiro tempo e viram o astro inglês ser expulso depois de dar uma "solada" no adversário no fim da etapa final. Yorke, entretanto, amenizou a situação ao marcar o gol de empate nos minutos derradeiros.
Sem Beckham, mas com o restante do seu time principal, o Manchester não resistiu ao Vasco de Antônio Lopes. Para construir o placar, o time carioca contou com duas falhas decisivas do lateral-direito Gary Neville. Na primeira, errou um passe na defesa e serviu Edmundo, que deixou Romário livre para abrir o placar. Na segunda, o inglês errou um recuo ao goleiro e viu Romário aproveitar a chance para fazer 2 a 0.
No fim do primeiro, Edmundo marcou o gol mais bonito da partida ao aplicar um drible de costas no zagueiro Silvestre e bater na saída do goleiro. O Vasco diminuiu o ímpeto no segundo tempo e sofreu o gol de honra, marcado por Butt.
A atuação de Romário e Edmundo neste jogo, que ficou na memória dos torcedores cruz-maltinos, é considerada uma das maiores da história da dupla, que, à época, não vivia clima de paz, mas acertaram uma "trégua" para a disputa do Mundial. Pouco tempo depois disso, as desavenças voltaram à tona, primeiramente, por conta da braçadeira de capitão e, posteriormente, devido à cobrança de um pênalti, em São Januário.
As rusgas ficaram eternizadas pelas palavras dos dois. Edmundo, ao responder sobre o fato de Romário ter cobrado o pênalti, se referiu ao então companheiro como "príncipe" e a Eurico Miranda, presidente do Vasco, como "rei". No jogo seguinte, ao balançar a rede e assumir a artilharia do Campeonato Carioca, o camisa 11 disse que, agora, estava "todo mundo feliz: o rei, o príncipe e o bobo".
Mesmo com a eliminação do Manchester, Ferguson disse que o então campeão europeu, inglês e da Copa Intercontinental tinha o melhor time da competição. "Estou frustrado. Não quer dizer que o Vasco não seja bom, mas cometemos erros muito grandes. Se o jogo fosse em Manchester, o resultado seria diferente", afirmou o técnico.
Mas a equipe de Ferguson não conseguiu nem mesmo uma vaga na decisão do terceiro lugar. Depois de derrotar o South Melbourne por 2 a 0 com reservas, o Manchester assistiu à vitória do Vasco por 2 a 1 sobre o Necaxa. Com saldo superior, os mexicanos ganharam o direito de jogar a decisão pela terceira colocação.
De volta à Inglaterra, o Manchester United garantiu outro título do Campeonato Inglês, com grande vantagem sobre o Arsenal, o segundo colocado. Na temporada seguinte, o time de Ferguson conquistou o terceiro nacional consecutivo.
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