No episódio #15 do podcast Posse de Bola, os jornalistas Arnaldo Ribeiro, Eduardo Tironi, Juca Kfouri e Mauro Cezar Pereira contaram com a participação de Paulo Andrade e Paulo Vinícius Coelho, o PVC, e debateram a postura do Flamengo, que faz as principais contratações do mercado para a temporada 2020 e, não apenas se reforça, mas também impede que outros clubes consigam fechar com jogadores importantes.
Mauro Cezar Pereira afirma que o Flamengo vem seguindo numa postura de contratações no mesmo modo que o Palmeiras agia com Alexandre Mattos nas últimas temporadas, antes de sua saída no final de 2019.
"O Flamengo não só está se reforçando mas está fazendo algo que o Palmeiras fez com muita frequência em tempos recentes, com o Alexandre Mattos. Não deixar para ninguém", afirmou o jornalista.
"E o Palmeiras que é o clube que poderia estar enfrentando o Flamengo no mercado, vive um momento de transição, uma era pós-Alexandre Mattos, tentando também otimizar um pouco mais a utilização de seu elenco, às vezes subaproveitado, a questão também dos jogadores da base e isso faz com que o Flamengo fique sozinho no mercado", completou Mauro.
Com os reforços já contratados, como Gustavo Henrique, Pedro Rocha e Michael, além de Thiago Maia, que está próximo de ter seu acerto confirmado, além de negociações com o atacante Pedro e a tentativa de renovação com Gabigol, o time carioca assume a condição de se distanciar dos rivais no país.
"A tendência é que aumente (a distância) porque as contratações são boas", analisa Mauro Cezar.
O episódio também abordou os primeiros esboços dos clubes paulistas, com o São Paulo tendo Hernanes como possível titular no meio de campo, o Palmeiras com Vanderlei Luxemburgo podendo testar Felipe Melo como zagueiro e o Corinthians que dispensou Ralf e Jadson.
No terceiro bloco, o podcast teve uma projeção do ano de Neymar no Paris Saint-Germain depois de mais uma boa atuação do jogador brasileiro no fim de semana contra o Monaco.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
A gravação do Posse de Bola está marcada para segundas-feiras às 9h, sempre com transmissão ao vivo pela home do UOL ou nos perfis do UOL Esporte nas redes sociais (YouTube, Facebook e Twitter). A partir de meio-dia, o Posse de Bola estará disponível nos principais agregadores de podcasts.
Você pode ouvir o Posse de Bola em seu tocador favorito, quando quiser e na hora que quiser. O Posse de Bola está disponível no Spotify e na Apple Podcasts, no Google Podcasts e no Castbox . Basta buscar o nome do programa e dar play no episódio desejado. No caso do Posse de Bola, é possível ainda ouvir via página oficial do UOL e YouTube do UOL. Outros podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts.
Confira abaixo a íntegra do Posse de Bola #15:
BLOCO 1
0min10s - Eduardo Tironi: Olá, sejam muito bem-vindos ao episódio número 15 do podcast Posse de Bola. Eu sou Eduardo Tironi e ao meu lado estão, como sempre, os meus amigos Arnaldo Ribeiro e Juca Kfouri. O Mauro Cezar não está no estúdio hoje, mas vai participar já já com a gente ao vivo. PVC gostou tanto de ter participado semana passada, que ele exigiu participar de novo hoje e ele vai entrar no segundo bloco. Agora, Juca, você sabe que por anos eu participei do Linha de Passe da ESPN como comentarista e eu sempre fui interrompido pelo apresentador, que não deixava eu falar muito. Como hoje, eu sou âncora, eu vou me vingar do Paulo Andrade, que está no estúdio hoje com a gente como comentarista.
1min00s - Juca Kfouri: Olha, que coisa maluca. Até deixou a barba um pouco por fazer, pra ficar mais sério.
1min07s - Paulo Andrade: Pra ficar mais parecido com o Juca. Ou como um comentarista de respeito, porque ancorar qualquer um faz, comentar que é difícil.
1min13s - Eduardo Tironi: Pois é, estamos aqui com Paulo Andrade, apresentador e narrador dos canais ESPN, hoje no papel de comentarista. Bom, hoje no primeiro bloco, a gente vai falar do maior bicho-papão do mercado, o Flamengo. Alguém cogita contratar algum jogador, o Fla vai lá e pá, contrata.
1min32s - Juca Kfouri: Como o Palmeiras fazia, né?
1min34s - Eduardo Tironi: Pois é. E a pergunta é se a distância do Fla com relação aos outros aumentou com relação ao ano passado. No segundo bloco, a gente vai debater o seguinte: por que a gente tem tanta boa vontade com o Diniz e o Tiago Nunes, e não tem nenhuma com o Luxa? E vamos debater o que cada um fez, o que cada um falou durante essa semana. Qual o caminho que cada um do trio de ferro vai tomar.
1min56s - Juca Kfouri: Estou vendo que a reunião sua com o Arnaldo foi realmente brilhante.
2min00s - Eduardo Tironi: Foi. E no terceiro bloco, para a alegria do nosso convidado especial Paulo Andrade.
2min07s - Juca Kfouri: Falar do Liverpool?
2min00s - Eduardo Tironi: Vamos falar do Neymar.
2min07s - Arnaldo Ribeiro: Tironi, sempre, de alguma forma nas pautas do Linha com o Paulo Andrade comandando tinha lá o bloco Neymar.
2min17s - Paulo Andrade: Sempre defendi.
2min19s - Arnaldo Ribeiro: Sempre defendeu. Agora, acho que ele tem motivo para defender um pouquinho.
2min22s - Juca Kfouri: Sem dúvida. Depois eu vou contar um episódio de hoje da Folha de S. Paulo, uma carta do leitor sobre o Neymar.
2min34s - Eduardo Tironi: Bom, então Paulo Andrade, como eu sou o âncora, meu programa, minhas regras, eu vou começar com o Mauro Cezar, que já está com a gente.
2min42s - Juca Kfouri: Já está o Maurinho?
2min44s - Eduardo Tironi: Já está.
2min42s - Juca Kfouri: Está de férias?
2min46s - Eduardo Tironi: O Mauro está voltando semana que vem.
2min50s - Juca Kfouri: Impressionante
2min51s - Eduardo Tironi: Mauro, tudo bem?
2min53s - Mauro Cezar Pereira: Tudo bem. Férias totalmente, não. Agora, eu vou entrar de sola, âncora. Você está de sacanagem de falar que aqui não há boa vontade com o Luxa, né? Só pode ser piada. É essa a pauta que você faz invadindo a madrugada, âncora?
3min08s - Eduardo Tironi: Mauro em grande fase, eu gosto.
3min11s - Mauro Cezar Pereira: O que mais há é boa vontade com o professor Luxemburgo, o cara foi elogiado até quando fez um 4 a 4, foi foi elogiado, até eu defendi a volta dele à seleção já que é tão bom, aqui mesmo no Posse de Bola. Falar que não há boa vontade com o Luxemburgo, é brincadeira, hein âncora.
3min28s - Paulo Andrade: Como é bom estar deste lado aqui, tá vendo? Ancorar é?
3min33s - Eduardo Tironi: Mauro, dada a sua machadada inicial, a minha pergunta é: a distância do Flamengo para todo mundo aumentou? Só o Flamengo contrata, ninguém faz mais nada.
3min44s - Mauro Cezar Pereira: A tendência é que aumente porque as contratações são boas. O Flamengo contratou um zagueiro mais jovem do que o Rhodolfo, que foi pro Coritiba, e que não tem um histórico de lesões do já veterano zagueiro que deixa o clube, que ficava mais fora de combate do que a disposição, e foi contratado sem custos. O Flamengo contratou dois atacantes rápidos, o Michael e o Pedro Rocha. O Flamengo conseguiu — já está certo, falta só confirmar oficialmente — o Thiago Maia, que é um volante para dar uma opção melhor que o Piris da Motta, que é muito limitado, o Thiago tem mais recursos, é um jogador que estava cavando para jogar no Flamengo mais ou menos há um ano, dizendo que é rubro-negro e coisa e tal, chega só pelo salário, ou seja, não tem que pagar mais nada. Então, são negociações interessantes, manteve a base. Uma série de fake news aí de Bruno Henrique ter proposta, não tem proposta nenhuma até agora. Pode até surgir, mas não tem nenhuma por enquanto. Também não existe nada com relação ao Tottenham e o Gerson, é outra história que não bate pelo menos com aquilo que eu apurei. Quanto custaria pra tal clube contratar, digamos, esses jogador? É uma sondagem, aí o cara pega, 'por tantos milhões eu vendo', aí o cara chega lá e oferece para o clube, lá na Inglaterra, na Espanha, seja onde for. Olha, se você quiser esse jogador aqui, com tantos milhões a gente consegue fazer negócio. Não tem proposta, isso aí é tentativa de negócio que parte muitas vezes de empresários, de agentes, pessoas que atuam no mercado. Proposta mesmo, não surgiu. Tanto pelo Bruno Henrique, como também em relação ao Gerson. Proposta não há, pode ter uma sondagem, alguém querendo fazer negócio, é muito natural que seja assim. E outra história também que rolou é que havia uma desavença entre os diretores do Flamengo com relação ao Michael. Não houve desavença nenhuma, outra fake news. E tome fake news hein, está demais. Está pesado o negócio, o Flamengo dá audiência pra cacete, então o que tem de nego inventando notícia, é uma festa. Não tem nada disso. Na verdade, todo o comitê gestor do futebol aprovou a contratação do jogador, um investimento pesado, de fato alto, a gente pode até discutir isso, 7,5 milhões de euros, num jogador que teve aí um Campeonato Brasileiro, parte dele muito bom, que é o Michael. As desavenças do Flamengo a gente já explicou isso no dia 2 de janeiro, no meu blog no UOL Esporte. Eu detalhei isso logo depois que estourou aquela bomba da demissão do Paulo Pelaipe, a história é aquela lá, o resto é conversa fiada. Agora, o time está mais forte, então a tendência, de fato é ficar mais forte em 2020 do que em 2019.
6min28s - Juca Kfouri: Mauro, você esqueceu de mencionar o Pedro, não é?
6min32s - Mauro Cezar Pereira: É que ainda não está fechado, mas há uma possibilidade grande. Ontem eu conversei com uma pessoa, Juca, que participa das negociações e me deu a seguinte formação: há muito otimismo com relação ao Pedro e com relação também ao Gabriel, o Gabigol, no caso da permanência dele. E é possível que tenhamos as novidades hoje ou amanhã com relação a esses jogadores, no plural. E Está muito claro o seguinte, o Flamengo não só está se reforçando mas está fazendo algo que o Palmeiras fez com muita frequência em tempos recentes, com o Alexandre Mattos. Que é não deixar pra ninguém. Como tem condições de fazer investimentos e com a venda do Reinier que já está acertada, o Real Madrid vai meter 35 milhões de euros nessa negociação, com comissões e com tudo e vai desembolsar essa quantia, e o Flamengo vai receber R$ 120 milhões, alguma coisa em torno disso, o Flamengo está com mais condição ainda de fazer esse tipo de negócio. A meta do Flamengo em negociação de jogadores no orçamento para 2020, eram cerca de R$ 80 milhões em venda de jogadores. Vai passar muito disso aí com a venda do Reinier, então o clube tem de fato condições hoje de fazer isso e acho que aí entra essa questão justamente de fechar caminhos para que rivais possam se fortalecer. E o Palmeiras o que é o clube que poderia estar enfrentando o Flamengo no mercado, vive um momento de transição, uma era pós-Alexandre Mattos, tentando também otimizar um pouco mais a utilização de seu elenco, às vezes sub-aproveitado, a questão também dos jogadores da base e isso faz com que o Flamengo fique sozinho no mercado nessas disputas, que nem são disputas, na verdade, ele vai lá, contrata e acabou.
7min59s - Arnaldo Ribeiro: É verdade, porque trazendo o Michael, ele enfraquece o Corinthians. Trazendo Pedro, ele enfraquece o Grêmio. São potenciais adversários ali, além do Palmeiras.
8min10s - Juca Kfouri: E o Palmeiras, ao que tudo indica, neste momento é mais vendedor do que comprador.
8min17s - Eduardo Tironi: Paulo Andrade, Renier ou Michael? Porque um vai embora e o outro vai chegar.
8min25s - Paulo Andrade: Tecnicamente falando? São jogadores promissores, ambos são promissores. Eu acho o Michael, um jogador promissor. O Flamengo faz uma aposta, eu acho que até a contratação do Michael é um pouco diferente dessas todas outras que o Flamengo vem fazendo e já vinha fazendo para se reforçar do jeito que se reforçou, porque o Flamengo vinha na linha de jogadores já experimentados, consagrados. Chance maior de dar certo. Eu acho que todas essas contratações recentes feitas pelo Flamengo o Michael é a maior aposta, porque, apesar da pouca idade, tem essa coisa de ter aparecido num único campeonato como disse o Mauro. Repito, a pouca idade eu acho que joga em favor dele, mas nós tivemos já na história do futebol brasileiro, jogadores assim que surgiram apareceram num campeonato, de repente, foram contratados por grandes marcas, grandes camisas, e acabaram não rendendo.
9min20s - Arnaldo Ribeiro: É um outro peso, outro negócio.
9min23s - Paulo Andrade: Claro, em proporções diferentes, mas Val Baiano, Josiel. Beto Acosta, Dill, todos eles fizeram um grande campeonato, foram badalados, comprados por grandes times, grandes marcas e acabaram não rendendo aquilo que vinham rendendo nas marcas menores. Então eu acho que esse é o ponto de interrogação que envolve o Michael. Mas todas outras contratações que o Flamengo vem fazendo são contratações de jogadores que têm tudo para dar certo.
9min50s - Juca Kfouri: Agora, o Michael já é mais maduro, né, Paulo? 22 anos, já passou por provas, entre outras coisas no próprio Maracanã, jogando contra time grande, indo pra cima. Ele me parece de um atrevimento fruto já de uma maturidade de quem comeu o pão que o diabo amassou. A entrevista dele disse, 'olha, quem viveu o que eu vivi, não tem o que me assuste'. Eu acho que isso faz sentido. Eu tenho poucas dúvidas sobre o acerto dessa contratação. Claro que toda contratação tem uma porcentagem de aposta, mas eu acho que dessas é das apostas mais seguras nos últimos tempos.
10min40s - Arnaldo Ribeiro: Eu acho que tem as lembranças mais recentes de dois jovens que brilharam no Goiás e no jeito de o Goiás jogar, que o Goiás tem um jogo sempre veloz, contra-ataque, que foram o Erik, que foi para o Palmeiras, que fez um campeonato muito bom, fez muitos gols e não conseguiu repetir, e o próprio Carlos Eduardo, guardando as proporções, que também veio para o Palmeiras e é aquele negócio, eu também aposto no Michael, mas quando você coloca a camisa de um time desse, fica exposto, se quebrar o dedinho do pé, a unha do pé, todo mundo vai ficar sabendo.
11min19s - Eduardo Tironi: Mas tem exemplos diferentes também. Do Goiás mesmo, o Danilo saiu do Goiás, foi para o São Paulo e depois para o Corinthians e virou um jogador imenso.
11min26s - Arnaldo Ribeiro: Então, mas esses aí mais rodados e com menos expectativa. Jogadores com mais, 25, 26.
11min34s - Juca Kfouri: Em relação a isso, é verdade. Embora, eu ache que o Erik foi muito mal utilizado no Palmeiras. Ele fez um bom campeonato também no Botafogo. Não é tudo aquilo que a gente imaginava. Mas também ele não foi o Michael, não era a mesma coisa. Eu vou dizer uma coisa que pode soar como uma profunda heresia. Entre o Luan e o Michael, eu torcia mais para o Corinthians trazer o Michael.
12min06s - Arnaldo Ribeiro: É um bom ponto.
12min08s - Eduardo Tironi: E aí Mauro, que se achou do Michael?
12min11s - Mauro Cezar Pereira: Eu acho que é um investimento de um certo risco, um risco evidente, são 7,5 milhões de euros, um jogador que não foi tão decisivo no campeonato, não foi tão regular, teve alguns grandes momentos, um deles contra o Flamengo, que estava 2 a 0 pro Flamengo lá no Serra Dourada e ele empatou o jogo, ele que mudou tudo, aproveitando bem ali o Rodinei, que aliás é outro reforço do Flamengo, o Rodinei foi para o Internacional emprestado. Não é zoeira, é uma realidade, o Rodinei é um jogador defensivamente desastroso, vamos ver se o Eduardo Coudet consegue ensiná-lo a jogar como lateral, como defensor, porque ele não sabe. E o Michael aproveitou muito bem toda aquela avenida, aquele Boqueirão, como diria o Gerson 'Canhotinha' e empatou o jogo jogando muito bem. E jogou bem até naquele 6 a 1 do Maracanã, que o Flamengo goleou, mas enquanto o jogo ainda estava indefinido, ele era o cara que mais dava trabalho e foi talvez o primeiro jogo que ele tenha chamado a atenção de todos, um jogo fora de casa, o Flamengo estreando o Jesus no Maracanã, e ele foi bem ali. Mas ele não foi um jogador tão regular. Ah, mas o Goiás não é tão forte, em contrapartida, o Goiás jogava em função dele, atuava com pouca posse de bola, fechado, em velocidade, era um pouco favorável a ele. Então é um negócio de risco, por outro lado, eu se fosse dirigente seria um cara mais conservador, eu não faria esse investimento todo, não. Eu tentaria negociar de outra forma, 50% dos direitos, não colocaria essa bolada toda, mas a diretoria do Flamengo tem outra postura e vai lá e investe 7,5 milhões de euros em 80%. Aliás, o Goiás queria 8 milhões, acabou ganhando essa queda de braço no final o Flamengo. Agora, o Flamengo pode fazer isso hoje, essa é a questão, o Flamengo tem condições de arriscar nesse jogador, que pode ser um tiro no pé e pode ser um sucesso total. Ele tem uma característica que ninguém tem no elenco, é um cara de velocidade e drible, porque o Bruno Henrique não é velocidade e drible, é velocidade e finalização, cruzamento, vai pra dentro. O Vitinho é um cara que dribla e finaliza, e cruza. Ele não, é um cara com uma outra característica em relação aos outros jogadores do elenco. O próprio Pedro Rocha também não é um driblador como ele, também um cara rápido, mas de jogar buscando a finalização da jogada, então ele é uma opção a mais pro elenco e tem uma questão também, é um cara que não teve praticamente base, tipo o Liedson, esses caras que surgem de repente, da várzea, é um cara com uma história de vida bem complicada, teve muitos problemas aí pessoas e que talvez agora, um pouco tardiamente, ele consiga seguir um caminho. Então o Flamengo faz um negócio arriscado, mas que pode fazer, tem condições de fazer. E o caso do Reinier, o Flamengo fez um ótimo negócio, porque o Reinier sairia de graça no meio do ano, não fosse a renovação de contrato em novembro do ano passado, prorrogada até 2024, e aí a multa rescisória que era de 70 milhões, caiu para 30 milhões agora no começo do ano, 35 milhões no meio de 2020, e se não fosse negociado até lá, voltaria a 70 milhões. O Flamengo vai vender por 35 milhões, vai ficar com perto de 30 milhões de euros, algo em torno disso. Na verdade tem 80%, um pouco menos, perto disso. Vai dar um pouco menos de 28,8 milhões, mais ou menos perto disso o Flamengo vai embolsar. Caso contrário, o Flamengo não teria nada. Como o Gustavo Henrique está saindo do Santos e o Santos não está levando nada, como o Lucas Lima saiu do Santos e o Santos não levou nada, então acabou o Flamengo salvando a pátria. Até achei muito desconectado da realidade a crítica que o Jorge Jesus fez lá em Portugal, uma dessas muitas entrevistas que ele dá à imprensa portuguesa durante as férias, falando que o Flamengo vendeu mal o Reinier. Não vendeu mal, não. Talvez o Jesus não entenda muito bem como as coisas funcionam, quando o jogador faz o contrato, o tempo de contrato, como se estipula a multa rescisória. Se o Flamengo bate o pé para colocar uma multa de 70 milhões, os representantes do Reinier, aliás, o empresário dele é o Giovanni Bertolucci, que é um cara muito poderoso no mercado, eles vão falar o seguinte: 'nós não renovamos'. Vai empurrando com a barriga, chegava no meio do ano e assinava um pré-contrato com o Real Madrid, pegava a bolada e o Flamengo ficava a ver navios. Então não tem jeito, esses garotos de 17, 18 anos quando são desejados, Vinícius Júnior, Reinier, Rodrygo, não tem como segurar. É muito difícil porque tudo favorece ao jogador e ao seu empresário. Porque são jogadores observados na base desde 15 anos de idade, 14 anos de idade, os caras já estão de olho neles. Então eu acho que o Flamengo fez um bom negócio, dentro das circunstâncias. Comparar como fez Jesus as negociações do Benfica com os do Flamengo ou qualquer clube brasileiro, é esquecer que o Benfica fica lá em Lisboa, Lisboa fica em Portugal, Portugal fica na Europa, então é completamente diferente à venda do João Félix, por exemplo, que já era do profissional do Benfica, jogando competições importantes, fazendo gols, indo para a seleção portuguesa, ele está num estágio acima do Reinier e é português. A partir do momento que o Reinier vá para o Real Madrid, se ele começar a se destacar, já passa a valer mais. Infelizmente, essa realidade do mercado.
16min54s - Eduardo Tironi: Então, eu queria emendar com o Paulo Andrade e com o Mauro também, com relação ao Jorge Jesus. De fato, ele deu umas entrevistas em Portugal, não sei se fora do tom é a palavra, mas falando, falando um monte de coisas.
17min07s - Juca Kfouri: É o tom dele. Converse com os jornalistas portugueses que dizem que é exatamente assim.
17min12s - Eduardo Tironi: Isso é algum problema, vocês acham?
17min14s - Juca Kfouri: É o jeito dele, a personalidade dele. Não tenho muita dúvida quanto a isso. A minha preocupação em relação a ele é apenas uma, de ele se achar maior que o Flamengo, ele não é maior que o Flamengo, Mas ele está cheio de gás, com todos os motivos, por todas as razões.
17min34s - Paulo Andrade: A impressão é de até um, não no pior sentido da palavra, mas de um deslumbramento, porque ele está vivendo na carreira dele algo que ele não passou perto de viver até aqui dirigindo os clubes mais importantes do país dele. Ele está puxando tudo o que ele pode para o lado dele, toda a sardinha do mundo pro lado dele. Então, tudo o que ele pode falar para aumentar ainda mais esse momento que ele está vivendo, ele está falando.
18min00s - Arnaldo Ribeiro: Para mim, eu concordo com você. Acho que tem a questão maio. Sempre em toda entrevista é maio, maio. Essa é a grande preocupação do Flamengo hoje é, e depois de maio? E se for embora em maio? E se não ficar até o final da temporada? Porque maio, que é o final do contrato dele atual representa na realidade o início da temporada do futebol brasileiro pra valer. No Estadual, para o Flamengo não conta muito, vai começar o mata-mata da Libertadores em maio, o Campeonato Brasileiro.
18min36s - Juca Kfouri: Com um agravante. Eu sempre tenho dúvidas se é um agravante ou uma agravante. Mas, enfim, não importa, seja como for, a saída do Pelaipe é a saída de alguém que o tinha muito próximo e que, de alguma maneira, exigirá a partir de agora que o Flamengo o trate como se trata alguém com luvas de pelica. Mister, como se estivesse numa redoma, e isso não é exatamente o melhor dos mundos. A relação com o Pelaipe, segundo me dizem, é uma relação a essa altura quase fraterna, de muita intimidade, e que se rompe. Eu não sei em que medida, aí o Mauro é capaz de ajudar a gente, até a declaração sobre a venda do Reinier, que de fato é uma declaração extemporânea, não tenha a ver com a saída do Pelaipe e foi uma maneira de ele dar uma cutucada.
18min47s - Eduardo Tironi: É isso, Mauro?
19min49s - Mauro Cezar Pereira: Eu acho que é possível, sim, âncora. Que o Juca tenha tocado num ponto até tipo um recado, 'vocês mexem no Departamento de Futebol e tiram uma pessoa próxima a mim?'. Porque qual era o papel do Pelaipe ali? Pelaipe era hoje um gerente de futebol, não participava de contratação, nada disso, ele é o cara do dia a dia, chegando cedo no CT e convivendo com a comissão técnica e os jogadores. O vice de futebol Marcos Braz, ele não vai todo dia no CT, não fica todo o tempo lá. Então serve até como uma espécie de um meio-campo para evitar o desgaste da convivência diária, todo dia do dirigente com o técnico, que embora ele pareça às vezes agir como se não fosse, ele é funcionário do clube. O patrão é o cartola. Embora ele tente inverter a mão, aliás, rola muito também aquela coisa do colonizador na postura do Jorge Jesus e dos coleguinhas de Portugal muitas vezes. A gente ouve cada coisa, parece que Portugal? os técnicos portugueses são sensacionais, tem vários ótimos, o futebol português não é o futebol que manda no planeta Terra, também não é assim, vamos com calma. Tem um deslumbramento e também uma vocação para diminuir o Brasil, os brasileiros e se colocar num patamar de superioridade que é um negócio até meio cretino de parte da imprensa portuguesa, ouço umas bobagens assim que chegam a assustar. E o Jesus de vez em quando embarca um pouquinho nessa coisa do colonizador também, como se ele estivesse levando o futebol para o Brasil, ele chegou com as caravelas, 'está aqui a bola, vou ensinar essa porra pra vocês', não bem é assim. Acho que falta inclusive uma conversa do presidente do Flamengo, não sei se vai haver, com ele sobre isso, deveria ter essa conversa agora no dia 20 ele vai voltar Brasil, dia 27 o elenco se reapresenta, sentar e falar: 'Jesus, o que está pegando? Essa história do Reinier você tem noção de como funciona? Me dê uma alternativa, na próxima negociação eu vou chamar você pra fechar o acordo com o Real Madrid ou seja lá quem for. Eu acho que é necessária uma conversa. Interna, não precisa jogar para a arquibancada, muito pelo contrário. Mas é possível que seja um recado sim porque o Pelaipe era um cara próximo. E a demissão do Pelaipe é meramente política. Inclusive aqueles argumentos que foram apresentados, até que eles vazaram pela imprensa, de que havia repetição, pessoas demais para determinadas funções, é cascata, tremenda cascata. Essa é a versão oficial, isso é conversa fiada e conversa fiada da diretoria do Flamengo, vazada pelo Landim ou pelo Gustavo Oliveira, que é o vice-presidente de marketing e comunicação. Tinha nada disso, a função do Pelaipe não tinha nada a ver com os caras que fazem parte da comissão técnica do português, do Jorge Jesus.
22min24s - Juca Kfouri: O bicho para os funcionários. Ah, para com isso! Evidentemente tem uma briga aí pela presidência.
22min31s - Mauro Cezar Pereira: O Marcos Braz, ele é vice de futebol porque o Landim se elegeu a partir de uma espécie de coalizão, se juntando a vários grupos políticos do Flamengo. E ele só foi colocado na vice-presidência, já com o Landim já eleito, o Abel já era o técnico escolhido e tudo mais. O temor desse grupo político é o quê? É o Marcos Braz continuar crescendo, ele está muito forte, inclusive junto ao torcedor, e virar um candidato em potencial. Hoje seria. Então tem muita briga política aí.
23min04s - Eduardo Tironi: Ele tem muita força com as organizadas, não tem?
23min06s - Mauro Cezar Pereira: Tem também, mas acho que a questão nem são as organizadas, é o torcedor geral mesmo, o torcedor sabe que o Marcos Braz foi o dirigente que tomou a frente, conseguiu fazer bons negócios junto com o Bruno Spindell, é um funcionário do clube, é um diretor remunerado, e evidentemente isso preocupa. Então, os caras não se bicam. E o Pelaipe foi meio que vítima aí de um fogo-cruzado político. Agora, aquela história que havia de sobreposição de funções, isso é conversa fiada, não tem nada disso. Aliás, o presidente do Flamengo não falou a respeito disso até agora, ele que tomou a decisão, pelo menos essa foi a versão oficial do clube. E pode ser que seja, de fato, uma resposta do Jorge Jesus porque a decisão foi tomada sem que o Marcos Braz soubesse e muito menos o Jorge Jesus. O que mais preocupa o Flamengo hoje é essa parte política e essa briga interna.
23min54s - Eduardo Tironi: Pois é, eu acho que eu entendo que os rivais, já que nas contratações, na grana, no futebol não estão conseguindo em constatam, torcendo para acontecer um negócio diferente alí no Flamengo para vencer a maionese desanda. Agora, a minha pergunta.
24min13s - Arnaldo Ribeiro: Ou ter algum conflito que impeça a continuidade do Jesus, ou ter um conflito interno que tenha outras.
24min20s - Juca Kfouri: A má notícia que eu daria para esses que estão nessa torcida, eu posso estar redondamente enganado e não será a primeira vez. Porém, eu acho que mesmo que o Jorge Jesus saia, mesmo que ele saia, seja agora, seja em maio, seja quando for, com o grupo que o Flamengo montou e com o que esse grupo já foi capaz de mostrar, ninguém vai chegar e vai mudar tudo no Flamengo.
24min48s - Eduardo Tironi: Pois é, era exatamente isso o que eu queria perguntar. Você acha que é sair o Jesus e o negócio desmonta todo?
25min54s - Juca Kfouri: Nada
24min57s - Paulo Andrade: Não, mas faz diferença. O dia a dia, a condução do trabalho, a condução do grupo, é um grupo com jogadores experientes, cobras criadas. A condução do trabalho no dia a dia faz a diferença, mas eu concordo com o Juca. O Flamengo está tão ajeitadinho e até para voltar no Michael, não tem lugar melhor para aparecer uma promessa do que o Flamengo nesse momento. É diferente você ser contratado como uma promessa para ter de resolver todos os problemas de um clube com problemas pesadíssimos, não é o caso.
25min28s - Juca Kfouri: Bote o Michael aos 15 do segundo tempo. O Bruno correu muito hoje, bota o menino aí para jogar.
25min38s - Paulo Andrade: É o melhor dos mundos para jogador e para um possível novo técnico.
25min43s - Juca Kfouri: Ah, o Jesus foi embora? João de Deus, vem cá! Queres ficar no lugar do seu mestre? Por que não? Ah, não é assim.
25min51s - Eduardo Tironi: E tem o Sampaoli morando no Rio.
25min53s - Juca Kfouri: Isso, não é à toa que ele se recusa a qualquer outro lugar.
26min00s - Eduardo Tironi: Mauro, queremos finalizar. A gente não quer também ficar abusando de você. O que você acha dessa história? Saiu Jesus, como você mesmo disse, não é que ele trouxe o futebol para o Brasil, muda alguma coisa? Vai mudar completamente o cenário, o que você acha?
26min15s - Mauro Cezar Pereira: Eu acho que faria muita falta, evidentemente, como já falei há algum tempo, o técnico saindo, a tendência, buscar outro português, outro estrangeiro, prioritariamente um português, acho que aí teria que ser um técnico com o perfil minimamente próximo do Jorge Jesus, só que eu não acredito que ele saia. Aliás, desde que desembarcou no Brasil, falam que ele vai embora. Já inventaram história de violência, 'ah ele está com medo da violência'. Tá, ele não sabia que o Rio de Janeiro, e que o Brasil é violento, ele não sabia, ficou sabendo como chegou no aeroporto do Galeão e falaram 'olha, aqui o bicho pega'. Não, o cara veio de Saturno e não sabia. É óbvio que ele sabia que o Rio de Janeiro é violento, ele anda num carro certamente blindado, vive na bolha da Barra da Tijuca, ali naquela região, deve morar num belo apartamento, num condomínio bacana, vai naqueles bons restaurantes. Ele não vive o dia a dia do cidadão que pega o trem lotado, que pode ser assaltado ou bala perdida, como a rotina do Rio de Janeiro, infelizmente, apresenta para o cidadão comum. Ele vive uma situação atípica, como os jogadores de futebol também, que ganham salários astronômicos e jogam num grande clube. Então isso foi utilizado como caça-clique em dado momento. Veio lá de Portugal essa cascata e outras tantas já apareceram. Agora, me digam, para onde que vai o Jesus? Ele sempre diz 'se pintar um clube clube que queira me contratar e que me dê a chance de ganhar a Champions League'. Isso é óbvio, é natural, se eu fosse ele, sairia correndo, seja lá de qual clube sul-americano fosse, o Boca, River, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Inter, não importa, para um Barcelona ou Real Madrid. Agora, hoje por exemplo, o Barcelona está para demitir a qualquer momento seu técnico, já falou no Xavi, o Xavi falou que não quer e essa coisa toda, e alguém fala do Jesus? Não, ele é um nome que nem está no páreo. Poderia até surgir, de repente, seria surpreendente. E o único clube onde o nome dele foi realmente colocado na pauta, foi o Everton, colocado por empresários, entre eles o Kia Joorabchian, e também outro português também, o Vitor Pereira, que está na China, foi colocado, ele até ficou mais próximo. E acabaram fechando com quem? Com o Ancelotti, mesmo em baixa, foram buscar um técnico italiano, com história, história na Premier League, inclusive, foi campeão várias vezes na Europa e essa coisa toda. Então, o Jesus hoje não é um técnico que vá competir por uma vaga num desses times de elite da Europa, no mercado internacional, seria surpreendente se surgisse.
28min30s - Arnaldo Ribeiro: O Marcelo Gallardo.
28min32s - Mauro Cezar Pereira: O Marcelo Gallardo tem até alguma chance
28min34s - Arnaldo Ribeiro: Tem mais idade, mercado e potencial mesmo vice-campeão da Libertadores até que o Jesus, pelo contexto.
28min42s - Mauro Cezar Pereira: O Jesus, Arnaldo, ele é uma novidade muito boa para nós no Brasil. Mas para os europeus, é um técnico conhecido, bem conhecido. Pode surgir? Claro que pode surgir a oportunidade, tem gente que trabalha nessa situação, tentando encaixar o técnico num grande clube. Mas essa possibilidade hoje é meramente teórica, então por que ele sairia? Salvo aí uma proposta mirabolante ou um grande aborrecimento, acho que não tem sentido ele sair, pelo contrário. Está na situação que é adorado pela torcida do Flamengo. Está ganhando muito bem, tem prêmios altíssimos, a cada título conquistado tem o melhor elenco nas mãos, o time já montado. Quer dizer, ele tem a possibilidade de fazer muito mais coisas no Brasil do que poderia fazer hoje treinando o próprio Everton se ele fosse, mas aí entendo que seria muito sedutor porque é um clube que tem muita história e na principal liga do planeta, com bons jogadores. Mas a chance ele não teve.
29min28s - Juca Kfouri: Eu não trocaria. Eu não trocaria o Flamengo pelo Everton por nada no mundo. Enfim, eu compreendo. E ele tem a dificuldade da língua, não é, Mauro? Ele não fala inglês. Então eu te diria que o melhor lugar para o Jorge Jesus hoje no mundo é a Gávea. Pode ser, a vida é dura, mas não tenho a menor dúvida sobre isso.
29min48s - Eduardo Tironi: Muito bem. Senhores, fechamos então, o primeiro bloco. Obrigado, Mauro. Até a semana que vem.
29min57s - Juca Kfouri: Ora Mauro, vamos voltar a trabalhar porque está um pouco demais isso.
30min03s - Eduardo Tironi: Abração, Mauro. Até mais!
30min06s - Mauro Cezar Pereira: Até mais, um abraço a todos e eu queria convidar inclusive quem nos acompanha, se tiver um minutinho da atenção, ler o texto que publiquei há pouco no meu blog no UOL Esporte sobre essa cretinice que é, isso aconteceu muito também com o Corinthians quando houve a morte daquele menino Kevin Espada, na Bolívia, a sacanagem cretinice, atitude vil de pessoas que misturam os assuntos e tentam se aproveitar da morte de crianças para discussão clubística. Isso é muito baixo. Eu escrevi sobre isso. Acho que é uma coisa que merece uma reflexão. Ninguém está preocupado com a Justiça, Quem foi o culpado? Quais são os responsáveis por aquela tragédia? Isso ninguém pergunta, só se fala do dinheiro. E é claro, eu escreveu lá, é claro que o Flamengo tem que resolver isso. É evidente que o Flamengo tem que ter uma outra postura, mas o aproveitamento de uma tragédia para a discussão sobre futebol é de uma pequenez, é de uma cretinice sem par. Estou há muito tempo com isso para falar sobre isso, e escrevi um pouco sobre esse assunto. E se o nosso ouvinte puder dar uma ligadinha lá e pensar um pouquinho, acho que pode ajudar bastante. Saudações a todos, segunda-feira estarei de volta aí para conversar com Juca Kfouri às 9h da manhã e aquela coisa toda.
31min15s - Eduardo Tironi: Senhores, então fechamos o primeiro bloco, mas pensa que acabou? Não acabou, tem o segundo bloco e tem PVC. Estará entre nós.
31min23s - Juca Kfouri: Que aliás, dividiu com Michael, com Pedro, com Bruno Henrique e com Jorge Jesus, foi o assunto da semana.
BLOCO 2
32min08s - Eduardo Tironi: Estamos de volta para o segundo bloco do podcast Posse de Bola. No primeiro bloco, tivemos um Mauro Cezar.
32min14s - Juca Kfouri: Você não sabe o quem eu estou vendo, âncora.
32min16s - Eduardo Tironi: Quem?
32min17s - Juca Kfouri: É que daqui você consegue ver. Você não vê, mas eu estou vendo.
32min20s - Arnaldo Ribeiro: Eu estou vendo de esguelha, também. O Paulo Andrade não consegue ver.
32min22s - Eduardo Tironi: Eu e o Paulo Andrade não conseguimos ver.
32min25s - Juca Kfouri: Eu estou vendo um dos trending topics da semana.
32min28s - Paulo Andrade: Ele é sempre trending topic.
32min30s - Juca Kfouri: Ah, PVC, ou Michael, ou Neymar, Kun Agüero, enfim, esteve nas manchetes nesta semana.
32min40s - Eduardo Tironi: Mauro saiu e chega o PVC, PVC está entre nós.
32min47s - Juca Kfouri: Você pode dizer também: a benção, padrinho. Porque está demais.
32min50s - Eduardo Tironi: Nossa senhora, o que é isso. E agora a formação aqui é PVC, Juca, Paulo Andrade e Arnaldo.
32min56s - Juca Kfouri: É, PVC. Paulo Andrade de comentarista. Deixou até a barba crescer um pouco só pra mostrar que, embora, ele também seja um âncora que comente, sempre foi assim.
33min10s - Paulo Andrade: Não, eu sou o Michael. Vocês vão me soltando aí aos pouquinhos para eu não falar bobagem.
33min14s - Arnaldo Ribeiro: 15 do segundo tempo.
33min17s - Eduardo Tironi: PVC, tudo bem? Semana passada você estava aqui, aí você exigiu participar essa semana e a gente aceitou prontamente. E você falou que a briga dos paulistas é entre os paulistas, não tem nada que brigar contra o Flamengo e tal. E a gente estava falando aqui sobre Tiago Nunes, Diniz e Luxa. Diante dessa semana aqui, quem você acha que mandou melhor? Luxa, Tiago Nunes ou Diniz?
33min46s - Paulo Vinícius Coelho: É difícil ter certeza ainda. Por exemplo, a gente está ouvindo que o Vanderlei está treinando o Felipe Melo de zagueiro. Eu sei que o Felipe Melo não queria jogar de zagueiro, ele está aceitando trabalhar taticamente por enquanto, mas ele não fez um treino tático inteiro. A pergunta não é se o Felipe Melo pode jogar de zagueiro, é quem vai jogar de volante. Ninguém explicou isso ainda, se vai ser o Matheus Fernandes, por exemplo, que teve proposta do Barcelona. Quarta-feira vai ser um dia muito legal porque, por mais que seja só o primeiro jogo, a gente vai saber o primeiro esboço do Corinthians do Tiago Nunes, que é mais discreto, e do Palmeiras do Vanderlei. O Vanderlei está mostrando o que ele quer fazer, o Vanderlei sempre teve momentos assim. Os treinos que ele faz abertos, é para todo mundo ver que ele está fazendo perde e pressiona, para ter rapidez na transição e na recuperação de bola. A questão não é mostrar no treino, a questão é a gente entender no jogo.
34min52s - Eduardo Tironi: Muito bem. O Luxemburgo ao longo da sua carreira sempre tirou uns coelhos desse tipo da cartola, de trocar jogador de posição. Então o cara mudou o Narciso de posição no Santos, colocou o Rincón de volante. Essa parece ser mais uma dessas do Luxemburgo.
36min16s - Arnaldo Ribeiro: Foi buscar o Narciso, foi bom mesmo.
35min18s - Eduardo Tironi: Não é?
35min19s - Paulo Andrade: O Mazinho no Palmeiras também.
35min22s - Arnaldo Ribeiro: É, eu acho que sim, tem essa situação e vejo assim, a questão do Felipe Melo, a característica dele, a altura, a saída de jogo, o desgaste menor na zaga. Se bem que eu estou de frente para um zagueiro, eu conheço tão bem.
35min38s - Eduardo Tironi: Na frente de um zagueiro, para quem não está vendo.
35min40s - Arnaldo Ribeiro: É o Paulo Andrade.
35min43s - Paulo Andrade: Olha o zagueiro referência na frase dele
35min44s - Arnaldo Ribeiro: Vamos fazer uma comparação, eu sou fã do futebol do Felipe Melo, eu levo tantos cartões no jogo quanto o Felipe Melo, sou volante, bato que nem um. Tenho um bom passe também, não tão bom como o Felipe Melo, e toda vez que eu vou jogar na zaga, eu sou um desastre, do lado do Paulo Andrade, porque tem algumas especificidades. Linha de impedimento, saída, você atua numa zona de menor espaço, mas é um outro tipo, tem gente que se adapta muito bem e tem gente que não se adapta tão bem. Acho que o Felipe Melo, se a gente for lembrar, ele foi recuando. Ele era meia, depois foi para segundo volante, no Palmeiras primeiro volante e o Luxemburgo está tentando colocá-lo como zagueiro aproveitando a estatura, o bom passe e talvez não mais a mesma vitalidade para jogar no meio de campo.
36min35s - Eduardo Tironi: Palavra de zagueiro.
36min37s - Juca Kfouri: Vai viver sendo expulso, você não acha? Vai fazer muita falta nas imediações na área.
36min40s - Arnaldo Ribeiro: Eu não sei, depende da proteção eu acho.
36min42s - Paulo Andrade: Talvez ele fique menos exposto.
36min44s - Arnaldo Ribeiro: Menos exposto, eu acho, talvez.
36min47s - Eduardo Tironi: Eu queria saber do Paulo Andrade. Paulo Andrade, você como zagueiro e aí?
36min50s - Paulo Andrade: É interessante, eu estive recentemente na Inglaterra e tive a chance de conversar com o Fernandinho, que fez essa transição recentemente. E veja, que é assim, o Guardiola é uma outra realidade e tal. E ele disse que num determinado jogo do Campeonato Inglês contra o Wolverhampton, o cara do scout do Manchester City chegou para ele com os olhos brilhando e disse 'Fernandinho, você acabou de fazer o jogo em que você mais percorreu quilômetros desde que você chegou ao Manchester City, como zagueiro'. Ué, mas eu joguei tantas vezes como volante, o Fernandinho disse. A explicação é a seguinte: o time do Manchester City joga alto, joga pressionando no campo de ataque, então a quantidade de vezes que o zagueiro do Manchester City está exposto e é obrigado a correr para trás, dar um sprint de 30, 40 metros dentro de um jogo é muito grande. O Fernandinho como zagueiro, volante sempre foi, ele como zagueiro corre mais do que corria como volante. Dependendo da forma de se armar o time, acho que no Palmeiras não vai ser assim, duvido que o Vanderlei Luxemburgo consiga, ainda mais nesse primeiro momento, empurrar o time pra frente dessa forma para ter que fazer o Felipe Melo correr para trás o tempo todo. Mas o Fernandinho zagueiro no Manchester City corre mais do que o Fernandinho volante no Manchester City.
38min17 - Juca Kfouri: É, agora vocês estão falando e eu estou me lembrando, por exemplo, do caso do Wilson Piazza, que era volante no Cruzeiro, sempre foi, e acabou jogando de quarto zagueiro na Copa de 1970 e foi uma surpresa jogando ao lado do Brito. A minha dúvida é em relação ao hábito do desarme, eu vou pro desarme no meio de campo com uma cabeça. Se for falta, é falta, paciência, daqui não leva perigo. Na zaga é diferente, eu tenho que cuidar, eu não posso fazer falta como eu estava habituado no meio de campo.
38min55s - Paulo Vinícius Coelho: Mas o pensamento primeiro não é o desarme, é o arme. Vamos pensar aqui: por que o Fernandinho virou zagueiro? Porque ele tem a qualidade de passe que outros zagueiros não têm. Então na primeira retomada você já tem a qualidade da saída. E vamos voltar para quando o Vanderlei Luxemburgo era, porque foi, o melhor técnico do Brasil, quando ele usava, a Alemanha tinha sido campeã em 1990 com o Aughentaler, mas depois o Matthäus foi jogar de líbero um pouquinho e toda vez que se falava que tinha menos espaço na frente, criava-se atrás, e o Vanderlei dizia que ele precisava de volantes — por isso ele tinha Sampaio e Mazinho — que não pusessem a bunda no chão, era a expressão que ele usava. E o Palmeiras criava o que foi um dos melhores trabalhos do Vanderlei, o Maldonado no Cruzeiro, o Maldonado no Santos, o Rincón no Corinthians, ele queria o primeiro passe onde tinha espaço. Hoje o espaço é mais atrás. Agora, é claro que ele tem que compensar com isso que o Paulo disse. Ele vai conseguir? Porque não basta querer fazer o perde e pressiona, é o que o Jorge Jesus disse no Qatar, que o Liverpool tem um o único 4-3-3 em que os três atacantes pressionam. Você precisa estar treinado pra fazer isso dessa maneira a não tomar bola longa nas costas e aí o Felipe Melo vai ter que ter o cuidado porque ele não tem mais a velocidade que já teve.
40min41s - Arnaldo Ribeiro: Sabe o que é curioso? Pegando os outros paulistas, é que não apareceu ainda porque são os reservas, mas o Tiago Nunes vai transformar o Danilo Avelar em zagueiro no Corinthians e o Diniz vai transformar o Luan em zagueiro no São Paulo. O Hudson, talvez com uma cabeça um pouco conservadora, não aceitou isso e foi jogar no Fluminense de volante. Ele não vai jogar no Fluminense de volante porque para jogar de volante hoje você precisa fazer coisas que os volantes tradicionais não faziam. Esse é um movimento paulista, tem nos outros times também.
41min18s - Eduardo Tironi: Isso vocês acham que explica o fato de o Tiago Nunes abrir mão do Ralf, que é um símbolo do time do Corinthians?
41min23s - Juca Kfouri: Sem dúvida alguma.
41min25s - Arnaldo Ribeiro: O Juca, a gente não conseguiu comentar. Eu queria que o Juca reproduzisse o que ele escreveu, mas muita gente entendeu o Ralf barrado no meio de campo do Corinthians, se é uma proposta nova do Tiago Nunes, mas imaginava que ele poderia ser o zagueiro improvisado e não o Avelar, por exemplo, o Ralf pelo histórico todo poderia ser aproveitado mas a trás.
41min50s - Eduardo Tironi: Mas ele não tem o passe, como diz você.
41min52s - Juca Kfouri: Isso, ele não tem a saída de bola. Para mim, a questão do Ralf é, antes de mais nada, uma questão de como fazer as coisas. Eu não discuto que o Corinthians não está podendo fazer benemerência dada a sua situação econômica, eu não discuto que, da mesma maneira como maltratou o Ralf agora, o Ralf quando foi embora jogar no futebol chinês, virou as costas e foi embora porque a proposta lhe interessava, apenas eu acho o seguinte: o Corinthians tem habitualmente não sabe tratar os seus ídolos e isso não é grave ao ídolo que está indo embora, é grave em relação ao ídolo que está no time. Ou seja, o Cássio é capaz de olhar o que estão fazendo com o Ralf e dizer 'amanhã podem fazer igual comigo'. E isso é a pior das situações. Não se faz isso. Não precisava o Tiago Nunes fazer isso, ele conversou desde dezembro com a diretoria do Corinthians.'É o seguinte, com esse eu conto e com esse eu não conto'.Ah, mas esse tem contrato. 'Resolva lá com ele ou vamos fazer aqui um trato: ele já vai se reapresentar sabendo que é banco e que eu só vou usá-lo nos últimos 10 minutos de cada jogo que eu precisar de um cara pra desarme. Esse será o canto do cisne do Ralf no Corinthians'. É isso, é uma questão de respeito. Como você trata os ídolos e é uma relação que você tem não apenas com o ídolo, mas com o seu torcedor. 'Eu vou tratar bem esse cara. Eu conheço os bastidores, o torcedor, não'. Não importam os bastidores nessa hora, estou tratando como instituição, com o que representa o Ralf na história do Corinthians. O Ralf é um dos jogadores mais bem-sucedidos na história do Corinthians, o cara tem oito títulos importantes na carreira dele no Corinthians"
44min00s - Eduardo Tironi: PVC, daria pra utilizar e aproveitar o Ralf ainda? O que você acha?
44min05s - Paulo Vinícius Coelho: Eu acho que não, acho que o Tiago tem o direito de montar o time dele. O que eu acho que foi mal gerida foi, é chocante você saber que vem do Corinthians a informação de que a diretoria avisou os agentes do Ralf e do Jadson que eles estavam fora dos planos. Avisou em dezembro. Por que os agentes? Por que você não chama o cara na sua sala e fala: 'Ralf, eu quero te agradecer, não vai acontecer de você permanecer ano que vem porque o Tiago Nunes pensa o futebol de uma maneira diferente, ele não vai contar com você no elenco. A entrevista coletiva, primeira do ano, vai ser com você e com o Jadson, vocês vão receber uma placa em homenagem a tudo o que vocês fizeram aqui. Jogar vocês não vão mais jogar porque vamos montar um outro time'. Eu concordo com o Juca em relação ao respeito, acho que o respeito não precisa ser e permanecer, uma hora ele vai sair. A questão é como você faz a saída, essas relações no futebol são muito engraçadas. 'Não porque o eu falei com o agente', mas o agente não é o jogador. Aí se justifica que se pode dispensar o Ralf da maneira que dispensou porque quando ele foi pra China em 2016, ele também não disse tchau. O meu problema não é como vão se comportar comigo, o meu problema é como eu me comporto com você.
45min31s - Juca Kfouri: É exatamente.
45min36s - Arnaldo Ribeiro: Eu estou num Posse de Bola autoral hoje, o Paulo Andrade vai entender o que eu vou falar. A maior vaia que eu sofri na minha vida foi substituindo o Ralf numa pelada de fim de ano. Ele foi recém-chegado do título mundial contra o Chelsea, aí substituição, sai Ralf e entra Arnaldo. Não dá.
45min59s - Eduardo Tironi: Jogo no lendário Clube Atlético Aramaçan, em Santo André.
46min03s - Paulo Andrade: Ele mandou metade da arquibancada embora. E a questão não é a entrada do Arnaldo, é a saída do Ralf.
46min11s - Arnaldo Ribeiro: Coisa horrível.
46min12s - Eduardo Tironi: Se foi substituído numa pelada e teve vaia. Fala PVC.
46min17s - Paulo Vinícius Coelho: Eram as duas coisas.
46min21s - Juca Kfouri: O que me obriga a fazer uma célebre pergunta: pode isso, Arnaldo?
46min24s - Arnaldo Ribeiro: Não pode, não pode.
46min28s - Paulo Andrade: A gente chegou atrasado para aquele jogo. A gente chegou e o jogo tinha começado já. Aí no segundo tempo, 'ó, dá uma aquecidinha aí, vem cá'. Chama o Arnaldo, aí vai o Arnaldo e o técnico pega pelo pescoço e 'você vai no Ralf. Faz mais ou menos a mesma coisa'.
46min57s - Arnaldo Ribeiro: O cara falou assim 'Alemão', os caras me chamam de Alemão. 'Vem cá, você joga de volante? Vai no lugar do Ralf'. Eu falei 'não!'.
47min05s - Eduardo Tironi: Se a arquibancada do Aramaçan foi abaixo com a saída do Ralf, eu imagino o Corinthians. Imagina o Corinthians quando ele é dispensado. Agora, ontem, o Arnaldo, Juca, ele me mandou uma mensagem no começo da tarde e início da noite falando algumas coisa. Falando: 'Helinho vai começar o ano como titular no São Paulo.
47min30s - Juca Kfouri: Amadureceu esse período de férias.
47min32s - Eduardo Tironi: Pois é, e aí Arnaldo?
47min35s - Arnaldo Ribeiro: É que é assim, tem algumas coisas que acontecem no futebol que são engraçadas. O Helinho é o jovem do São Paulo que pintou como a sensação no início de 2019 como titular e não vingou. De lá para cá, outros jovens atropelaram o Helinho e ele foi pouco utilizado. Por circunstâncias da vida, o Antony na seleção e por característica semelhante eis que o Helinho começa a temporada no primeiro time esboçado pelo Diniz como titular. Mas na verdade a notícia desse time é o Hernanes como titular. Diferentemente do Palmeiras, do Corinthians, o Diniz já estava no cargo e encontrou na cabeça dele o time ideal do São Paulo na reta final do Campeonato Brasileiro, que não pode contar agora com o Igor Gomes e com o Antony na ridícula seleção pré-olímpica.
48min37s - Eduardo Tironi: E agora o Walce rompeu o ligamento e vai ficar 8 meses parado.
48min39s - Arnaldo Ribeiro: O São Paulo, de fato, tem alguma coisa lá enterrada. Mas o que fez o Diniz? Ele só elegeu os substitutos do Igor Gomes e do Antony ,com as características mais parecidas da forma possível, aí colocou o Helinho que é canhoto e joga pelo lado direito como o Antony e no lugar do Igor Gomes aí acho que a novidade, o Hernanes como titular. E a gente estava falando de caras que vão indo do meio para trás, o Hernanes está com muita dificuldade de entender essa necessidade para a posição dele. Ele chegou ao São Paulo em mais uma oportunidade 'quero jogar mais próximo ao gol porque eu chuto'. Não dá pela condição física dele para ele jogar como ponta de lança.
49min25s - Eduardo Tironi: Mas se ele for substituir o Igor Gomes, ele vai necessariamente jogar mais na frente.
49min29s - Arnaldo Ribeiro: Sim, a posição é essa. Agora, o meio de campo que o Diniz forma para esse início de temporada é Tchê Tchê, Daniel Alves e Hernanes. Daniel Alves e Hernanes na armação. Acho que tecnicamente não tem discussão, a questão passa a ser física, se essa dupla — o Tchê Tchê tem a condição física privilegiada — mas se essa dupla consegue comportar, jogar junta no meio de campo.
49min53s - Eduardo Tironi: Eu já perguntei para todo mundo isso, menos para o Paulo Andrade, porque ele não estava aqui. Portanto, eu vou perguntar: você acredita no Diniz, Paulo Andrade?
49min53s - Paulo Andrade: Eu acredito.
50min04s - Juca Kfouri: E em disco voador?
50min06s - Paulo Andrade: Não! Disco voador, não. O Diniz sim, muito mais no Diniz do que em disco voador.
50min11s - Arnaldo Ribeiro: Eu e o Paulo Andrade, a gente mira o Diniz desde o início. A gente observa muito desde os trabalhos.
50min15s - Paulo Andrade: Em todos os aspectos. Mas eu acho que é a grande chance da carreira dele, acho que o São Paulo é um divisor de águas pra a carreira dele. O São Paulo vai dizer o que será a carreira do Fernando Diniz, se será em altíssimo nível, se será em um nível mais ou menos, ou se não será. De repente ele pode aparecer na Arábia, na China e ganhar dinheiro apenas como técnico, diferentemente do que muitos torcem para acontecer, que é o surgimento de um cara diferente, que pensa o futebol diferente. Mas ele tem de aparecer agora, tem de fazer o bom trabalho dele agora, tem de tirar de onde pouca gente conseguiu tirar, de um ambiente conturbado do São Paulo nos últimos anos, ele tem que tirar algo mais do que os outros recentemente tiraram e algo mais do que ele tirou da carreira dele até aqui também.
51min04s - Eduardo Tironi: PVC, e você?
51min06s - Paulo Vinícius Coelho: Eu falei semana passada, acho que a gente está atribuindo tudo no São Paulo a ele hoje e não é só ele. O São Paulo tem que se organizar, o São Paulo tem que criar um ambiente mais vencedor, de entrar no vestiário e ter a maneira de entregar e cobrar ao mesmo tempo. E isso é um sistema que o São Paulo não tem há muito tempo, independentemente do técnico. Eu acho que o Diniz pode fazer um bom trabalho. Ele vai começar com a dificuldade das ausências do Pré-Olímpico e vai ter que montar um time. Eu não acredito nesse meio-campo de Hernanes e Daniel Alves juntos justamente pela falta de vitalidade. Para mim o lugar do Daniel Alves é do lado direito do campo enquanto não tiver o Antony jogando, como ponta, por exemplo, ou jogar num 3-5-2 ou 3-4-3 com o Daniel pelo lado direito, como jogou boa parte do tempo no Paris Saint-Germain.
52min00s - Eduardo Tironi: Você acha que o Daniel Alves tem que jogar na frente pelo lado direito na segunda linha, mais adiantado, é isso?
52min06s - Paulo Vinícius Coelho: Na segunda linha. Se não é lateral direito, é na segunda linha. Há cada vez mais eu acho que quem vai virar o lateral direito na primeira linha vai ser o Igor Vinícius, mas não dá para fazer, por exemplo, o que tinha no PSG. O PSG jogava com o Dagba pelo lado direito e quando perdia a bola, o Bernat voltava do lado esquerdo e o Dagba fazia a linha de quatro. Começava com um 3-4-3 e quando perdia a bola, o Dagba virava lateral direito e o Daniel Alves era ponta direita na linha do meio-campo. O Igor Vinícius não faz isso, o Juanfran, talvez, faz um terceiro zagueiro quando tiver a bola. Mas tentar construir um sistema para que o Daniel seja o ala direito e o Antony o ponta direita, quando o Antony estiver em campo, porque o Antony, por enquanto, está na seleção. Isso vai atrapalhar bastante o início do ano, mas o início do ano não é o ano, tem que montar o time, estruturar o time. Acreditar que vai montar o time e montar um ambiente de trabalho. Que vai ter o Raí, acho que é muito melhor ter o Raí do que ter um diretor amador, que foi a ameaça do final do ano passado, mas tem que ter o Lugano mais presente no vestiário, porque o Lugano pode dar um respaldo, uma autoridade no vestiário que não tem aparecido.
53min25s - Eduardo Tironi: Juca, em quem você acredita mais? Na ressurreição do Hernanes, no Luan chegando no Corinthians ou no Felipe Melo na zaga?
53min36s - Juca Kfouri: Na ressurreição do Hernanes, porque eu acho que o Hernanes é suficientemente inteligente para fazer o que fez durante as férias, de praticamente não ter férias e poder já começar a temporada em cima dos cascos. Eu acho que ele tem claro para ele o quanto ele decepcionou a si mesmo, por não ser capaz de cumprir na temporada passada o que se esperava dele, e acho que, com esse novo posicionamento ele pode render muito ainda por São Paulo. Sobre o Luan, eu tenho a enorme interrogação de até que ponto ele está disposto a fazer do futebol o seu principal ofício e não curtir a vida. Além do fato físico, que ele tem um problema na planta do pé, que todo mundo sabe que é muito complicado.
54min27s - Eduardo Tironi: Eu também tenho. É verdade, fascite plantar.
54min30s - Juca Kfouri: Fascite plantar não é brincadeira, a minha irmã tem e parou de caminhar, o diabo a quatro.
54min42s - Arnaldo Ribeiro: Tironi tropeça pelas ruas, é fascite plantar.
54min46s - Juca Kfouri: E eu sei que em relação ao Felipe Melo, embora tenhamos aqui à minha direita um fã inveterado do Felipe Melo, eu jamais quereria ter o Felipe Melo no meu time, no meu grupo, na minha família, na minha casa e na minha vizinhança.
55min01s - Arnaldo Ribeiro: Juca fez várias? no meu time só, também, tá? Só no meu time.
55min06s - Eduardo Tironi: E você, Arnaldo? Qual é desses movimentos que você acha mais legal?
55min08s - Paulo Andrade: O legal do âncora Tironi, é que ele lança.
55min14s - Juca Kfouri: Ele se preserva. Põe todo mundo na fogueira
55min17s - Paulo Andrade: Ele é o âncora, ele sempre lançou essas enquetes mirabolantes e tal. E aí ele lança ao vivo. Vem na cabeça dele, ele lança e vira tema.
55min27s - Arnaldo Ribeiro: Não tem o e-mail.
55min28s - Paulo Andrade: Não tem o e-mail, é ao vivo.
55min30s - Arnaldo Ribeiro: Eu acredito no Hernanes também, justamente pela dedicação que o Juca descreveu, e eu tenho certeza que ele vai fazer o possível e o impossível. Se vai se encaixar com Daniel Alves é outra conversa, mas eu acredito nele. Só uma curiosidade, eu acredito também no Felipe Melo como zagueiro, se bem trabalhado, e acho que o Luan foi o que eu disse no programa passado, de ter que mudar a postura para ser um cara, digamos, festejado pela torcida do Corinthians, o tipo de jogador que o torcedor normalmente gosta. É difícil um jogador que tem lampejos emplacar com o torcedor do Corinthians, ele tem que ser um cara mais constante, mais vibrante, mais intenso. Agora, só uma curiosidade, a gente já falou sobre os personagens, sobre quem pode dar a volta por cima, ressurgir e tal. Com todas as ausências do São Paulo, o Alexandre Pato ainda não foi testado como possível titular mesmo com a saída do Antony para a seleção, mesmo com a saída do Igor Gomes para a seleção, o Alexandre Pato?
56min39s - Eduardo Tironi: O que dá uma base de confiança que o pessoal lá dentro tem.
56min42s - Juca Kfouri: O que é uma ótima notícia para o torcedor do São Paulo. Aquele torcedor do São Paulo que não é igual àquele torcedor do Palmeiras que gostava do Valdivia, embora o Valdivia tenha entregue muito mais ao Palmeiras do que o Pato ao São Paulo.
56min58s - Eduardo Tironi: O Pato é uma espécie de Valdivia do São Paulo.
57min00s - Arnaldo Ribeiro: Não, o Valdivia é o que o Juca falou, o Valdivia fez muito mais pelo Palmeiras do que o Pato pelo São Paulo.
57min06s - Paulo Vinícius Coelho: O Pato é uma espécie de Jorginho pé-frio do São Paulo.
57min08s - Arnaldo Ribeiro: Não, o Jorginho pé-frio fez muito mais pelo Palmeiras. Injusto! O cara que cobrava escanteio com os dois pés. Você lembra, PVC? O cara ia para outro lado e batia de canhota com o mesmo jeito. Ele não tinha companheiros suficientes, aquele homem maravilhoso, Jorginho Putinatti, mas ele faz parte do imaginário, batia na bola como poucos.
57min27s - Paulo Vinícius Coelho: É, o Jorginho jogava muito, mas não foi campeão. O Pato também não foi campeão no São Paulo.
57min32s - Juca Kfouri: É, mas aí PVC, guardadas todas as proporções, eu diria que a comparação do Jorginho que cabe é com o Rivellino. Na minha maneira de ver as coisas, é o melhor jogador que passou pela história do Corinthians, mesmo considerando Ronaldo Fenômeno e tudo mais. Comparando, evidentemente, o que o Rivellino jogou no Corinthians com o Ronaldo Fenômeno, o Mané Garrincha, o diabo. Agora, o Jorginho teve um momento, o Jorginho era um jogador brilhante. Agora, o Palmeiras estava naquela fase, não é culpa do Jorginho, como não era culpa do Rivellino.
58min14s - Paulo Vinícius Coelho: Em termos de talento, certamente a gente vai colocar nesses três casos que a gente está criando uma conversa que até eu fui culpado um pouco disso, mas tem que comparar as coisa meio incomparáveis. Primeiro o Rivellino, depois Pato tem mais talento que o Jorginho, embora o Jorginho fosse muito talentoso. Eu falei só pela questão que são três que não ganharam troféus. O Pato, cada vez mais a gente tem certeza que o problema dele é que o Pato ficou rico muito rápido. Então é uma questão de compromisso, compromisso com o quê? Não precisa. Então ele tem compromisso com outras coisas, esse que é o grande desperdício. O Brasil é um país que desperdiça jogadores de maneira absurda. A capa da revista Placar em 2011 falava da geração da Copa do Mundo de 2014 e tinha Pato e Ganso na capa.
59min10s - Arnaldo Ribeiro: Fui o responsável. Depois, meu Deus do céu.
59min12s - Juca Kfouri: Eu quero deixar bem claro, porque as pessoas associam muito o meu nome à Placar. Eu não tenho nada com isso, saí em 2005!
59min20s - Eduardo Tironi: O PVC falou em compromisso e eu tenho um compromisso com o tempo, eu como âncora.
59min26s - Arnaldo Ribeiro: E tem uma coisa, vamos falar de um cara que ficou rico muito rápido também.
59min28s - Eduardo Tironi: Vamos falar de outro cara que ficou rico muito rápido e, falando em ressurreição aqui, será que o cara está ressurgindo? Assunto predileto do Paulo Andrade aqui do meu lado, vamos falar da "ressurreição" do Neymar.
BLOCO 3
1h00min00s - Eduardo Tironi: Voltamos para o terceiro e último bloco do episódio 15 do podcast Posse de Bola. E como esse é um assunto predileto para o Paulo Andrade, a gente resolveu incluir justamente nesse episódio que ele está aqui. Eu vou perguntar pra ele, Paulo Andrade, você acha que o Neymar, depois de tudo o que aconteceu na vida dele recentemente, ele tomou jeito? Porque está jogando e está sendo elogiado, inclusive.
1h00min34s - Paulo Andrade: Eu acho que jeito como jogador ele sempre teve. Ele tem 71 jogos no PSG e 61 gols. A trajetória absolutamente atribulada dentro desse período PSG, a trajetória dele dentro de campo sempre foi boa. É lógico, ele acabou ficando de fora de partidas importantes da Champions League, machucado e atrapalhado pelo extracampo. Mas quando estava dentro de campo, dentro das perspectivas e das expectativas para o PSG, eu acho que ele sempre rendeu. Agora, resta saber qual será o próximo passo, qual será o próximo capítulo envolvendo o extracampo. Vai continuar forçando barra para sair? Agora, por conta daquilo de não haver o contrato, não haver a cláusula de rescisão na França, mas, dependendo do — tem um determinado período de tempo depois, a Fifa, digamos assim, estabelece uma falsa multa rescisória para que ele possa, de repente, sair. Ele vai continuar forçando a saída? Como é que fica em relação ao Barcelona? O Barcelona também tem ali o seu problema nesse momento, não sabe quem vai estar no comando, como é que inicia a próxima temporada. E aí, como é que será a próxima janela? Vai ter forçação de barra para ir para o Barcelona de novo? Como é que fica em relação à torcida do PSG? Então é assim, o Neymar dentro de campo, pensando no próximo jogo, é claro que ele vai voltar a campo e jogar bem. Resta saber a longo prazo, como é que ficam os próximos capítulos da vida extracampo dele.
1h02min08s - Arnaldo Ribeiro: É tão curioso porque pegando um pouco a capa da Placar com Pato e Ganso, muito da "culpa" que o Neymar carrega de ser a estrela solitária do futebol brasileiro é pelo fracasso da geração Pato e Ganso, que fez com que ele muito precocemente, mais novo que os dois, herdasse esse "peso". Agora, é o que o Paulo falou, o que eu acho é que tem uma oportunidade tão gigante quicando e acho que ele deu algumas demonstrações importantes desde o final do ano passado, algumas demonstrações: dar a bola para o Cavani bater o pênalti, se entrosar com o Mbappé, dar carrinho para a torcida, comemorar os gols efusivamente. E tem uma oportunidade que é a Champions League do PSG. Essa é a Champions League do PSG, está tudo muito igual, é a chance.
1h03min11s - Paulo Andrade: Não tem ninguém extremamente favorito.
1h03min12s - Juca Kfouri: Nem o Liverpool? Vocês estão brincando.
1h03min14s - Arnaldo Ribeiro: O Liverpool vai estar de cabeça na Premier League.
1h03min19s - Juca Kfouri: Já está, já acabou a Premier League! Vocês estão brincando.
1h03min21s - Arnaldo Ribeiro: Juca, o PSG tem uma chance e o Neymar tem uma, eles têm, com acento circunflexo, uma chance única em seis meses. Se os caras se concentrarem em seis meses.
1h03min34s - Juca Kfouri: Você não pôs acento circunflexo, só para quem está nos ouvindo, ministro Weintraub, ele não pôs o acento circunflexo no chance, ele pôs no têm, eles têm, ok? Ministro, é bom o senhor saber.
1h03min48s - Arnaldo Ribeiro: E com uma dedicação, com o Neymar se dedicando nessa segunda parte da temporada europeia e quiçá ganhando o título da Champions League pelo Paris Saint-Germain, cara, ele recupera tudo o que ele destruiu nos últimos anos.
1h04min02s - Paulo Andrade: Sem dúvida!
1h04min04s - Juca Kfouri: Eu gostaria que vocês ouvissem o seguinte: eu publiquei ontem na Folha de S. Paulo, quer dizer, a Folha de S. Paulo publicou ontem a minha coluna com o seguinte pensamento: Xavi se despediu do Barcelona em 2015, Iniesta em 2018. A perda de qualquer um dos dois é irreparável, a de ambos em apenas três temporadas, uma catástrofe, some às duas perdas a ida de Neymar para o PSG. Inevitável que o Barcelona perdesse espaço.
1h04min43s - Paulo Vinícius Coelho: É, mas assim, tem uma outra coisa no Barcelona. Nós estamos falando do Neymar, mas, enfim, o Barcelona tem uma coisa de como a gestão ficou mais comum.
1h04min54s - Juca Kfouri: Espera só um pouquinho, PVC, deixa eu só concluir.
1h05min00s - Paulo Vinícius Coelho: Sim, desculpa.
1h05min01s - Juca Kfouri: Perdeu-se o espaço que ocupou no período em que a dupla de meio de campo brilhou tendo Messi como protagonista e Neymar como maravilhoso coadjuvante ao lado de Suárez. Está claro que eu não estou colocando o Neymar e nem o Suárez no mesmo patamar, para usar a palavra da moda, do Xavi e do Iniesta. Tem hoje uma carta publicada no painel do leitor, para vocês verem o que o Neymar fez contra si mesmo. "Em que planeta vive o colunista Juca Kfouri? Comparar o impacto sobre o Barcelona das saídas de Xavi e de Iniesta com a da eterna promessa Neymar? O brasileiro é auxiliar de coadjuvante e deve continuar a usufruir da boa vida que tem construída por comentários como o do senhor Kfouri. Lamentável a idolatria de um fiasco". Veja que coisa! Quer dizer, a antipatia que esse rapaz angariou a tal ponto, que um leitor é incapaz de entender o que está muito claro, nenhuma comparação com o Iniesta e com o Xavi, mas estou apenas dizendo que ele foi um brilhante coadjuvante. E dizer que ele não contribuiu em nada com o Barcelona é uma deslavada bobagem. Porque houve momentos até que ele foi mais importante que o Messi em jogos da Champions League. Vejam que coisa!
1h06min28s - Eduardo Tironi: Fala, PVC!
1h06min29s - Paulo Vinícius Coelho: Ele é o único jogador que fez gols em todos os jogos de mata-mata das quartas de final até a final e foi artilheiro da Champions League. Durante todo o período de Cristiano Ronaldo e Messi, o único cara que foi artilheiro junto com os dois — junto, mas foi —, foi o Neymar em 2015. Agora, eu tenho um pouco de informação e um pouco de convicção de que ele sabe que tem dois anos para brilhar. Ele sabe que porque gastou muito a vida dele nos últimos quatro anos, ele tem daqui até a Copa do Qatar para estar na história do futebol. Então ele tem dois anos e meio, três anos de muito trabalho e se trabalhar de fato, ele vai fazer muita coisa. Ele tem nessa temporada, depois da lesão, 12 jogos pelo Paris Saint-Germain, 12 gols e seis passes para gols. Ele joga pouco, mas quando ele joga, ele joga muito.
1h07min29s - Eduardo Tironi: Perfeito. Senhores, infelizmente terminamos.
1h07min31s - Arnaldo Ribeiro: Já?
1h07min32s - Paulo Andrade: Passa rápido!
1h07min34s - Eduardo Tironi: O Juca quer falar, fala
1h07min36s - Juca Kfouri: É, infelizmente e bote um infelizmente incomensurável em dizer que, com todo o nosso carinho e o nosso afeto ao nosso queridíssimo companheiro Mendel Bydlowski, que está passando pelo que está passando e que a gente faz o programa pensando nele, que a gente ri e brinca porque a vida segue, a bola continua a girar, como o mundo, mas em nenhum momento a gente perde a dimensão da dor que essa família está passando e que todos nós a ela nos solidarizamos e nos associamos, só isso.
1h08min17s - Eduardo Tironi: É isso. Um abraço imenso para o imenso repórter, pai, marido e nosso amigo Mendel Bydlowski, ele merece todo o carinho que a gente possa dar neste momento e a gente sabe que nada disso é capaz de confortar, mas estamos aqui, estamos aqui ao lado dele e juntos somos mais fortes. Certo? Semana que vem estaremos de volta. Obrigado, Paulo Andrade! Obrigado, PVC e semana que vem estaremos juntos. Abraço!
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