Diretor nega problemas com Cristiane e rebate críticas à estrutura do SPFC
A passagem de Cristiane pelo São Paulo terminou ontem (14), com um texto de despedida publicado pela atacante nas redes sociais. Neste post, a estrela da seleção brasileira fez elogios ao clube e aos profissionais com quem trabalhou. Mas a trajetória guardou também reclamações sobre as condições de trabalho oferecidas pelo Tricolor, como mostrou o blog Dibradoras, e ainda uma relação de desconfiança com um dirigente.
Antônio Luiz Belardo é o conselheiro responsável por gerir o futebol feminino do São Paulo e, segundo apurou a reportagem do UOL Esporte, também foi criticado ainda por outras atletas que deixaram o clube na virada de 2019 para 2020.
O cartola aceitou conceder entrevista por telefone e negou qualquer desavença com Cristiane e ainda tentou justificar alguns dos motivos de reclamações sobre a estrutura oferecida pelo São Paulo ao futebol feminino. Entre as principais críticas está a necessidade de treinar mais vezes em campos de grama natural e com mais privacidade do que o complexo social do Morumbi oferece.
Lá, os campos são de grama sintética e ainda acabaram sendo palco de um momento de certo constrangimento quando o treino à véspera da final do Campeonato Paulista, vencido pelo Corinthians, foi atrasado para a disputa de um amistoso entre sócios do clube.
Confira na íntegra a entrevista com Antônio Luiz Belardo:
A Cristiane se despediu e vimos no blog Dibradoras que ela gostaria de ficar e que as reclamações dela sobre o clube desagradaram. Também ouvimos que ela e outras atletas tiveram problemas com a diretoria, particularmente com você. Isso aconteceu? O clube ficou satisfeito com a Cristiane?
Não teve problema nenhum. Na verdade, o grande problema que tivemos foi a quantidade de lesões que ela teve. Acabou saindo da Copa do Mundo e fez só seis jogos pelo São Paulo, muito pouco pelo que esperávamos. Mas ela teve condições totais de jogar. Nós da comissão técnica não pedimos em nenhum momento que ela saísse. Ela que resolveu tomar o caminho dela. As portas estão abertas. Não tivemos problema nenhum com ela, não.
Mas (ontem) na coletiva, o técnico Lucas Piccinato deu a entender que o São Paulo não quis mesmo que ela ficasse para mudar o perfil do elenco e que se ela se frustrou por jogar pouco, o São Paulo também se frustrou e que isso não contava com ela para este ano...
Ah, é mais ou menos a mesma coisa das duas partes. Esperávamos que ela fosse jogar mais e acabou não acontecendo isso, com contusões em cima de contusões. O São Paulo achou melhor com ela e o empresário não continuar a parceria. Sem dúvida nenhuma a respeitamos, é uma excelente atleta e vai ser feliz em outro clube. Desejamos isso a ela. Mas perdemos duas atletas para o Palmeiras (Ary e Ottilia), duas para a Espanha (Valéria e Antônia). Esse mercado da bola é assim. Gostaríamos de ficar com todas as meninas que jogaram conosco em 2019 e fizeram um excelente papel, porque fomos campeões do Brasileirão da Série A2 e depois o time foi vice-campeão paulista. Eu só tenho a agradecer o empenho delas. O São Paulo sempre estará de portas abertas a ela.
E as críticas que algumas atletas fizeram, inclusive a Cristiane, sobre estrutura. O que vocês têm feito para melhorar as condições de trabalho? O que está defasado?
Quando a Cristiane veio, ela com o empresário, foi mostrado para ela, antes de fecharmos o contrato, que nós iríamos treinar no campo social, que faríamos fisioterapia e musculação também no social. Nós falamos que poderíamos treinar algumas vezes em Cotia e na Barra Funda [casas da base e do profissional masculinos, respectivamente]. Tudo foi explicado para ela. Agora mesmo fizemos a apresentação do elenco de 2020 na Barra Funda. Provavelmente na semana que vem vamos passar a treinar uma vez por semana em Cotia. O São Paulo está nos ajudando dessa forma. Não vamos ficar só no complexo social. Pelo menos uma vez por semana vamos treinar no local dos nossos jogos, em Cotia.
Recebemos duas reclamações de atletas. Uma foi sobre um treino no social que foi interrompido por sócios que queriam jogar no campo e outra sobre um dia em que as meninas que ficam alojadas no Morumbi não conseguiram jantar no refeitório.
O que acontece: aos sábados, lá no complexo social, nós temos um campeonato interno dos associados. E nesse dia não foi nem um campeonato, foi um amistoso de uma seleção sub-50 do clube e só quando acabou fomos treinar. Mas era um treino nosso, um apronto para jogar contra o Corinthians no dia seguinte [na final do Paulistão], que seria mais para movimentar as atletas só. Não teve nada. Estamos muito bem com o associado do São Paulo. Inclusive sou sócio, não tenho problema nenhum de ficar com eles. E nesse dia da janta, o que acontece é que iriamos concentrar fora do clube, mas de ultima hora o treinador e a comissão acharam melhor que não saíssemos. Por isso ficou nesse dia sem janta na sede social. Mas aí fomos jantar fora. Foi isso. Em momento algum o São Paulo... Quando elas vêm, tem café da manhã, almoço, jantar e lanche da noite. Isso é o que é servido. O São Paulo em momento algum deixa de servir nenhuma refeição.
Não teve nenhum problema mesmo com a Cristiane nesse período todo? E nem com nenhuma outra atleta?
Nenhum, nenhum. E o canal está aberto para conversar. O Benito, que é o empresário dela [Cristiane], inclusive, já nos ofereceu algumas atletas. Quer dizer, se tivéssemos algum problema com ela, ele como empresário não gostaria mais de trabalhar com o São Paulo. Então, não tem problema nenhum. Estamos bem abertos até para recebê-la novamente. Com certeza também vamos jogar contra, porque aposto que irá para outro time da primeira divisão. Estamos sempre para recebê-la de braços abertos. Não tivemos problema nenhum. Foi uma excelente atleta.
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