"Não o respeito", diz goleiro que tomou gol de mão de Maradona na Copa-86
Um dos 125 jogos de Peter Shilton com a camisa da Inglaterra tem um gosto amargo. Jogador que mais atuou pela seleção europeia, o ex-goleiro foi "vítima" do gol de mão de Maradona, lance que ficou famoso pela alcunha "La Mano de Dios", nas quartas de final da Copa de 1986.
Quase 35 anos depois do fato, Shilton mostrou, em entrevista ao The Guardian, não se conformar com o "orgulho" que o argentino tem daquela jogada.
"Já vi outros jogadores trapacearem, admitirem e se desculparem. Mas sua atitude explica por que há animosidade. Ele não vai se desculpar e eu não cumprimentarei. Eu sempre digo que ele é o melhor jogador da história, mas eu não o respeito como esportista e nunca o farei", disse ele, que hoje tem 70 anos, ao veículo.
Questionado se falhou ao sair do gol no lance da "Mano de Dios", Shilton, que tem mais de 1000 jogos na carreira, foi enfático.
"Fiz tudo o que pude e a famosa foto mostra que estou mais perto da bola do que da cabeça dele. Foi por isso que ele deu um soco com a mão. Você sempre tem gente dizendo: 'Olha, ele pulou em você.' Ele não me deu um pulo. Ele me traiu".
O ex-goleiro relembrou que o gol de mão, que abriu o placar, desconcentrou todo o time inglês. Minutos depois, o próprio Maradona fez 2 a 0 com uma pintura.
"Não estávamos no estado de espírito certo depois do que aconteceu. Quando você sabe que alguém está trapaceando, em uma grande partida como essa, seu estômago cai. Por isso, não estávamos muito atentos à nossa defesa depois disso, mas devo dizer que, antes de a bola chegar a Maradona, Glenn Hoddle foi derrubado", afirmou ele ao The Guardian sobre o segundo gol.
O duelo acabou em 2 a 1 para os argentinos que, dias depois, ergueram o troféu diante da Alemanha Ocidental.
VAR ajudaria
Para Shilton, o tão polêmico VAR (árbitro de vídeo), se existisse naquela época, poderia ter feito justiça e mudado os rumos do torneio.
"Toda a equipe da Inglaterra sofreu porque ele trapaceou. As pessoas estão reclamando do VAR atualmente, mas seria brilhante para nós nesse caso. Ele admitiu isso de maneira indireta, dizendo que era a Mão de Deus. Mas ele não se desculpou, nem demonstrou remorso".
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