Mancini volta ao Brasil formado como técnico na Europa: "Quero trabalhar"
Resumo da notícia
- Ex-lateral, meia e atacante parou em 2016 e está no mercado como técnico
- Ele dirigiu o Foggia, da 4ª Divisão italiana, por três partidas no ano passado
- Mancini se mudou para a Itália para fazer cursos da Uefa nos últimos anos
- De volta ao Brasil há um mês, mora em Belo Horizonte e espera propostas
- Ideia é formar jogadores versáteis como ele foi em 18 anos de carreira
Lateral e meia-atacante com passagens destacadas por Atlético-MG e Roma e campeão da Copa América de 2004 pela seleção brasileira, Mancini agora é treinador. Ele parou de jogar depois do Campeonato Mineiro de 2016, quando defendeu o Villa Nova, e em seguida se mudou para a Itália para fazer cursos e estágios. Aos 39 anos de idade, voltou ao Brasil há apenas um mês e está morando em Belo Horizonte à espera de propostas no mercado da bola.
"Eu joguei muitos anos no futebol italiano, que é uma escola muito bacana na parte tática e na parte defensiva. Então, quando terminei a minha carreira de jogador eu voltei lá para fazer cursos. Tem muita coisa boa acontecendo no futebol brasileiro e eu quero contribuir com minha bagagem de quase 20 anos como jogador e também os aprendizados fora de campo", conta ao UOL Esporte.
Tirei três anos da minha vida para me qualificar e aprender e agora estou pronto, quero trabalhar.
Por meio da Federação Italiana de Futebol (FIGC), Mancini fez cursos e atividades que renderam licenças da Uefa de nível B, A e Pró, que é o máximo oferecido pela entidade e permite que ele trabalhe em qualquer lugar do mundo. Ele foi colega de turma de ex-jogadores como Luca Toni, Gilardino e Camoranesi e teve conversas com José Mourinho, Massimiliano Allegri, Diego Simeone, Fábio Capello e Tite, entre aulas, estágios e acompanhamento de treinos.
O aprendizado acabou em outubro do ano passado. Mas antes de se formar, Mancini já estreou na carreira de técnico pelo Foggia, da Quarta Divisão da Itália. A experiência durou pouco. Foram só três jogos, com duas vitórias e uma derrota. "Foi bom ter um pouco da parte prática depois de tanto tempo conhecendo a teoria, mas tive um desentendimento com um diretor de lá, as ideias não bateram e o trabalho foi curto. Se não fosse esse diretor talvez eu estivesse lá até hoje. Mas estou feliz de voltar para o Brasil", conta o treinador novato.
Foi no Foggia que ele teve a certeza do desejo de ser treinador.
"O contato humano, o fato de estar dentro do campo e a relação das pessoas quando você teve uma carreira bacana como a minha são coisas que me animam. Estou esperando um projeto interessante e quero começar de baixo, passo a passo, sem queimar etapas", conta Mancini, que não descarta trabalhar em categorias de base ou divisões inferiores neste momento: "Veja o Rogério Ceni, que começou no topo e depois voltou para trilhar o caminho certo que levou a um grande trabalho."
Formação de jogadores versáteis
Mancini fez 15 gols no Campeonato Brasileiro de 2002, pelo Atlético-MG. Até hoje é o lateral mais artilheiro de uma edição do torneio: "Ainda falam que 3-5-2 é sistema defensivo", diverte-se. Ele também jogou na Portuguesa e no São Caetano antes de embarcar rumo à Itália. Passou uma temporada no Venezia para se adaptar ao novo país e chegou a Roma na temporada 2003/2004 para substituir o ídolo Cafu, que foi para o Milan. Lá virou titular, fez gol de letra em clássico contra a Lazio e se firmou.
Na Roma, foi adiantado. Deixou de ser lateral para ser meia pela direita. Ainda atuou como atacante na sequência da carreira, que teve passagens pelos rivais Inter de Milão e Milan, além de um retorno ao futebol nacional para defender Atlético-MG, Bahia e América-MG até a despedida no Villa Nova. Isso causou confusão até na seleção brasileira, porque ele continuou sendo convocado como lateral direito, inclusive para a Copa América de 2004, em que o Brasil venceu a Argentina nos pênaltis.
"Eu era meia na Roma, fazendo gol direto, quando veio a convocação: 'laterais, Mancini e Maicon'. Eu até comecei como titular, fui o camisa 2, mas o Maicon terminou a competição jogando", conta. Depois da Copa América, Mancini só voltou a ser convocado para a seleção por Dunga, em 2008, já na posição em que realmente atuava na Itália. Nunca mais voltou a ser chamado, mas carrega disso tudo uma lição.
"Vou procurar formar jogadores versáteis. O Jesualdo Ferreira, de 73 anos, disse na apresentação dele no Santos que não importa a idade, o jogador está sempre em formação. É importante potencializar o jogador. Ainda mais hoje, que no Brasil estão sendo muito falados os times que propunham jogo, como Flamengo, Grêmio, Athletico Paranaense e o próprio Santos. Meu estilo é esse, sempre trabalhando com variações táticas, mas sem esquecer a parte defensiva", diz o técnico.
À espera de propostas, Mancini acompanha os Estaduais e competições de base com transmissão na TV, administra os imóveis que possui e se diverte no futevôlei: "Jogando futebol o pessoal fica aborrecido. Quem não conseguiu jogar como profissional quer dar porrada na gente. Futevôlei junta quatro caras, sem contato, e resolve, é divertido. Eu não jogo mais futebol, não (risos)."
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