"Leva esse gol logo": manipulação de resultados no Carioca é investigada
Resultados de jogos da quarta divisão do Campeonato Carioca foram arranjados para favorecer máfias de apostadores, indica uma investigação da polícia.
Jogadores e dirigentes recebiam oferta de dinheiro para facilitar a vitória dos times adversários, segundo reportagem exibida hoje pela TV Globo.
O esquema de manipulação de resultados envolveria o pagamento por jogo, além de valores oferecidos a jogadores.
Atletas do São José, por exemplo, relatam que eram procurados por um diretor do clube, que ofereceu quantias. O goleiro receberia R$ 3 mil, e para zagueiros, R$ 1 mil. O diretor pedia para que os jogadores entregassem o jogo, "tomar gol de bobeira", segundo relato de uma testemunha que não quis se identificar.
"Eu senti que meu filho estava muito nervoso", disse Ricardo Fernandes, pai de jogador do São José, relembrando o diálogo em que o filho contou que havia recebido uma oferta de R$ 1 mil para entregar o jogo.
Em outubro do ano passado, em uma partida contra o Brasileirinho, o São José venceu uma partida que deveria ter perdido. No dia seguinte, um suposto investidor do São José chamado Emerson Silvano da Silva, conhecido como Índio, esteve no clube e, segundo testemunhas, teria amedrontado os jogadores e indicado que possuía uma arma. Ele relatou que os atletas teriam "problemas" fora de campo.
Na partida seguinte, outros jogadores atuaram pelo São José. "É tudo combinado com os caras para entregar o jogo", disse Adilson Faria, presidente do clube, em áudio obtido pela TV Globo. "Esses caras já vêm pra falhar."
Mas, em entrevista à reportagem da emissora de televisão, Faria negou que tenha recebido dinheiro pelo esquema. "Pode perguntar a qualquer um dos jogadores do São José qual foi o dia que eu chamei um deles, no particular, e falei: 'ó, esse jogo aí você vai jogar porque nós temos que perder."
Outro time envolvido no esquema era o Atlético Carioca, que chegou a perder uma partida por cinco a zero para o Paraíba do Sul. O resultado valia R$ 41 para cada aposta de R$ 1.
Em uma partida em que Atlético Carioca e São José disputaram, o presidente do time atleticano demonstrou desespero em conversa telefônica com o auxiliar técnico do time. "Faltam cinco minutos. Eu estou desesperado aqui, o gol tem que sair", disse Maicon Vilela. "Leva essa p*** desse gol aí logo, me ajuda aí." Depois, em nova ligação, o presidente disse o seguinte ao auxiliar: "Ganhei R$ 800."
Em entrevista à TV Globo, Vilela disse que recebeu ofertas da máfia de manipulação. "Muitas propostas. Muitas. Eu não nego isso". Ele, porém, nega participação. "Eu digo de coração: não vendi jogo nenhum. Eu tentei me infiltrar entre os jogadores para saber se isso estava acontecendo mesmo."
Abordado pela reportagem, Índio disse que, "agora, tem que provar se eu tenho algum contato com isso". "Eu nem mexo com isso nem preciso. Já começa por isso. Agora, se as pessoas estão usando meu nome e falando isso, vai ter que provar."
Segundo o delegado Marcos Cipriano, no início das investigações, três times eram apontados como participantes da manipulação. "No decorrer, chegamos a oito, nove times envolvidos. Então, isso, derruba toda a credibilidade do campeonato."
A reportagem da TV Globo procurou os times suspeitos, que negaram participação no esquema. Em nota, a Federação de Futebol do Rio disse que desconhecia a manipulação de resultados.
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