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Jesus quebra mais um paradigma ao 'apressar' titulares do Flamengo

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/02/2020 04h00

O choque de métodos promovido pelo técnico Jorge Jesus, do Flamengo, parece que seguirá na temporada iniciada recentemente. Contra todos os prognósticos, o Mister colocou seus titulares em campo com apenas oito dias de treinos, algo incomum no futebol brasileiro e algo que fugiu até mesmo ao que se planejava na Gávea.

Inicialmente, o planejamento apontava para a utilização dos garotos da base durante a Taça Guanabara, mas o português caminhou no sentido contrário e entendeu que a melhor forma de acelerar a preparação do elenco rubro-negro seria dando minutos em campo, e não apenas trabalhando de forma fechada no Ninho do Urubu.

Com esse período curto de readaptação, os rubro-negros levaram um susto, mas conseguiram a virada sobre o Resende. Após sair perdendo, o time mostrou forças para reagir e venceu por 3 a 1, fazendo a festa de um Maracanã com quase 54 mil pessoas.

"Faz hoje (ontem) a primeira semana de treinos. Nós optamos por fazer uma pré-temporada com jogos oficiais. Nem tudo é positivo, pois você trabalha com uma intensidade muito alta. Ao fim de oito dias, jogar um futebol deste nível não é para todos", disse o treinador.

No vitorioso ano de 2019, Jesus ficou marcado por desafiar algumas coisas tratadas como uma verdade absoluta no futebol pentacampeão. Ao rechaçar a ideia de não privilegiar uma competição, levantou o debate sobre o desgaste imposto aos principais jogadores, que foram levados ao desempenho extremo com a tática do Mister. Treinos em dias de jogos também foram importados por ele, que comandou uma movimentação na manhã de ontem.

Em desvantagem de oito pontos no Brasileiro, tirou a distância e levantou o caneco com sobras. Na Libertadores, pisou fundo no acelerador, chegou à finalíssima e ajudou o Fla a romper uma barreira que já durava nada menos que 38 anos.

Foi uma partida muito boa do Flamengo. Temos pouco tempo de trabalho, espero que a gente possa se entrosar cada vez mais. Mas já saíram até algumas jogadas ensaiadas trabalhadas durante a semana", apontou Gabigol.

Essa "pré-temporada" disputada em jogos oficiais também tem a sua razão prática. De olho no título da Supercopa do Brasil, jogo único que reunirá Flamengo (campeão brasileiro) e o Athletico (vencedor da Copa do Brasil), dia 16 de fevereiro, em Brasília, o português espera chegar no Mané Garrincha bem mais próximo do que considera o ideal. Até lá, o Carioca será o laboratório para ajustes dentro das quatro linhas.

"O importante para nós é dia 16, em Brasília, na final da Supercopa. Queremos estar em um nível muito melhor e maior, com todo o respeito que tenho pelo Carioca. O Flamengo não pode ser grande apenas por seus torcedores. Tem que ganhar títulos dentro e fora do Brasil. É isso que quero que o Flamengo consiga fazer. Para mim, estes jogos são para preparar a equipe com jogos oficiais", completou o comandante.

Com dez pontos em sua chave, o Rubro-Negro garante vaga na semifinal da Taça Guanabara com uma vitória sobre o Madureira, sábado, 18h, no Maracanã. O duelo com o Tricolor suburbano será usado como mais um estágio de preparação para a decisão no Mané Garrincha.