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Após reformulação, Athletico busca Supercopa por rótulo de 'anti-Flamengo'

Gabigol conduz a bola em duelo rubro-negro pela Copa do Brasil; Bruno Guimarães e Tiago Nunes já não está mais no Athletico - Gabriel Machado/AGIF
Gabigol conduz a bola em duelo rubro-negro pela Copa do Brasil; Bruno Guimarães e Tiago Nunes já não está mais no Athletico Imagem: Gabriel Machado/AGIF

Napoleão de Almeida

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/02/2020 04h00

Só uma equipe brasileira conseguiu tirar o Flamengo de uma competição em 2019. O "anti-Flamengo", time que levou o Brasileirão com o pé nas costas e a Libertadores de forma dramática, atende pelo nome de Athletico Paranaense.

"Nunca disse, mas vou dizer hoje: de todos os jogos que fizemos, junto ao Liverpool e ao River [Plate], o Athletico foi a equipe que mais dificuldade nos criou. Muito forte. Não foi só de eu ter duas semanas de trabalho. Tem muita qualidade coletiva e individual", disse Jorge Jesus, técnico do time carioca, na coletiva de imprensa de apresentação da Supercopa do Brasil, a ser disputada neste domingo, 11h em Brasília.

Campeão da Copa do Brasil em 2019, o Athletico despachou o Flamengo nos pênaltis após dois empates em 1 a 1, pelas quartas de final. No jogo de Curitiba, houve polêmicas com a não expulsão de Diego Alves, que pegou uma bola com as mãos estando fora da área, e com um gol anulado de Marco Ruben, com uso do VAR, que apontou falta na origem da jogada.

No Rio, um massacre do Flamengo nos primeiros minutos que parou no goleiro Santos. Quando Gabigol abriu o placar, o Athletico saiu para o jogo e empatou com Rony — personagem principal nesta decisão para os atleticanos.

Entretanto, o time elogiado por Jesus não é mais o mesmo. Saíram Léo Pereira (para o próprio Flamengo), Bruno Guimarães, Bruno Nazário, Marcelo Cirino e Marco Ruben, isso para contar apenas quem esteve no Maracanã naquela noite de triunfo athleticano. Saiu também o comandante do time que ganhou três dos quatro títulos mais importantes do clube: Tiago Nunes, campeão da Sul-Americana 2018 e das Copas Levain e do Brasil em 2019.

Cabe a Dorival Junior manter o status adquirido e ampliar a imagem vencedor do Furacão. Ser o "anti-Flamengo", aquele capaz de frear o clube mais poderoso do Brasil na atualidade, é o desafio. Para isso, o reforço de Rony é considerado fundamental para um clube que repôs poucas peças: chegaram apenas os meias Fernando Canesin, Marquinhos Gabriel e Carlos Eduardo, além do goleiro Jandrei, que não irá atuar em Brasília.

Quando contratado, o treinador recebeu como meta, entre outros objetivos, vencer a Supercopa. O clube entende que a repercussão pode ser a sustentação que o time precisa para repetir nova temporada vitoriosa.

Choque de modelos

A construção desta imagem, que finalmente encontrou os resultados em campo, vem de ser "anti-Flamengo" fora dele, a saber: enquanto o Fla recebe as maiores cotas de TV pelos seus direitos, o Furacão passou a fazer jogo duro em negociações e restringir acesso aos seus jogos até se tornar o clube que mais recebeu da TV aberta por direitos de transmissão em 2019 — exceto o próprio adversário carioca.

Paradoxalmente, o clube do Rio seguiu o Furacão em outra decisão: negou-se a vender os direitos de TV para o Carioca nesta temporada por entender que recebe menos do que deveria em relação aos rivais.

O Estadual é outro marco entre os times. Desde 2013, exceto por 2016, o Athletico manda a campo um time chamado de "Aspirantes" durante o Paranaense. O Flamengo iniciou o Carioca da mesma maneira, mas acabou recuando por opção de Jorge Jesus, que quer dar ritmo aos atletas. Dorival Junior tentou algo parecido, mas só conseguiu uma partida, a única oficial até aqui, antes da Supercopa: empate com o Paraná Clube em 1 a 1, na Arena.

Enquanto Jesus se notabilizou por usar seu time principal em todos os jogos, com rodizio pontual, a estratégia do Athletico — e não do técnico Doriva l— é oposta: poupa no Estadual e, a perceber pela última temporada, abre mão do Brasileiro em prol das copas. Ainda assim, arrancou para um quinto lugar após confirmar o título que o leva para essa decisão contra o Flamengo, campeão brasileiro com 16 pontos a mais que o vice Santos e 26 a mais que o Furacão, a quem venceu nos dois duelos pelo nacional.

Até mesmo a ruptura com as federações locais é diferente para ambos, embora parta da mesma ideia. Ambos defendem o título em seus estados. O Flamengo jogou e venceu a semifinal da Taça Guanabara em jogo na última quarta-feira, diante do Fluminense, e aguarda para o sábado de Carnaval seu adversário na decisão. A FERJ conseguiu adequar a tabela de modo a não esvaziar o torneio conflitando datas do Fla.

Já a Federação Paranaense sustentou para o sábado (15) o jogo entre Athletico x Toledo, um dia (e menos de 24 horas) antes da Supercopa. O Furacão, que usa o time secundário, não se opôs, ainda que a lei o desse direito de contestar a tabela.

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