Presidido por Palhinha, time vence 18 seguidas e iguala recorde em Portugal
Quando chegou à 18ª vitória consecutiva, o clube português União de Almeirim igualou Benfica e Porto, recordistas de Portugal. A diferença é que o clube está na primeira divisão da Associação de Futebol de Santarém, equivalente à quarta divisão do futebol nacional, e ainda não perdeu ou empatou na temporada. A marca impressionante tem um tempero brasileiro, já que a agremiação é presidida por Palhinha.
O União de Almeirim é a equipe com o melhor ataque e a melhor defesa da competição: 56 gols marcados e apenas sete sofridos. Já abriu 13 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Tudo isso sob o comando de Jorge Ferreira da Silva, o Palhinha, que fez sucesso com as camisas de São Paulo, Flamengo e Grêmio na década de 1990. Depois de fundar o Boston City, nos Estados Unidos, e uma filial brasileira chamada Boston FC Brasil, o ex-jogador começa a encontrar o sucesso em Portugal.
"Aqui e em qualquer lugar é preciso falar a verdade, trabalhar em cima do orçamento que o clube realmente tem e fazer os caras trabalharem com dignidade. O que muitos presidentes de clubes falam é que vão fazer acontecer. Prometem uma coisa e fazem outra", disse Palhinha, ao UOL Esporte, explicando sua ideia de gestão para o clube.
Palhinha aplica em parte o que aprendeu nos Estados Unidos, modelo que, aprimorado pelo brasileiro, ajudou a fazer com que o time alcançasse números impressionantes. Enquanto isso, o União de Almeirim trabalha para desenvolver novos jogadores. Isso, segundo o ex-jogador, é mais fácil em Portugal por causa da estrutura que clubes do país oferecem.
"Eles usam como desculpa que é um país muito menor que o Brasil, só que aqui tem muito mais condições de formar mais jogadores do que o Brasil porque a maioria dos clubes aqui tem mais estrutura que os do Brasil", compara.
Revezamento de brasileiros no elenco
Fundado em 1934, o União é uma das atrações da cidade de Almeirim, que tem apenas 23 mil habitantes. No elenco atual, estão doze jogadores brasileiros. Só que nem todos eles podem entrar em campo - há um revezamento, já que o regulamento da competição permite apenas seis estrangeiros por partida. Entre os titulares, o rodízio não influencia muito.
Mas, como se trata de um clube que prioriza as categorias de base, esse número tem impacto sobre os jogadores mais jovens, que treinam com a equipe principal e entram em campo sempre que surge uma oportunidade.
Como a comunidade brasileira é muito grande, eles são a maioria dos estrangeiros no clube. Para facilitar a adaptação, todos vivem juntos em uma casa na cidade. Entre eles, está uma dupla que tem a mesma origem:o zagueiro Rafael Garutti e o atacante Igor, naturais de Marília que começaram a carreira clube homônimo.
As coincidências não param por aí. Os jogadores disputaram competições sub-15, 17 e sub-20 e jogaram no Santacruzense, também do interior do estado, até serem chamados pelo próprio Palhinha para clube português.
"Joguei o Paulista sub-23 da segunda divisão pelo Santacruzense, mas o projeto já era vir para Portugal o quanto antes junto com o Palhinha. O planejamento era esse. e o União de Almeirim foi a grande oportunidade de entrarmos na Europa", conta Garutti.
Para a dupla, a adaptação foi relativamente fácil em um futebol que consideram dinâmico, com a cara e o jeito europeu. Toques de bola e velocidade, menos dribles e mais técnica de passe ditam o estilo local.
"É um estilo de jogo diferente do Brasil, um pouco mais cadenciado, com um pouco mais de toque de bola, porém a gente tem que estar preparado para toda situação", disse o zagueiro.
"Trabalhar em Portugal é diferente. O futebol é diferente, um pouco mais dinâmico", reforçou Igor.
No domingo, 16, o clube tenta dar mais um passo rumo ao título. Desta vez, o adversário será o SL Cartaxo fora de casa, às 15h (horário de Portugal).
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