Como Diniz tenta convencer torcida de sua "filosofia" e se manter no cargo
O técnico Fernando Diniz foi chamado de "burro" após o empate sem gols no clássico do São Paulo contra o Corinthians ontem (15), no Morumbi, válido pela sexta rodada do Campeonato Paulista 2020. O treinador, aliás, trava uma "briga" com os torcedores. Ele tenta provar para a maioria deles que é possível voltar a ganhar títulos apresentando um "futebol bonito".
Entretanto, Diniz sabe que o torcedor do São Paulo quer resultados. A falta de títulos na história do clube - o último ocorreu na Sul-Americana de 2012 - diminui a paciência da torcida para que o treinador engrene o seu "estilo de jogo vertical" no Morumbi e se mantenha empregado no cargo.
"Para o torcedor é muito difícil, ele quer ganhar. O torcedor do São Paulo está há mais de uma década sem ganhar títulos importantes. Mas, mesmo sendo difícil, o São Paulo saiu aplaudido contra o Novorizontino. O jogo contra o Santo André dividiu as opiniões. O torcedor do São Paulo não tem orgulho do resultado, tem orgulho do que vê em campo. Mas precisamos ganhar, porque o torcedor quer mais ganhar do que jogar bem. Mas acho que jogando bem a gente aumenta as chances de ganhar. Nesse sentido, estamos no caminho certo. Espero muito que a gente consiga ganhar, o torcedor merece. Está tudo certo me chamar de burro, mas preciso ter coragem de fazer o que estou enxergando", afirmou Diniz.
A paciência da torcida com Diniz no clássico contra o Corinthians terminou no fim da partida, quando o treinador sacou Alexandre Pato para colocar Liziero aos 40 minutos. Após a troca, alguns torcedores xingaram bastante.
Diniz disse que já previa vaias da torcida por sacar um atacante e colocar um volante com o placar de 0 a 0. O treinador explicou que a substituição ocorreu para que o time voltasse a criar jogadas de ataque. Na visão do técnico, o São Paulo havia perdido o meio-campo para o Corinthians.
"O São Paulo não piorou com a entrada do Liziero. Mas o torcedor queria ganhar o jogo. Eu estou aqui para o momento que o torcedor precisar xingar. Eu não tenho críticas ao torcedor. O Liziero jogou uns oito minutos. Nesse tempo tivemos dois escanteios, um chute do Bruno Alves e um pênalti. O time melhorou, era o que eu achava que ia acontecer. Precisávamos do domínio no meio-campo e tirar o time de trás. A engrenagem tem que rodar como um todo. O time ia criar mais condições de ganhar mesmo tirando um camisa nove. Futebol não é matemática, se não colocaria dez atacantes e ia fazer gol. Não é isso. Temos um time muito ofensivo, poucos jogadores de marcação, se fosse por isso teríamos feito muitos gols", disse.
Fernando Diniz entende que a pressão por resultados pode abafar o futebol apresentado dentro de campo. O treinador, aliás, passou boa parte da entrevista coletiva após o clássico enfatizando que, apesar do placar muitas vezes não ser o esperado em 2020, o São Paulo, na visão dele, jogou melhor que o adversário em quase todos os jogos.
"O São Paulo pode jogar mal um dia, ainda não jogamos no campeonato. Além do jogo com o Palmeiras, o São Paulo dominou os demais e, inclusive, era para ter vencido todos pelo que jogou. Se acontecesse um deslize em outro jogo, aí todo mundo esquece o processo todo. O futebol aqui não vai mudar enquanto não conseguirmos distinguir trabalho de resultado. Tem que ganhar? Claro. Todos sabem. O torcedor quer que ganhe. Mas se pudermos ganhar jogando, construindo, mais feliz ele vai ficar. Eu falo da lei da probabilidade. Quando você cria mais chances que o adversário, você está mais perto de ganhar. O trabalho do treinador é isso, se não seria um jogo de certeza. O futebol e a vida são coisas bonitas por isso, não temos certeza de nada", concluiu.
Na próxima rodada, o São Paulo, que não vence há três rodadas, visita o Oeste, no dia 22, em Barueri.
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