Flamengo é condenado a pagar R$ 50 mil por cantos ofensivos contra o Flu
Em julgamento realizado na tarde de hoje (20), o Flamengo foi condenado, pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Rio de Janeiro (TJD-RJ), a pagar R$ 50 mil pelos cânticos "time de veado" de parte da torcida durante a partida contra o Fluminense, válida pela semifinal da Taça Guanabara, primeiro turno do Campeonato Carioca. Ainda cabe recurso.
Na ocasião, após o grito de "pague as famílias", proferidos pelos tricolores em alusão à tragédia do Ninho do Urubu, e os rubro-negros responderam com os cantos de cunho homofóbico. Um vídeo mostrando os dois momentos foi mostrado.
O tribunal não entendeu que houve homofobia no caso, mas entendeu que os gritos foram ofensivos à torcida adversária. Desta forma, o Rubro-Negro foi enquadrado no artigo artigo 191, que aponta "deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento de regulamento de competição", mas absolvido no 243-G, "praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito", do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
"Ao meu sentir, na minha exposição de motivos, não apliquei o 243-G por não ser específico a determinada pessoa. Para, no meu sentir, ser aplicado o 243-G, seria necessário haver um ofendido, assim como houve no caso do goleiro Aranha, só para esclarecer. Para mim, racismo, em sentido amplo, é muito maior que "time de veado". Teria de ser um atitude que impedisse determinados torcedores de adentrar em parte do estádio e em razão da sua etnia. A decisão do julgamento estabeleceu que o artigo 243-G foi afastado. A aplicação do 191 por ter sido desrespeitado o regulamento geral de competições e da Fifa em relação às tratativas entre torcidas e cânticos que podem levar a uma questão social, sexual, racial. A Fifa coíbe isso", Marcelo Zonermann, presidente da 4ª Comissão Disciplinar.
Também foram citados os comentários homofóbicos feitos na Fla TV, canal oficial do Rubro-Negro, durante a transmissão da semifinal. Na ocasião, o locutor Emerson Santos usou a expressão "show das poderosas", título de uma música da Anitta, ao se referir a uma reclamação dos jogadores do Fluminense. Logo depois, o comentarista Alexandre Tavares usou o termo "querida". O caso, porém, não foi julgado.
Durante o evento no TJD-RJ, foi apontada a necessidade de medidas para se combater a homofobia no esporte, principalmente no futebol, lembrando também casos em que houve condenação por racismo.
Foi recordado ainda que, recentemente, o Superior Tribunal Federal (STF) entendeu que a homofobia e transfobia são enquadrados como crime de racismo. Porém, foi indicado que o "time de veado" não teria sido uma injúria a uma pessoa específica, mas algo genérico para atingir a torcida adversária
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