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O que fez presidente sair do sério e demitir comando do futebol do Atlético

Sérgio Sette perdeu a paciência após eliminação do Galo e demitiu seu diretor, gerente e técnico - Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG
Sérgio Sette perdeu a paciência após eliminação do Galo e demitiu seu diretor, gerente e técnico Imagem: Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

27/02/2020 04h00

Na noite da última quarta-feira (26), o Atlético-MG viveu sua segunda eliminação em menos de uma semana na temporada de 2020. Desta vez, o Galo caiu para o Afogados (2 a 2 no tempo normal e 7 a 6 nos pênaltis) e está fora da Copa do Brasil. O resultado gerou uma onda de demissões duas horas após o jogo, com direito às saídas do técnico Rafael Dudamel (e comissão técnica), do diretor de futebol, Rui Costa, e de Marques, ex-atacante do clube e que ocupava o cargo de gerente de futebol. Mas o que explica essas saídas no comando do futebol alvinegro?

As explicações são várias e vão desde contratações questionadas até o trato com os atletas e a falta de evolução dentro de campo. Abaixo, listamos alguns motivos que ajudam a explicar porque o Galo ainda nem entrou no terceiro mês do ano e já amarga duas quedas precoces, além de atuações sofríveis e quase nunca convincentes.

Muita disciplina e pouco futebol

Rafael Dudamel chegou ao Atlético respaldado pela diretoria, que pretendia ficar com o técnico pelo menos até o final do ano, quando Sérgio Sette Câmara termina sua gestão. Mas, apesar do discurso sobre dar tempo necessário para adaptação, o técnico não conseguiu tirar proveito da confiança da alta cúpula. Nos 10 jogos de 2020, pouco se viu de bom no Atlético. Pior que resultados ruins foram as atuações, raramente dignas de elogios, ainda que breves. Mesmo nas vitórias, não se via qualquer mínima evolução no time ou no desempenho dos jogadores, o que aumentou a pressão sobre o técnico, ainda que o discurso sobre ter paciência estivesse presente (até mesmo em parte da torcida). Na Copa do Brasil, chamou muita atenção a classificação sofrida na primeira fase com um empate sem gols diante do Campinense. Na fase seguinte, a sorte não foi a mesma e o time acabou caindo para o Afogados na disputa de pênaltis. A situação ficou insustentável principalmente porque há menos de uma semana o time já havia sido eliminado da Sul-Americana (com direito a derrota por 3 a 0 para o Unión, da Argentina).

Além dos pouquíssimos ou quase inexistentes pontos positivos do Atlético dentro de campo, Dudamel também gerou algumas insatisfações por causa do seu estilo rigoroso com os atletas dentro do clube. Exigências em relação ao vestuário, pontualidade nas refeições e disciplina não caíram bem e precisaram ser contornados pela diretoria. Com essa saída meteórica, ele deixa o Atlético com a passagem mais rápida em 16 anos da instituição.

Diretor teve contratações questionadas

Anunciado em abril de 2019, Rui Costa recebeu mais críticas do que elogios em quase um ano de Atlético. A demora para tomar decisões importantes e o erro ao contratar peças pontuais são os assuntos mais lembrados dentro de um resumo sobre seu trabalho. Pressionado para reforçar o time no ano passado, Rui trouxe os gringos Ramón Martínez e Lucas Hernández. Apesar de gastar mais de R$20 milhões com a dupla, nenhum deles jamais caiu nas graças da torcida, além de não renderem o que era esperado dentro de campo. Para a temporada de 2020, Rui também foi bastante cobrado devido à demora para reforçar o elenco e para encontrar um técnico para suceder Vagner Mancini, que não fazia parte dos planos para a temporada. Quando Dudamel chegou ao clube, o Atlético ainda estudava as possíveis contratações, o que certamente atrapalhou o comandante na busca pelo entrosamento do novo time.

Ídolo como jogador não deu certo como dirigente

Frequentemente lembrado pelos inúmeros serviços prestados dentro de campo pelo Galo, o ex-atacante Marques não teve o mesmo sucesso na diretoria. Enquanto ocupou o cargo momentâneo de diretor de futebol, foi responsável por uma das contratações mais contestadas dos últimos anos. Maicon Bolt tinha um dos salários mais altos do elenco, mas nunca entregou um futebol condizente com sua remuneração. Sem espaço durante 2019, o atacante foi colocado na lista de negociáveis, mas os altos recebíveis impediram sua transferência para outras equipes. Rescindiu com o Atlético recentemente, mas entrou com uma ação na justiça contra o clube. Marques virou o gerente de futebol do Galo após a chegada de Rui Costa, mas nunca foi unanimidade e também acabou desligado do clube.

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