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Ronaldinho: passaportes falsos foram emitidos em janeiro, diz promotor

Do UOL, em São Paulo*

05/03/2020 09h36Atualizada em 05/03/2020 14h47

O promotor Federico Delfino disse hoje (5), em entrevista coletiva, que os números dos passaportes apreendidos ontem com Ronaldinho e seu irmão Assis pertencem a outras pessoas e foram emitidos em janeiro deste ano. Os dois prestaram depoimento em Assunção, no Paraguai, mas o conteúdo não foi revelado.

"Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano", disse Federico Delfino.

Ainda segundo o promotor, Ronaldinho e seu irmão saíram do aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, com documentação brasileira e teriam recebido os passaportes paraguaios "assim que deixaram o avião".

"Tanto o senhor Ronaldinho quanto seu irmão disseram que era um presente", disse Delfino.

O jornal ABC Color destaca que esta versão contrasta com a apresentada por Ronaldinho e Assis, que alegaram inicialmente que o documento foi entregue no Brasil.

Ronaldinho e Assis foram detidos na noite de ontem no quarto de hotel acusados de portar passaportes falsos.

O investigador Gilberto Fleitas, em entrevista à rádio ABC Cardinal, disse que os irmãos responsabilizaram o empresário Wilmondes Sousa Lira pela entrega dos documentos.

Após o depoimento, o Ministério Público local afirmou que "continuará as investigações do caso, juntamente com o grupo de procuradores formado para esse fim". Antes, Adolfo Marin, advogado de Ronaldinho, prometeu esclarecer a situação às autoridades.

"Ronaldinho e seu irmão disseram que eram praticamente vítimas. Eles podiam entrar tranquilamente com a identidade brasileira. Ele está chocado e surpreso com esta situação. Ele testemunhará perante o Ministério Público e dirá quem enviou o documento", afirmou, em entrevista à rádio ABC Cardinal.

Duas mulheres são detidas

Duas mulheres foram detidas nesta quinta pela polícia paraguaia por estarem supostamente envolvidas com o caso. Ambas teriam solicitado os passaportes que ontem estavam em posse dos ex-jogadores brasileiros. "As detidas são as que, em janeiro, solicitaram formalmente os passaportes. Elas registraram suas casas [com endereço] em La Chacarita", afirmou o investigador Gilberto Fleitas, à rádio "1080 AM", em referência a um dos bairros mais pobres de Assunção.

As mulheres levadas pelos policiais à sede do departamento de Investigação de Delitos são María Isabel Gayoso e Esperanza Apolonia Caballero. "Solicitei o documento porque me ofereceram um trabalho na Argentina, que pediria um passaporte. Vi isso nas notícias, mas jamais pensei que estaria envolvida. Foi só no caminho [à delegacia] que o investidor me contou", afirmou Gayoso.

Escolta policial

Em entrevista para a rádio ABC Cardinal, o comandante da Polícia Nacional do Paraguai, Sergio Resquín, explicou que Ronaldinho teve escolta da polícia na chegada ao país a pedido de uma empresa, o Grupo Beck. O ex-jogador está no país para participar de dois eventos.

"Normalmente se avalia os riscos e perigos, Era uma pessoa importante, reconhecida internacionalmente, então foi visto que era possível fazer essa escolta", disse.

Depois de ser recebido com festa, com direito a escolta de veículos da polícia no trajeto do aeroporto ao hotel, Ronaldinho e seu irmão Assis foram detidos acusados de portarem documentos falsos.

*Com informações da agência Reuters.