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Como "novo Neymar" do PSG pode mudar planos de Tite na seleção brasileira

Neymar em ação durante amistoso da seleção contra Senegal - Pedro Martins/Mowa
Neymar em ação durante amistoso da seleção contra Senegal Imagem: Pedro Martins/Mowa

Danilo Lavieri e Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

05/03/2020 18h00

Atuar aberto pela esquerda ontem na vitória do PSG sobre o Lyon por 5 a 1 foi exceção para Neymar. Nos últimos meses, o atacante brasileiro jogou quase sempre mais centralizado e recuado, fazendo jus ao número que carrega nas costas, como um autêntico camisa 10, atrás dos atacantes.

Na seleção brasileira, onde costuma sempre aparecer pelos lados do campo, o papel alternativo poderia abrir um novo leque de opções no meio de campo e no ataque para Tite - o técnico divulga a convocação para a estreia nas eliminatórias nesta sexta-feira na sede da CBF.

Atuando como criador de jogadas, Neymar tem contribuído com gols e assistências. Em 26 confrontos, marcou 18 vezes e deu oito passes para gols. Segundo o site de estatísticas Whoscored, está entre os cinco primeiros em gols, assistências, dribles, passes chave e finalizações a gol no Campeonato Francês.

Na seleção brasileira, Coutinho vem exercendo a função que Neymar hoje exerce no PSG durante a maior parte da era Tite. O meia, entretanto, vem lidando com irregularidade e oscilações desde que trocou o Liverpool pelo Barcelona em janeiro de 2018.

Atualmente emprestado o Bayern de Munique, Coutinho desencantou no último sábado e marcou duas vezes na goleada por 6 a 0 sobre o Hoffenheim. Até então, entretanto, vinha tendo uma adaptação lenta e sendo alvo de críticas na Alemanha.

"Coutinho faz boas coisas às vezes, mas por vezes complica tudo", disse o diretor esportivo Hasan Salihamidzic em fevereiro, após uma vitória sofrida por 4 a 3 sobre o mesmo Hoffenheim.

Na seleção, o meia também tem oscilado. Alçado ao posto de maior nome de um Brasil sem Neymar durante a conquista da Copa América no ano passado, Coutinho não foi, dentro de campo, o grande destaque, atuando como coadjuvante de nomes preponderantes para o título, como Gabriel Jesus e Everton Cebolinha.

Tite não teria dificuldades para explicar, hoje, uma opção por recuar Neymar na seleção brasileira. Além de substituir um Coutinho irregular por um camisa 10 que, depois de sofrer com lesões nos últimos dois anos, vem rendendo dentro de campo, o treinador ainda abriria o leque de opções no ataque.

Neymar atuando como armador abre uma vaga em um ataque que tem vários postulantes em grande fase. No Brasil, os flamenguistas Bruno Henrique e Gabigol vêm de uma temporada histórica e não dão sinais de diminuir o ritmo. Ambos podem atuar pelos lados do campo, e Gabigol ainda faz as vezes de centroavante. Nenhum deles ainda se firmou como presença constante nos planos de Tite.

Na Inglaterra, Richarlison e Gabriel Jesus vivem excelente fase. O atacante do Everton já soma 12 gols no ano. No City, mesmo sem ser titular absoluto e com a concorrência de Aguero, Jesus já marcou 18 vezes - é dentre os convocados regulares de Tite quem mais balançou as redes na temporada.

O 2019 de Neymar com a seleção brasileira foi marcado por lesões em problemas. Em maio machucou o tornozelo direito na preparação para a Copa América, e viu o Brasil mostrar que é capaz de ser campeão sem o seu protagonismo. Em outubro, longe da melhor forma, lesionou a coxa em amistoso diante de Nigéria em Cingapura.

Para o início das Eliminatórias, Tite terá pela primeira vez desde o ciclo preparatório para 2018 seu principal jogador em plenas condições físicas e técnicas em uma competição oficial. Os planos do treinador para Neymar e para a seleção brasileira na briga por uma a vaga no Qatar em 2022 começam a ser expostos na convocação desta sexta-feira, às 11h, na sede da CBF. O Brasil estreia nas Eliminatórios no próximo dia 27, diante da Bolívia, em Recife.