Tite vê disputa espinhosa no meio, com Gerson e Bruno Guimarães em pauta
A primeira convocação da seleção brasileira de 2020, marcada para esta sexta-feira (6), indicará muito mais coisas do que apenas os nomes que disputarão os jogos contra Bolívia e Peru pela abertura das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022. A lista divulgada por Tite indicará como o treinador resolverá problemas que tem para montar um grupo capaz de chegar ao Qatar com chances de título. E o meio-campo é uma das questões centrais, que consegue atormentar mais do que a formação do ataque.
Se à frente ele tem a chamada "dor de cabeça boa" com nomes que foram bem recentemente como Gabriel Jesus, Roberto Firmino, Vinicius Júnior, Everton, Gabriel Martinelli, Gabigol e Bruno Henrique, por exemplo, no meio, especialmente pensando em criação, ele ainda não tem um atleta hoje para depositar sua confiança.
Tentando renovar o setor desde o primeiro jogo após a derrota na Copa do Mundo de 2018, o técnico tem a chance de levar mais dois novos nomes para testes: Bruno Guimarães, do Lyon, e Gerson, do Flamengo. Observados desde o ano passado pela comissão técnica, os dois são as opções mais cotadas para fazer o trabalho que envolve marcação e iniciar a construção de jogadas chegando até a área adversária, o tão falado "box-to-box".
No momento, por diferentes motivos, Bruno está mais bem cotado que Gerson, algo que parecia impensável em dezembro de 2019.
Ele chegou à França e foi eleito o melhor em campo pelo Lyon nos três jogos que disputou. Seu segundo compromisso na Europa foi enfrentar a Juventus, de Cristiano Ronaldo, pelas oitavas da Liga dos Campeões. Pressão? Ansiedade? O jogador revelado pelo Athletico-PR deixou o gramado elogiado como o maestro do meio-campo. Tudo isso sob a observação in loco de auxiliares de Tite.
Isto é: a situação só melhora o patamar de Bruno Guimarães após o bom Pré-Olímpico que disputou com a seleção brasileira no início do ano. Capitão, ele comandou o time até a busca da vaga em Tóquio-2020, na vitória contra a Argentina. Eleito o melhor da competição, o meio-campista também foi visto de perto pela seleção principal: primeiro, Tite foi à Colômbia para assistir a um jogo. Em outros dois, a observação ficou sob responsabilidade de Cléber Xavier, número um entre os auxiliares.
A provável inclusão de Lucas Paquetá na lista de Jardine desta sexta (6) também é um indício a favor de Guimarães.
Do outro lado, está Gerson. O meio-campista flamenguista só não foi chamado já no ano passado para amistosos evitar problemas diplomáticos entre CBF e Flamengo. O calendário brasileiro não permitia que o atleta fosse convocado sem que o time carioca fosse prejudicado na reta final das competições, e os nomes de Rodrigo Caio e Gabigol ganharam prioridade.
Tite deixou claro publicamente que gostaria de contar com ele, mas que o problema de calendário era definitivo para que a chance fosse adiada. No fim do ano, André Jardine quis convocar Gerson para reforçar a seleção olímpica. Com idade para disputar os Jogos, ele poderia brigar justamente com Bruno Guimarães por um espaço na equipe.
Gerson alegou que estava cansado após uma longa temporada de decisões com o Flamengo, com a disputa do Mundial até o dia 21 de dezembro. O meio-campista lembrou que já não havia tido férias na transição do futebol italiano para a Gávea. Por isso, pediu para não ser convocado. O gesto dividiu a CBF: houve os que entenderam seu comunicado, enquanto outra facção entendeu sua atitude como sinal de falta de comprometimento. O jogador, por fim, disse que coloca o time em primeiro lugar.
É com esse contexto que Tite terá que decidir quem chamar. Não está descartada a convocação dos dois, inclusive. Isso porque não há um nome que seja unanimidade para o setor. Nesse processo de reconstrução, as apostas foram principalmente em Arthur, Allan e Paquetá. Os três, inclusive, estiveram com a delegação campeã na Copa América em 2019, no Maracanã, mas não vivem o auge de sua forma neste momento.
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