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Defesa de Ronaldinho evita elo com Bolsonaro, mas governo será importante

Ronaldinho deixa audiência de algemas em 7 de março de 2020 - JORGE ADORNO/REUTERS
Ronaldinho deixa audiência de algemas em 7 de março de 2020 Imagem: JORGE ADORNO/REUTERS

Ricardo Perrone

Colaboração para o UOL, em Assunção (PAR)

09/03/2020 12h00

A defesa de Ronaldinho Gaúcho tem mantido o presidente Jair Bolsonaro longe da discussão sobre a estratégia para reverter a prisão do ex-jogador e seu irmão, Assis, no Paraguai. No entanto, ao mesmo tempo, o governo brasileiro já foi envolvido no caso pelo estafe do ex-atleta. Isso porque o consulado do Brasil em Assunção foi procurado pelos advogados de Ronaldinho.

Conforme apurou a reportagem, a defesa do ex-jogador e de seu irmão entende que parte da imprensa tenta ligar Ronaldinho a Bolsonaro, sugerindo uma ajuda especial do presidente da República ao atleta, com quem mantém boa relação.

Ronaldinho se posicionou a favor de Bolsonaro durante a campanha eleitoral presidencial, almoçou com o presidente em 2019 e no mesmo ano foi nomeado embaixador do turismo brasileiro pela Embratur, órgão governamental. O cargo não é remunerado.

A defesa do ex-jogador nega que exista atenção especial de Bolsonaro ao caso por conta da amizade entre ambos. Sustenta que o consulado brasileiro em Assunção auxilia os irmãos como faz com todos os cidadãos do país em situação semelhante.

Em entrevista coletiva neste domingo (8), Sergio Queiroz, advogado brasileiro de Ronaldinho, foi questionado se acionaria Bolsonaro. Ele respondeu que não e afirmou não ser seu papel conversar com o governo.

A pergunta foi feita por um entrevistador que colocou em pauta a suspeita de que o governo paraguaio esteja usando Ronaldinho como exemplo para coibir falsificações no país. Os irmãos brasileiros estão presos preventivamente sob acusação de terem usado documentos paraguaios falsos para entrar no país.

Queiroz chegou a falar que, caso o repórter confirmasse a suposta intenção dos governantes paraguaios, pediria as informações e as usaria para defender seus clientes. Conforme a reportagem apurou, apesar de não afirmar em público, defensores de Ronaldinho acreditam que ele está sendo usado como um troféu pelas autoridades paraguaia, justamente com a intenção de mostrar rigor e inibir crimes de falsificação.

Nesse contexto, a participação do consulado ganha mais importância. Isso porque haveria uma questão para ser tratada entre os dois governos. Durante sua entrevista coletiva, Queiroz explicou que procurou o consulado para apresentar atos que considerou irregulares por parte da Justiça do Paraguai.

Segundo ele, o cônsul do Brasil em Assunção, Afonso Nery, teria constatado pessoalmente as ilegalidades ao participar do julgamento em que a prisão preventiva dos irmãos foi decretada. Entre os fatos que ele afirma terem sido presenciados pelo diplomata está o suposto impedimento da defesa de impetrar recurso que pedia a suspensão do julgamento.

Faz parte da rotina do cônsul relatar suas atividades a superiores, o que deve fazer a queixa dos advogados de Ronaldinho circular no governo brasileiro.