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Caso Daniel: "Fui a primeira vítima daquela noite", diz Cristiana Brittes

Cristiana Brittes em entrevista ao SBT - Reprodução/SBT
Cristiana Brittes em entrevista ao SBT Imagem: Reprodução/SBT

Do UOL, em São Paulo

10/03/2020 09h56

Após a Justiça decidir não continuar com a acusação de homicídio do ex-jogador Daniel Correa contra Cristiana Brittes, a mulher de Edison Brittes, réu confesso do assassinato, disse em entrevista ao programa Conexão Repórter do SBT, que foi a primeira vítima da tragédia que aconteceu na manhã de 27 de outubro de 2018, no Paraná.

Assim como no depoimento dado à Justiça, Cristiana alegou que foi importunada sexualmente por Daniel, o que teria motivado o assassinato. Seu marido, Edison Brittes, confessou ter matado o atleta e irá a julgamento com outros três réus (David Vollero, Ygor King e Eduardo da Silva, convidados da festa de aniversário de sua filha) pela denúncia de homicídio qualificado.

"Quero deixar bem claro que eu não agredi, não bati, não matei o Daniel. Não participei de nada. Fui vítima do Daniel. Fui a primeira vítima daquela noite. Fui importunada sexualmente, ele veio sem ser convidado, entrou no meu quarto, tirou as calças, subiu na cama e me importunou sexualmente. Eu fui presa sem ter encostado nele", afirmou na entrevista dada na casa da família Brittes, onde começaram as agressões a Daniel antes do assassinato.

A casa foi pintada e alguns móveis do quarto foram mudados de lugar. A parede do cômodo foi pintada de branco. Cristiana Brittes disse que pensou em se mudar, mas decidiu continuar a vida naquele lugar. Ela chegou a ser acusada pelo Ministério Público de participar do assassinato e ficou presa. Porém, a juíza Luciani de Paula não deu prosseguimento a essa denúncia.

Cristiana, assim como sua filha Allana Brittes, ainda responderão por outras três acusações, aceitas pela juíza: fraude processual, coação no curso do processo e corrupção de menores. As duas estão em liberdade.

Na entrevista, Cristiana Brittes reafirmou a versão de que não teve participação do crime e comentou sobre o que lembra da noite. "Ele (Daniel) estava em cima de mim, pegando nos meus seios, de cueca, com o pênis de fora, se esfregando em mim. Neste momento eu não entendendo que estava acontecendo. Daí eu gritei e pedi socorro e depois não sei mais descrever mais o que aconteceu", disse.

"Não falou comigo após o crime"

Cristiana Brittes ainda contou o que aconteceu depois que o marido e os três homens saíram da casa dos Brittes no Veloster preto e levaram Daniel para a morte. Segundo ela, ao retornar, Edison falou apenas com Allana.

"Quando eu vi ele com outra roupa, eu imaginei que alguma coisa tinha acontecido. Ele nem olhou pra mim. Ele deu um abraço na Allana e nem falou comigo. Mais tarde, no sábado, que vi as fotos, eu fiquei desesperada. Eu ouvi ele falando lá atrás o que ele fez. Para as pessoas que estavam na casa. Pra mim, ele nunca falou. Ele disse 'que nunca mais ele ia mexer com mulher de ninguém, foi a primeira e ultima vez que ele fez isso'".

Ela ainda disse que não teve conhecimento dos detalhes do crime. "Muito triste, procuro não pensar que meu marido, pais das milhas filhas fizesse isso, tomado por raiva, por ódio, mas procuro não pensar, nunca quis saber como foi e nem quero saber", disse.

Cristiana Brittes ainda falou sobre os efeitos daquela noite na sua vida. "Muita dor, muito sofrimento. Minha vida foi destruída naquele dia também. Minha vida de certa forma acabou naquele dia. Fui presa, perdi praticamente tudo, perdi minha dignidade, minha honra, fui violada como mulher, a minha família foi destruída", disse.

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