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Preso comum ou milionário? Defesa vê tratamento contraditório a Ronaldinho

NORBERTO DUARTE / AFP
Imagem: NORBERTO DUARTE / AFP

Ricardo Perrone

Colaboração para o UOL, em Assunção (Paraguai)

11/03/2020 04h00

A defesa de Ronaldinho Gaúcho e Assis enxerga uma contradição nos comportamentos do Ministério Público e da Justiça do Paraguai em relação a seus clientes. Os dois ex-jogadores estão presos por entrarem no país vizinho com documentos falsos.

Conforme apurou a reportagem do UOL Esporte, os advogados entendem que Ronaldinho é tratado como milionário e uma pessoa diferenciada quando o tema é a fiança que ele deve apresentar para obter o benefício da prisão domiciliar. Porém, quando o tema é prisão preventiva, as autoridades pregam que o ex-jogador deve ser tratado como quem não é famoso e não tem dinheiro.

O motivo da bronca é que o Ministério Público e a Justiça entenderam ser baixo o valor da residência apresentada por Ronaldinho e Assis para ser usada numa eventual prisão domiciliar e também como fiança. Isso por conta do poderio econômico do ex-jogador. O imóvel está avaliado entre US$ 770 mil e US$ 800 mil.

Para a defesa, é um absurdo considerar esse valor baixo. Os advogados também acreditam que o argumento não condiz com o mantra das autoridades paraguaias. A palavra de ordem é mostrar que o Paraguai trata pessoas famosas com problemas com a Justiça da mesma maneira como lida com os mais humildes.

Essa contradição que existe na análise de integrantes da defesa de Ronaldinho e Assis deve fazer parte dos argumentos presentes no novo recurso, que deve ser apresentado hoje (11), a favor dos irmãos.

A tese do Ministério Público e da Justiça é de que, por conta de sua fortuna, não seria entrave para Ronaldinho fugir do Paraguai e deixar a casa para trás, assumindo o prejuízo financeiro. Esse foi um dos argumentos para a prisão preventiva não ter sido trocada pela domiciliar.

"Esse valor não é suficiente perto do que o senhor Ronaldinho faturou no último ano. Isso seria o valor pelos dois [irmãos], muito baixo. Entendemos que não há garantias para conceder a domiciliar. Se essas pessoas deixam o Paraguai, o Brasil não as extradita", afirmou o promotor Marcelo Pecci, nesta terça. Ele justificava o posicionamento do Ministério Público contrário à prisão domiciliar. Pecci está entre os que falam em não dar tratamento diferenciado a famosos.

Os defensores de Ronaldinho e Assis planejam conceder uma entrevista coletiva hoje para apontar o que enxergaram de errado na decisão e falar sobre sua estratégia.