Caso Ronaldinho: empresária pagou U$ 18 mil por documentos, diz mecânico
O mecânico e o auxiliar de contabilidade que afirmam terem feito o pedido de confecção dos documentos paraguaios de Ronaldinho Gaúcho, Assis e do empresário Wilmondes Sousa Lira declararam em depoimento que pagaram US$ 18 mil (R$ 85,2 mil, segundo a cotação atual da moeda) pela documentação, que é falsificada.
De acordo com as declarações prestadas ao Ministério Público, o mecânico Iván Ocampo e o auxiliar de contabilidade Sebastián Medina deram esse dinheiro para o funcionário do Departamento de Imigrações, Bernardo Arellano. Foram US$ 6 mil pela cédula de identidade e passaporte de cada pessoa. A cobrança é considerada ilegal pelas autoridades paraguaias.
A informação sobre o valor pago foi publicada primeiramente pelo jornal paraguaio ABC Color e confirmada ao UOL Esporte por Osmar Legal, um dos promotores do caso, e Gerardo Chamorro, advogado dos dois responsáveis por cuidar da papelada.
"Meus clientes declararam que a senhora Dalila López viabilizou o dinheiro para esse pagamento. No meu entendimento, a cobrança foi ilegal", disse Chamorro. Segundo o advogado, Ocampo e Medina declararam que acreditavam ter feito um procedimento regular para obtenção de documentos legítimos, como teria pedido a empresária.
Marcos Estigarribia, advogado de Dalia, confirmou essa versão. Porém, disse que o pagamento foi feito a pedido da mulher de Lira, que teria ficado de fazer o reembolso.
"Isso mesmo, ela não vai negar isso. Mas ela deu o dinheiro ao despachante (Ocampo) e o despachante levou para o funcionário (Arellano). Ela esclareceu outra coisa, pagou porque Paula Oliveira (mulher de Lira) pediu que ela pusesse esse dinheiro e disse que o devolveria quando chegasse ao país. E Dalia também não sabia que estavam sendo feitos documentos falsos", afirmou o advogado.
O defensor de Dalia diz ainda que a mulher de Lira não chegou a reembolsar sua cliente.
Por sua vez, o advogado de Paula e de Lira, Jorge Kronawetter, nega que sua cliente tenha pedido que o pagamento fosse feito.
"É mentira. Não existe isso. Insisto, nunca foi pedido passaporte (apenas cédula de identificação, documento necessário para estrangeiros abrirem empresa no Paraguai). Meus clientes não pagaram nada. Se fosse pagar algo lá na frente, o senhor Lira pagaria por documento autêntico, não por falso. Eles (Lyra, Ronaldinho e Assis) nunca quiseram documento falso. Pediram cédulas como as obtidas por Paula, ou seja, autênticas", disse Kronawetter.
Além dos US$ 18 mil, outros US$ 15 mil foram depositados como garantia, conforme exige a legislação paraguaia para a elaboração de passaportes verdadeiros. O dinheiro segue depositado no banco.
O mecânico e o auxiliar de contabilidade estão presos sob a acusação de associação criminosa e uso de documentos públicos com conteúdo falso. Arellano também está preso.
Ronaldinho e Assis tiveram mais um recurso negado pela justiça Paraguaia na última sexta (13) e seguem cumprindo prisão preventiva em Assunção. Dalia tem uma audiência marcada pela Justiça para o próximo dia 18, mesmo assim, é alvo de uma ordem de detenção obtida pelo MP.
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