Polêmicas, quase penta e nova carreira: Marcelinho Paraíba faz último jogo
Perilima e CSP têm poucas chances de classificação para as semifinais do Campeonato Paraibano. Mas isso não significa que a partida entre as duas equipes, hoje (15), às 16h, no estádio Amigão, seja irrelevante. Será o último jogo oficial do meia Marcelinho Paraíba, de 44 anos.
Ex-jogador de sete times da Série A, com convocações para a seleção brasileira e destaque no futebol alemão, o veterano decidiu se aposentar por razões físicas. Ele queria parar depois do Estadual, mas vinha sendo substituído ainda no primeiro tempo ou no intervalo dos jogos por não suportar o ritmo e antecipou o adeus após 29 anos como profissional. Também aceitou uma oferta para ser auxiliar técnico do time nordestino.
"Ele era meu capitão, o time jogava em função dele, como foi com Ronaldinho no Atlético-MG, mas no último jogo tive que tirar no primeiro tempo, e ele entendeu que era o momento de parar. Agora eu posso ajudá-lo com minha experiência de 25 anos no futebol, como auxiliar e técnico, apresentando métodos, modelos de jogo e treinos. Tenho certeza que ele terá sucesso", conta Eudes Pedro, atual técnico da Perilima.
Eudes, aliás, foi auxiliar de Cuca por 14 anos - por isso o exemplo de Ronaldinho no Galo. Ele preparou junto com o clube paraibano uma ação para o jogo de hoje: Marcelinho Paraíba será substituído no intervalo e voltará para o segundo tempo com o uniforme da comissão técnica para já ficar ao lado do comandante.
O futuro ex-jogador também atuará como assistente no time sub-20, dirigido por Dinho Silva. A Perilima custeará suas licenças de treinador na CBF até que ele possa assumir a equipe, e ele também pretende fazer estágios em clubes que já defendeu, como o Hertha Berlim (ALE).
"Ele é uma pessoa muito humilde, trabalhadora, e tem vontade de vencer como treinador. É um cara que teve momentos ruins na vida, perdeu muito dinheiro, teve problemas, mas hoje está convertido e passa mensagens muito importantes ao grupo. Tenho certeza que vai decolar", diz Eudes.
Brilho na Alemanha, seleção e longevidade
Natural de Campina Grande, na Paraíba, Marcelinho começou no Campinense - time em queseu pai, Pedrinho Cangula, atuou. A estreia profissional do meia foi aos 17 anos, em 1991. Ele foi bicampeão paraibano e chegou ao primeiro grande clube em 1994, no Santos. Foram apenas sete partidas pelo clube, e em entrevistas recentes o meia se queixou de preconceito por ser nordestino para não ficar. Na sequência ele foi bem no Rio Branco-SP e acabou contratado pelo São Paulo, onde deslanchou.
Foi no Tricolor paulista que ele ganhou o complemento "Paraíba" ao nome e mostrou o potencial que tinha. O cabelo loiro foi na época de Grêmio, em 2001, quando venceu a Copa do Brasil. Marcelinho também defendeu por quase sete anos o Hertha Berlim, da Alemanha, onde virou ídolo. Em 2005, ele chegou a ser eleito o melhor jogador do país, à frente de Ballack, em votação feita pelos próprios jogadores. Venceu a Taça da Liga Alemã duas vezes antes de voltar ao Brasil.
No retorno defendeu o Flamengo, time pelo qual torcia quando era criança, e teve ainda uma segunda passagem pelo São Paulo e momentos de destaque no Sport e no Coritiba, mostrando longevidade. A partir de 2012 começou a rodar, mas sempre com bons números por onde passou e momentos importantes, como o acesso à Série C pelo Treze-PB. Foram 23 clubes até a Perilima, o último.
Marcelinho Paraíba também disputou seis jogos pela seleção brasileira e chegou a fazer um gol nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002. Curiosamente, ele atuou na vitória por 3 a 0 sobre a Venezuela, no Maranhão, quando o time de Felipão se classificou para o Mundial no Japão e na Coreia do Sul. Uma de suas maiores frustrações é a ausência entre os convocados que garantiram o pentacampeonato.
Prisões, polêmicas e isquemia
Ídolo no Hertha Berlim, Marcelinho Paraíba deixou o clube brigado com a diretoria porque se apresentou duas semanas após o início da pré-temporada sem dar satisfações. Atrasos para treinos e eventos do clube também foram recorrentes, sob a justificativa de que o jogador ia de férias para Campina Grande e enrolava para retornar. Essas questões disciplinares fizeram parte da trajetória do talentoso meia, mas não foram os episódios mais pesados.
Em 2011, o jogador foi indiciado pela Justiça por importunação sexual ao supostamente forçar um beijo em uma mulher durante festa em seu sítio e ficou preso. No ano seguinte, foi denunciado pela ex-namorada por agressão durante cobrança por atraso no pagamento de pensão alimentícia. Em 2013, foi parado em blitz sem carteira de habilitação e documentos do carro. Em 2018, novamente, recebeu ordem de prisão por não pagar pensão e chegou a ficar desaparecido por alguns dias.
Há dois anos, foi uma questão de saúde que colocou o nome do jogador no noticiário: ele sofreu uma isquemia cerebral e precisou ser internado às pressas após passar mal - a primeira suspeita, descartada, era de AVC.
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