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Palmeiras já transformou sede social em hospital para ajudar a conter vírus

Em 1918, Club Athletico Paulistano também cedeu espaço para a montagem de um hospital improvisado - Acervo do Club Atlético Paulistano, cedida pela Editora Narrativa Um / Divulgação
Em 1918, Club Athletico Paulistano também cedeu espaço para a montagem de um hospital improvisado Imagem: Acervo do Club Atlético Paulistano, cedida pela Editora Narrativa Um / Divulgação

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

18/03/2020 04h00

Se atualmente o futebol brasileiro é paralisado por causa do coronavírus (covid-19), há cerca de 100 anos a vilã era a Gripe Espanhola. A doença matou cerca de 35 mil pessoas no país — e ao menos 50 milhões no mundo —, provocou a interrupção do Campeonato Paulista e motivou o Palmeiras a emprestar a sua sede social para a improvisação de um hospital que atendesse os doentes.

No Brasil, o primeiro caso daquela gripe foi confirmado em 15 de outubro de 1918, em São Paulo — como o covid-19 neste ano. Dias depois o futebol foi suspenso de modo abrupto. "Os agentes sanitários chegaram aos estádios uma hora antes de as partidas começarem, para exigir que os torcedores não ficassem concentrados", explica Fernando Galuppo, historiador do clube.

As semanas seguintes foram de temor, enquanto as autoridades tentavam combater a pandemia de alguma forma. Neste cenário, o Club Paulistano e o Palestra Itália emprestaram suas sedes para abrigar alguns leitos de tratamento a pacientes. Foi desta forma que surgiu uma enfermaria com 31 camas no salão social alviverde, então localizado na rua Líbero Badaró, na região central da capital paulista.

"Os atendimentos tiveram a anuência e o apoio da Cruz Vermelha, e durante três meses o Palestra também doou 500 mil réis mensais para os órgãos de saúde", conta Galuppo.

Engajadas no combate à Gripe Espanhola, pessoas ligadas ao Palestra Itália ainda participaram da criação de um grupo de apoio às famílias dos enfermos. Era a Comissão de Socorro Estado-Fanfulla, organizada junto a empresários, que doou cestas de alimentos e chegou até a conseguir ambulâncias para ajudar no tratamento dos doentes.

Em 1918, a pandemia contaminou mais de 100 mil pessoas e matou cerca de 5 mil só na cidade de São Paulo, causando caos na capital e provocando a interrupção do campeonato estadual. Até ontem, aquela edição havia sido a última (e única) interrompida por crises de saúde pública — com a paralisação do Paulistão deste ano, já não é mais.

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