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Casas cheias e treinos: isolados, atletas da seleção encaram o coronavírus

Gabriel Jesus comemora seu gol na final da Copa América - REUTERS/Luisa Gonzalez
Gabriel Jesus comemora seu gol na final da Copa América Imagem: REUTERS/Luisa Gonzalez

Pedro Lopes

Do UOL, em São Paulo

19/03/2020 04h00

A pandemia do novo coronavírus causou o cancelamento das principais competições de futebol do mundo. A seleção brasileira já estava convocada para o início das eliminatórias no dia 27 de março, mas o torneio acabou suspenso. Sem datas em vista também pelos clubes que atuam, os atletas brasileiros agora convivem com isolamento e estratégias para combater o alastramento da doença

A maioria dos jogadores regularmente convocados por Tite atua na Europa, que vive o auge da pandemia. Apesar disso, nem todos têm buscado retornar ao Brasil, como já fizeram Neymar e Thiago Silva. Pessoas próximas a vários atletas relataram ao UOL Esporte um sentimento geral de receio quanto ao impacto que o coronavírus terá no território brasileiro. O caminho escolhido, em geral, é o do confinamento em casa e proximidade com as famílias.

Treinamentos por conta própria para manter a forma

Com a suspensão dos treinamentos da maioria dos clubes, a solução para os jogadores tem sido treinar por conta própria. Gabriel Jesus, do Manchester City, vem trabalhando diariamente com seu personal trainer para manter a forma. O atacante vivia grande fase antes da suspensão do Campeonato Inglês na semana passada, e procura manter o auge físico e técnico para a volta da competição, prevista, preliminarmente, para a primeira semana de abril.

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Por enquanto, o atacante optou por permanecer na Inglaterra, em sua casa, na companhia de familiares mais próximos. Com um grande gramado à disposição e estrutura de academia, vem realizando treinos físicos e até trabalhando finalizações.

Também permaneceram na Inglaterra nomes como Firmino, Willian e Richarlison —o atacante do Everton, inclusive, aproveitou o isolamento para repetir o corte de cabelo "Cascão" utilizado por Ronaldo na final da Copa de 2002 e postar o resultado nas redes sociais.

Arthur cogitou voltar ao Brasil, mas permaneceu na Espanha

Também convocado para a disputa das Eliminatórias que acabaram adiadas, Arthur, do Barcelona, chegou a procurar passagem para retornar ao Brasil, mas acabou, por enquanto, permanecendo na Espanha. Há entre vários jogadores preocupação e incerteza sobre como o coronavírus irá atingir o Brasil, e sobre a segurança do deslocamento via avião.

O meio-campista fez compras para suportar algum tempo em isolamento com a família em sua casa na Catalunha. Ali, também vem realizando treinamentos para manter a forma e tratando com fisioterapia uma lesão sofrida no início do mês.

Marquinhos tem quarentena com casa cheia

Único dos brasileiros do PSG a permanecer na França, o zagueiro Marquinhos passa por uma quarentena com a casa cheia. Além do filho recém-nascido e da esposa Carol Cabrino, Marquinhos está em sua casa em Paris acompanhado de diversos familiares, como os pais e o irmão. No total, cerca de 20 pessoas estão em isolamento na propriedade, e o jogador, por enquanto, não fez qualquer movimento de voltar ao Brasil.

Marquinhos treino do PSG - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

Thiago Silva e Neymar, por outro lado, estão em território brasileiro. No caso de Neymar, seu estafe preferiu não revelar em qual cidade ele ficará em isolamento: o foco é em ter tranquilidade para se proteger da pandemia e realizar treinamentos para se manter em forma.

Apesar de epicentro próximo, permanência na Europa tem sido regra

Mesmo com a maior proximidade com o epicentro da pandemia —a Itália é, atualmente, o país mais afetado pela Covid-19— os atletas que tem feito esforço para deixar a Europa são exceções. Há receio em falar abertamente sobre o tema, mas há um questionamento generalizado sobre a capacidade do Brasil para lidar com o coronavírus e impedir que ele se alastre pelo território nacional. Nesse contexto, a expectativa é de que, embora atingido hoje com maior gravidade, o continente europeu esteja mais perto de controlar a epidemia. Além disso, o deslocamento de volta à América do Sul é trabalhoso e traz riscos de exposição.