Sumiços, chance no Real, drogas e demissão: "mil polêmicas" de Diogo Vitor
Resumo da notícia
- Santos decidiu demitir o meia Diogo Vitor por justa causa
- Atleta e seu estafe já foram avisados
- Meia era visto como joia no clube, mas acumulou problemas como faltas e doping
Diogo Vitor será demitido do Santos por justa causa. O Peixe já comunicou a decisão ao jogador e seu estafe e aguarda somente detalhes burocráticos para oficializar o desligamento.
Mas como o jogador que era tratado como joia na base chegou a esse ponto? O UOL Esporte levantou todas polêmicas do jogador, uma lista extensa, para entender.
O que disseram e dizem os técnicos
Diogo Vitor subiu ao profissional com Dorival Júnior em 2016 e chegou a ser utilizado em dois jogos, mas faltou a treinos e foi afastado pelo treinador, que fez seu diagnóstico — o que se confirmaria nos anos seguintes.
"Ele tem potencial enorme, precisa de ajuda, apoio, mas ele mesmo não está a fim. E quando a pessoa não está a fim as coisas se complicam muito mais. É uma pena, uma judiação você ter um garoto como esse, com potencial, mas com todas as oportunidades dadas dentro do Santos, ele está virando a cara para todas elas", afirmou Dorival na época.
O meia voltou ao profissional em 2018, com Jair Ventura. O ex-técnico santista já observava o jogador antes mesmo de chegar ao Peixe e foi com ele que Diogo marcou seu único gol pelo profissional, no clássico contra o Corinthians.
Jair sabia do histórico do atleta e o tratava como joia a ser lapidada. Hoje, ciente da situação do jogador no clube, ele lamentou o ocorrido em contato com o UOL Esporte.
"Uma pena. Vi de perto todo o esforço do clube para tentar recuperar o jogador e a pessoa, que é muito importante. Como educador, professor e gestor de pessoas queremos ajudar a parte humana. Sabemos da dificuldade que é qualquer tipo de vício. Chegou a jogar comigo, fez gol, teve o lance do pênalti que ele perdeu e fomos eliminados, mas isso mostra a capacidade dele por estar na lista para bater, já tinha batido nas quartas e feito. Tem futuro, não podemos descartar, temos que torcer pela recuperação do atleta e da pessoa, do cidadão, que é o mais importante. Espero que possa se recuperar o quanto antes."
Aposta do presidente e "na mira" do Real Madrid
O Santos renovou contrato com Diogo Vitor no início de 2018 após muita polêmica e, claro, alguns sumiços. Representantes do Peixe chegaram a ir até o interior de Minas Gerais para buscar o jogador para assinar contrato, fato que irritou muito os agentes do atleta.
Com a quebra de relação entre a diretoria santista e o estafe de Diogo Vitor, o meia quase foi parar no Real Madrid. Ele tinha acertado um contrato curto com o clube espanhol para atuar na equipe B e ser observado de perto. No entanto, o jogador preferiu ficar.
Dias após o acerto, o presidente José Carlos Peres — pressionado pela contratação de um camisa 10 após a saída de Lucas Lima — fez sua aposta no jogador, afirmando que poderia ser o meia que a equipe profissional buscava.
Na questão do meia, é um sonho que persiste, sem prazo. Diogo Vitor é um grande meia, estava perdido. Tratamos de renovar e apresentamos um meia. Não é o meia que achavam que viria, não dá para trazer o Messi. Ele trará resultados.
Sucesso na base, mas não sem polêmicas
As qualidades de Diogo Vitor dentro de campo foram reconhecidas desde muito cedo. O jogador era visto como uma das grandes promessas de sua geração, mas não conseguiu seguir nos trilhos.
Em 2016, com 19 anos, o garoto não apareceu na reapresentação do time profissional alegando dor de dente, mas recusou o tratamento oferecido pelo Departamento Médico do Santos. Ele chegou a se envolver em um acidente de carro, quando estava ao volante, no interior de Minas Gerais, que não deixou feridos.
Diogo só reapareceu no clube quase quatro meses depois do sumiço. Reintegrado e sem faltas, ele subiu ao profissional e ganhou voto de confiança de Dorival Júnior, atuando em duas partidas.
No entanto, em junho, faltou a um treino e foi punido com o retorno ao time B. Um mês depois, o meia enviou foto dos olhos ao técnico Kleiton Lima afirmando estar com conjuntivite, mas não compareceu ao Departamento Médico para avaliação e início de tratamento.
Após sucessivas faltas aos treinamentos da equipe B, Diogo foi suspenso, com desconto no salário, por sete dias. Ao final do período, porém, Diogo seguiu sem aparecer. O Peixe quis rescindir, mas acabou mantendo o atleta na base. Em novembro ele sofreu uma lesão pelo sub-20 e... sumiu novamente.
O jogador chegou a alegar à diretoria santista que sua avó tinha falecido. Sensibilizada com o fato, no intuito de falar com o atleta, a diretoria santista ligou para a casa do jogador e se surpreendeu quando a própria avó do jogador atendeu o telefone. Dona Maria ficou surpresa com a história, mas informou que o neto poderia ter se confundido, pois, de fato, a bisavó do jogador havia morrido.
Diogo só foi aparecer no Santos em março de 2017. O Peixe fez um exame toxicológico, que detecta substâncias ilícitas no organismo nos últimos 90 dias, e o resultado foi negativo. O ano foi o menos problemático da carreira do jogador.
Treinando e atuando pelo time B, Diogo Vitor formou o meio-campo do time que foi vice-campeão do Brasileirão de Aspirantes ao lado de Gregore, hoje no Bahia, e Diego Pituca. O meia foi destaque da equipe e marcou um golaço de trás do meio-campo.
Diogo Vitor chegou no Santos em 2010. Pelo sub-13, conquistou o Campeonato Paulista. Depois, já no sub-15, em 2012, levou a Copa Nike. Dois anos depois, em 2014, quando ainda tinha 16 anos, o jovem atacante fez parte do grupo que se tornou campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Volta ao profissional e doping
O doping por uso de cocaína, em 2018, veio justamente no melhor momento da carreira de Diogo Vitor. Sem faltas e episódios de indisciplina, Diogo vinha treinando e recebendo orientações de Jair Ventura, técnico do profissional. Foram oito jogos antes da suspensão e o gol marcado contra o Corinthians.
Ele assumiu o uso da droga que o exame antidoping acusou e cumpriu pena de 18 meses afastado. O meia retornou em novembro do ano passado e, mais uma vez, acumulou faltas nos treinos. Ele teve problemas com a filha recém-nascida que esteve internada, mas faltou em atividades sem avisar ao clube.
Depois de várias conversas e promessas quebradas pelo jogador, o Peixe desistiu.
"Demos todas as chances possíveis. Oportunidades, tratamentos, conversas... É um baita cara, mas infelizmente na profissão que exerce precisa estar com a cabeça no lugar e estar focado para aquilo que pretende", afirmou Matheus Rodrigues, membro do Comitê de Gestão do Santos à TV Cultura Litoral.
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