Polícia interrompe festa de jogadores de futebol no meio da quarentena
A Polícia Civil do Pará foi acionada na noite de ontem (22) para interromper uma festa em um hotel, promovido por cerca de cinco jogadores do Paragominas FC, que disputa o Campeonato Paraense. Assim como em muitos estados do país, no Pará está em vigor um decreto que proíbe a aglomeração de pessoas, como medida de evitar a propagação no novo coronavírus.
Os jogadores já haviam feito no sábado uma confraternização semelhante, com churrasco, na garagem aberta do hotel onde estão hospedados na cidade, localizada a 305 km de Belém. Mas no domingo, foram surpreendidos por policias da 13ª Seccional de Polícia de Paragominas, que fizeram valer o decreto 609/2020.
"Ficamos em hotel pequeno e quando fazemos alguma coisa, fazemos na garagem, só entre nós mesmos", disse o goleiro Gustavo Pires, de 28 anos, um dos participantes da reunião.
"Ontem nós não sabíamos desse decreto. O que chegou para nós é que tudo seria fechado das 10 horas da noite. Quando a polícia chegou é que disseram que era proibido."
A festa em meio à quarentena causou rebuliço na cidade de 97 mil habitantes. Alguns torcedores viram na atitude de parte do elenco um menosprezo ao esforço que todos estão fazendo ao ficar em casa diante da ameaça da pandemia. Desde sexta-feira, bares e casas de show já têm fechado suas portas por causa do vírus.
A direção do Paragominas afirmou repudiar a atitude de seus jogadores.
"Foram quatro ou cinco jogadores que descumpriram uma orientação do clube e o clube repudia veementemente essa postura. No momento em que o país luta pela vida, o jogador de futebol tem que dar exemplo", afirmou Ivanildo Gomes, gestor de futebol do clube. "Essa atitude nos envergonhou e por isso pedimos desculpas à torcida." Ele descartou, porém, qualquer punição aos atletas.
Com o campeonato parado por conta do novo coronavírus, todo o elenco do Paragominas já seria liberado nesta semana, e o clube agora corre para cumprir o compromisso salarial com todos os atletas, mesmo sem jogos. Os contratos iriam até o fim do campeonato, previsto para abril.
O goleiro Gustavo Pires, que tem passagem por clubes do Rio como Olaria e Bonsucesso, agora pretende voltar pra casa e ficar perto de sua família até o futebol voltar.
"Estou longe da minha família tem três meses, e aquele foi um momento de descontração nossa. Nós sabíamos do risco de contágio, mas não fizemos nada de anormal. Nós moramos no mesmo hotel, treinamos juntos, comemos juntos, fazemos tudo junto. Não fizemos por mal, por menosprezar a população, nem por nada", disse ele.
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