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"Gol mágico" de Marcelinho contra o Palmeiras faz 25 anos: "Minha redenção"

Marcelinho Carioca comemora gol marcado no clássico Corinthians e Palmeiras - Antonio Gaudério/Folha Imagem
Marcelinho Carioca comemora gol marcado no clássico Corinthians e Palmeiras Imagem: Antonio Gaudério/Folha Imagem

Diego Salgado

Do UOL, em São Paulo

02/04/2020 04h00

A trajetória vencedora de Marcelinho Carioca pelo Corinthians teve um grande marco há exatos 25 anos. No dia 2 de abril de 1995, o ex-meia acertou uma cobrança de falta da intermediária para superar o goleiro Velloso e comandar uma virada sobre o Palmeiras, no Pacaembu.

O lance é classificado por Marcelinho como "mágico" diante das circunstâncias da partida válida pelo primeira fase do Paulistão daquele ano. O ex-camisa 7 do Corinthians cometeu uma falha no primeiro tempo do clássico e viu Roberto Carlos abrir o placar para o Palmeiras.

Em entrevista ao UOL Esporte, Marcelinho relembrou como conseguiu dar a volta por cima durante o jogo -- além de empatar o jogo na cobrança de falta, ele virou o duelo nos minutos finais. O craque corintiano contou ainda bastidores da sua redenção, como gosta de chamar. O primeiro gol diante do Palmeiras teve isolamento no vestiário, ajuda do ex-goleiro e hoje comentarista Ronaldo e resposta a Roberto Carlos.

UOL ESPORTE: O Velloso não pediu barreira na cobrança de falta. Como você lidou com isso?

Marcelinho: Eu sempre treinei para aquela situação, para falta de qualquer distância. A barreira sempre te dá uma referência, mas o fato de a falta ter acontecido quase no meio de campo, muito longe, não só o Velloso, como qualquer goleiro que estivesse no gol jamais iria acreditar que eu mandaria a bola na gaveta.

Como você lidou com o erro no primeiro gol?

Num clássico, qualquer erro é fatal. Lembro que dominei uma bola de costas e tentei tocar para o André Santos, na lateral. O Roberto Carlos roubou a bola e fez o gol. A culpa automaticamente era minha. Pegava na bola, e a torcida vaiava. Eu tive que ter muita cabeça fria para reverter aquela situação. Imagina: terminou o primeiro tempo 1 a 0 para o maior rival. Eu já tinha arrebentado em 1994, mas torcedor é emoção.

O que pensou durante o intervalo?

Fiquei trancado uns cinco minutos no banheiro no intervalo. O Ronaldo foi até lá, abriu a porta e perguntou: 'que porra é essa?. Disse que eu era o craque do time e os outros jogadores não podiam me ver daquele jeito, que o time ia afundar. Ele disse que eu ia dar a vitória para o Corinthians. O Ronaldo foi fundamental. Ele me jogou para cima".

Por que decidiu arriscar uma jogada tão difícil?

Quando ajeitei a bola, olhei para o banco e vi o Eduardo Amorim, que era o treinador, estava fazendo um gesto com a mão, dizendo que estava muito longe. O Roberto Carlos passou e perguntou se eu ia chutar dali. Disse que estava longe e dali só ele fazia. Depois, quando fiz o gol com aquela curva incrível, passei por ele e falei: 'você e eu'.

A sua comemoração foi bastante efusiva na bandeirinha de escanteio. Foi uma forma de extravasar?

O gol é o ápice do atleta, ainda mais diante do maior rival, um gol antológico, memorável. Eu estava numa tensão, numa pressão. Quando fiz aquele gol, extravasei e descarreguei na bandeirinha de escanteio. Eu mostrei para Fiel que eu sabia fazer, que eu sabia bater falta, que era para confiar em mim. Eu estava bem no campeonato, tinha arrebentado no campeonato, mas eu queria fazer gol em cima do Palmeiras. Depois voltou toda a confiança, saiu todo o peso.

Depois do segundo gol você atravessou o campo todo para abraçar o Ronaldo. Por quê?

O que o Ronaldo fez no vestiário no intervalo. Ele foi pai, técnico, amigo, conselheiro. Ele foi brilhante. Eu abracei ele na comemoração, soluçava. Eu só queria abraçar o Ronaldo, mais ninguém.

Foi o gol de falta mais bonito pelo Corinthians?

O gol contra o Vasco na abertura do Brasileirão de 1998 foi maravilhoso, contra o Jorge Wilstermann, em 1999, e contra o Sport, em 1998, também. Mas um gol de falta em cima do maior rival, do meio de campo. Esse foi o meu primeiro gol em cima dos caras, um gol de falta do meio de campo. Esse gol foi a minha redenção, fui coroado ali como um jogador decisivo, abriu a porta para eu me tornar ídolo. Foi mágico. Foi um gol de ídolo.

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