Senegalês estreia no Brasil antes de pausa e vive aflição na casa de agente
Contratado pela Ponte Preta em janeiro após três meses em avaliação, o atacante senegalês Papa Diene Faye conseguiu fazer sua estreia no último dia 12, na vitória por 3 a 0 sobre o Afogados, pela Copa do Brasil. Três dias depois, a CBF suspendeu todos os torneios por causa da pandemia do coronavírus e interrompeu a sequência do jovem de 23 anos.
Para piorar, ele passou a viver momentos de aflição por estar sozinho no Brasil, no alojamento do clube que acabou fechado, e distante da família dividida entre Senegal e França. Quem o acolheu foi o empresário Lucas Pereira, responsável também por trazê-lo para o Brasil em outubro de 2019. O africano tem passado os últimos dias em Campinas junto com noiva, cunhado, pai e mãe de seu representante.
Papa (com a segunda sílaba tônica), como quis ser chamado no país, aprende aos poucos a falar português. Em casa, se comunica mais com Lucas, que fala francês — o empresário foi jogador com passagem pela própria Ponte Preta e atuou também no Ajaccio, da França. Além dos treinos para manter a forma, o senegalês passa o dia tentando driblar a aflição da distância da família com ligações e chamadas de vídeo.
"A esposa dele teve filha agora, entre janeiro e fevereiro. Ele tem pai, mãe e três irmãos em Dakar [capital de Senegal] e outros dois na França. Fica a preocupação de como estão, se estão fazendo quarentena. Ele fica no celular falando com o pessoal, não é fácil. Mas estamos conseguindo. Se fosse dez anos atrás, não tinha essa facilidade de hoje, quando mesmo tendo preocupação você consegue focar na carreira", explica o representante.
Em português arranhado, Papa diz que sentiu "muito prazer, muito animado" por estrear pela Ponte Preta em março. Ele quer voltar logo aos treinos para "jogar o máximo de jogos e mostrar meu talento". Seus principais ídolos no país são Ronaldinho Gaúcho e Willian, do Chelsea.
Histórico em seleção
Papa Diene Faye acumula 24 convocações para a seleção de Senegal na base. Ele jogou a Copa Africana das Nações sub-17, em 2011, e o Mundial sub-20, em 2015 — curiosamente, o atual técnico da equipe nacional principal, Aliou Cissé, era auxiliar de Joseph Koto no comando das divisões de base na época das convocações do ponte-pretano.
Ele foi trazido para o Brasil meio por acaso. Formado no Touré Kounda, foi contratado pelo AS Salé, do Marrocos, e atuou lá por anos. Até que o clube passou a atrasar salários e ele rescindiu o vínculo. Para manter a forma, Papa começou a treinar em uma academia de desenvolvimento de jogadores chamada Ginga Foot, na cidade de Casablanca. Seu treinador era o brasileiro Rodrigo Álvaro Teodoro. E antigo companheiro de Lucas Pereira na base da Ponte Preta. Desta rede inusitada de relacionamentos começou a história.
"Tem coisas que a gente tenta achar explicação e não consegue. Naquele momento em que ele teve problema com o clube eu estava lá no Marrocos, vi treinos e já vislumbrei a possibilidade de levá-lo para o Brasil. É um jogador rápido, mas que o raciocínio acompanha a velocidade, porque é inteligente na tomada de decisões. Também é muito vibrante, um líder", conta o empresário.
Papa Diene Faye é canhoto, mas gosta de atuar como atacante aberto pela direita e também já treinou na lateral esquerda. Ele já ganhou elogios dos técnicos Gilson Kleina e João Brigatti, mas seu contrato acaba no próximo dia 30.
"Já estamos conversando, verbalmente já está acertada a renovação. A Ponte viu que o menino é de qualidade e que existe uma perspectiva de Copa Africana das Nações e de futuro. Nosso trabalho é visando isso."
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