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Clubes sem divisões voltam a pedir ajuda à CBF: "paridade de tratamento"

Pedro Ivo Almeida/UOL
Imagem: Pedro Ivo Almeida/UOL

Marcello De Vico

Do UOL, em Santos (SP)

07/04/2020 10h59

Resumo da notícia

  • Clubes sem divisão no Brasil continuam sem uma ajuda financeira da CBF
  • Nova carta será enviada à entidade para solicitar suporte aos times menores
  • "E quem não tem divisão, como faz?", diz presidente do Barbalha-CE

Na tarde de ontem (6), a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou uma ajuda financeira aos times da Série C, D e do campeonato A-1 e A-2 do Brasileirão feminino, em virtude da paralisação das competições por conta da pandemia de coronavírus. Os clubes que não serão contemplados com o suporte, porém, seguem preocupados com a situação e voltarão a acionar a entidade.

"E quem não tem divisão, como faz? A CBF está esquecendo", afirmou Lúcio Barão, presidente do Barbalha-CE - um dos vários clubes que disputam os campeonatos estaduais, mas não são integrantes das Séries nacionais -, em entrevista ao UOL Esporte.

O movimento dos clubes irá enviar uma nova carta à CBF. O texto parabeniza a entidade máxima do futebol brasileiro pela 'sensibilidade' da presidência em acolher o pedido de isenção de taxas e liberar recursos aos times da Série C e D, assim como as Séries A1 e A2 do Campeonato Feminino de futebol, 'demonstrando sensatez e espírito de colaboração'.

Lúcio Barão, presidente do Barbalha-CE - Arquivo pessoal/Lúcio Barão - Arquivo pessoal/Lúcio Barão
Lúcio Barão, presidente do Barbalha-CE, um dos idealizadores do movimento
Imagem: Arquivo pessoal/Lúcio Barão

Porém, eles solicitam que uma ajuda seja estendida também aos times que não integram as Séries nacionais (A, B, C e D).

"Fato é que os clubes que disputam os campeonatos estaduais, não integrantes das Séries nacionais, permanecem com suas necessidades de manter os contratos e os milhares de empregos que geram por todo o País, igualmente necessitando da assistência e atendimento de auxílio emergencial financeiro por parte da CBF. E até com maior intensidade, pois como não terão outras competições e unicamente concentrarão seus esforços em concluir os certames locais, não possuem perspectivas de obtenção de patrocínios ou receitas em outros certames, sendo crucial que sejam também atendidos", diz trecho da carta.

No total, a entidade anunciou que irá repassar R$ 19,12 milhões, divididos entre as equipes e as federações estaduais, que, individualmente, vão receber R$ 120 mil cada de auxílio.

"Os valores repassados às Federações são insuficientes para atendimento mínimo às necessidades de emergência alimentar de atletas, comissões técnicas e funcionários que estão sendo abrigados pelos clubes, razão pela qual se pede a complementação e extensão dos benefícios já concedidos por essa Confederação", acrescenta.

"Deste modo, considerando o precedente de atendimento parcial feito pela CBF a apenas 88 clubes participantes de suas competições e também a necessidade de viabilização das agremiações esportivas ainda não contempladas, é a presente para reiterar o pedido de atendimento financeiro também aos clubes que disputam os campeonatos estaduais e que não estejam nas Séries A, B, C e D dos Campeonatos Nacionais, reivindicando paridade de tratamento e atenção a situações fortemente emergenciais", finaliza o documento que conta com o apoio de 175 clubes, a maioria deles sem divisão no Brasil.

Leia a carta completa:

Reportamo-nos à correspondência anteriormente enviada a essa entidade pelo movimento dos clubes de futebol profissional do país, por intermédio da qual, considerando o momento de pandemia por que passa a sociedade e a paralisação dos campeonatos estaduais, foi pedida contribuição financeira para os clubes e isenção de taxas.

Congratulamo-nos com a sensibilidade da Presidência da CBF, que prontamente acolheu a pretensão do nosso movimento de isenção de taxas, assim como veio, já agora, a promover a liberação de recursos para ajuda aos clubes que participam das Séries C e D, assim como as Séries A1 e A2 do Campeonato Feminino de futebol, demonstrando sensatez e espírito de colaboração.

Reafirmamos também a importância de continuidade dos campeonatos estaduais, inclusive por serem competições que geram o direito a vagas para a Série D e Copa do Brasil, ressaltando que investimentos expressivos já foram feitos pelos clubes que os disputam, clubes esses atingidos pelos efeitos da pandemia tanto quanto os que disputam as Séries nacionais do campeonato brasileiro. Há ainda razões de ordem jurídica que recomendam a continuidade dos certames estaduais, pois a eventual paralisação poderia ensejar mandados de garantia e procedimentos judiciais outros, o que geraria insegurança jurídica e forte possibilidade de afetar a formação e realização das futuras competições nacionais patrocinadas diretamente pela CBF.

Fato é que os clubes que disputam os campeonatos estaduais, não integrantes das Séries nacionais, permanecem com suas necessidades de manter os contratos e os milhares de empregos que geram por todo o País, igualmente necessitando da assistência e atendimento de auxílio emergencial financeiro por parte da CBF. E até com maior intensidade, pois como não terão outras competições e unicamente concentrarão seus esforços em concluir os certames locais, não possuem perspectivas de obtenção de patrocínios ou receitas em outros certames, sendo crucial que sejam também atendidos. Os valores repassados às Federações são insuficientes para atendimento mínimo às necessidades de emergência alimentar de atletas, comissões técnicas e funcionários que estão sendo abrigados pelos clubes, razão pela qual se pede a complementação e extensão dos benefícios já concedidos por essa Confederação.

Deste modo, considerando o precedente de atendimento parcial feito pela CBF a apenas 88 clubes participantes de suas competições e também a necessidade de viabilização das agremiações esportivas ainda não contempladas, é a presente para reiterar o pedido de atendimento financeiro também aos clubes que disputam os campeonatos estaduais e que não estejam nas Séries A, B, C e D dos Campeonatos Nacionais, reivindicando paridade de tratamento e atenção a situações fortemente emergenciais.