Juiz de final de 1993 se dá nota 7,5 e diz que Palmeiras era muito melhor
Resumo da notícia
- Ex-Árbitro José Aparecido deu nota '7 ou 7,5' pra sua atuação em 93
- "É que o pessoal não aceita, quer arrumar um culpado", afirma
- De acordo com ele, o time do Palmeiras era 'infinitamente melhor'
José Aparecido de Oliveira até hoje é lembrado quando se fala da histórica final do Campeonato Paulista de 1993, que colocou frente a frente os arquirrivais Palmeiras e Corinthians e terminou com o clube alviverde encerrando jejum de 17 anos sem conquistas. Desde então, o agora ex-árbitro passou a ser alvo de torcedores alvinegros, que o apontam como um dos culpados pela perda do título estadual. O jogo vai ao ar amanhã (12), a partir das 14h, na TV Bandeirantes.
Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, José Aparecido afirma que até hoje "tentam arrumar um culpado" para a derrota, se dá nota 7,5 pela atuação no jogo de volta da decisão, que terminou com goleada por 4 a 0 do Palmeiras, e diz que o time comandado por Vanderlei Luxemburgo era "infinitamente melhor" que o Corinthians.
"Tem árbitros que cometeram erros infinitamente mais grotescos que os meus, e ninguém falou tanto. É que o pessoal não aceita, quer arrumar um culpado. Mas de qualquer maneira, se foi boa ou não a arbitragem, eu penso que, em um jogo desse tamanho, uma nota 7, 7,5, estaria de bom tamanho, por tudo que o jogo apresentou", opina José Aparecido.
"E o Palmeiras também era infinitamente melhor que o Corinthians. Não tinha como", acrescenta o ex-árbitro, criticado pelos alvinegros especialmente por não ter expulsado Edmundo após um carrinho em Paulo Sérgio.
Ao longo da partida, José Aparecido expulsou quatro jogadores no total: Henrique, Ronaldo Giovanelli e Ezequiel, do lado do Corinthians, e Tonhão, do lado do Palmeiras.
"Eu comecei com um critério de segurar o jogo com cartão amarelo. Acho que já havia dado dois ou três cartões amarelos para o Corinthians e dei um para o Edmundo. Tanto é que quando saiu o cartão vermelho da primeira expulsão, do Henrique, já foi na segunda falta, que foi muito feia. E depois em um lance que o Edmundo saiu na cara do gol, sozinho, e o Ronaldo pegou... Então não tinha como. E com o Ezequiel, o pênalti foi claríssimo, e o cara ainda chega e te peita por trás, não tem como", recorda.
"Eu fiz a minha a carreira em cima de um árbitro disciplinador. Isso que me fez chegar à Fifa, chegar longe, então eu tinha que manter aquilo. Não poderia chegar na hora e pipocar, porque está no fim do jogo, ou porque está com oito, nove... Então eu fiz aquilo que devia ser feito. Eu sempre atuei assim. Era melhor eu errar por fazer errado do que por não ter feito. Sempre me pautei por isso", acrescenta.
"Comentarista da Band levou para o lado pessoal"
José Aparecido diz jamais ter visto o jogo completo, de ponta a ponta, na televisão. Assistiu, por diversas vezes, a alguns VT's e lances específicos em programas de esporte. Sempre com a transmissão da TV Bandeirantes, que ele considera parcial por conta dos comentários de Juarez Soares, o China, que nos deixou em julho do ano passado após parada cardíaca.
"Para ser muito sincero, eu vi esse VT... Nunca vi o jogo completo. Vi um pedaço em um programa que fui convidado na Bandeirantes, pelo Antônio Petri, e ele passou uns lances, alguns polêmicos, e eu vi. Depois a Band gravou um DVD do jogo e mandou para mim, está em casa", conta.
"Da Bandeirantes eu não levei muito em consideração por um motivo: o China, que Deus o tenha, que é o Juarez Soares, começou fazendo uma transmissão boa, achando que eu estava fazendo uma arbitragem excelente pelo desenrolar do jogo e pela pressão que o jogo exigia, mas depois, ao longo do tempo, ele foi se perdendo. Depois, acho que por eu não ter dado o cartão vermelho na entrada do Edmundo, ele ficou meio 'p' da vida e começou a fazer a transmissão do jogo mais pelo lado pessoal do que pelo que o jogo exigia. Acho que não foi feito um comentário com isenção", opina o ex-árbitro, que ainda pretende assistir à partida com transmissão da TV Globo.
"Não vi a narração da Globo. Mas por que eu gostaria de ter a narração da Globo? Porque teria um pouco mais de isenção, porque, no caso, quem fazia o comentário de arbitragem era um árbitro que, nada mais, nada menos, tinha apitado uma final de Copa do Mundo [Arnaldo César Coelho]. Ele consegue fazer uma análise com mais isenção. Da Globo eu gostaria de ver porque daria para fazer um parâmetro", opina.
VEJA OUTROS TRECHOS DO BATE-PAPO
Perseguição de torcedores corintianos
Ficou uns 20 dias, um mês, com essa coisa. São sempre essas mesmas pessoas, que não sabem perder, que não conseguem visualizar o erro do outro. É igual brasileiro falando do Governo. Critica, critica, mas quando deixa ele faz a mesma coisa. Fala para não sair na rua ele sai, fala que não é pra fazer e faz... Então não adianta, vivemos em um país assim.
Agradecimentos ao Capitão Rezende: "Me deu toda segurança"
Não tive muito problema. Aí é uma coisa que eu gostaria de citar... Embora hoje seja coronel, mas na época era Capitão Rezende. Hoje ele está aposentado... Ele foi um comandante espetacular. Eu não tive o menor problema para sair do campo e do estádio. Foi um cara que me abraçou, me deu toda segurança. Eu sei que ele é corintiano doente, mas aquele dia ele mostrou o profissionalismo que ele sempre teve e tem. Fez muito bem o trabalho dele, e eu agradeço enormemente o trabalho que ele fez, de primeiro mundo. Parece que, neste momento, ele trabalha dentro do Corinthians. Outro dia em um jogo do Corinthians eu vi ele lá... Não sei se ele faz segurança ou alguma coisa lá dentro... Mas foi um cara espetacular, e eu tenho a maior gratidão por ele por tudo que ele fez por mim. E não foi só esse jogo, foram vários jogos lá... Porque fazer jogo no Morumbi é problemas. Não é brincadeira. Hoje está um pouco melhor porque tem metade da capacidade, mas na época, para mais de 100 mil, não era fácil, não.
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