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Meia questiona métodos de Dudamel no Atlético, e técnico rebate: "covardia"

Técnico venezuelano teve passagem de menos de dois meses no Atlético-MG e não se entendeu bem com o elenco - Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG
Técnico venezuelano teve passagem de menos de dois meses no Atlético-MG e não se entendeu bem com o elenco Imagem: Bruno Cantini/Divulgação/Atlético-MG

Do UOL, em Belo Horizonte

11/04/2020 12h16

Na curta passagem de Rafael Dudamel pelo Atlético-MG, o técnico venezuelano não conseguiu construir uma boa relação com os jogadores. Dono de um perfil disciplinador, o comandante não teve métodos bem vistos na Cidade do Galo. É o que deixa claro o meia Nathan.

"O Dudamel era um cara que às vezes queria muito mandar, mandar, mandar, deixava a gente trancado no CT. Tem alguns jogadores que não gostam disso e acabavam ficando de saco cheio: 'Pô, o cara quer mandar em tudo'. Só podia almoçar no horário que ele queria. Tem alguns jogadores que gostavam de fazer academia depois do treino. Acabava o treino, queriam ir para a academia, mas não podiam ir, porque tinham que estar meio-dia na hora do almoço. Só que o treino acabava tipo 11h40, por exemplo. Tinha que tomar banho rapidão para subir e almoçar. Se não chegasse meio-dia, ganhava multa", afirmou o meia, em entrevista à Record.

Dudamel ficou no Atlético por apenas 52 dias. Em sua passagem meteórica, o treinador participou das duas derrotas vexatórias no início do ano, caindo para o Afogados na segunda fase da Copa do Brasil e sendo eliminado pelo Unión-ARG na primeira fase da Copa Sul-Americana. Com exibições ruins também no Campeonato Mineiro, o time não apresentava nenhuma melhora em campo, o que pesou para sua demissão.

"A gente era acostumado, era bitolado a só fazer um esquema, só jogar de um jeito. Aí chega um técnico e quer que a gente jogue de outro jeito. Aí alguns jogadores já começam a não gostar, e o técnico gostava de bater de frente. Ele chegou e, do dia para a noite, mudou tudo. A gente não entendia muito bem o esquema tático. Ele falava para fazer uma coisa. Aí a gente fazia, mas depois ele falava para fazer outra, depois falava para fazer outra. Essas coisas que ele não deixava muito clara para a gente", opinou.

"O Sampaoli é totalmente diferente. Ele chegou, mostrou alguns vídeos e disse 'eu quero que vocês joguem assim, vocês estão entendendo?' Todo mundo entendeu, a gente foi para o campo e começou a trabalhar, então ficou muito clara a ideia dele, isso vai ganhando o grupo, sabe? O grupo vai ganhando confiança, então isso para gente foi fundamental", concluiu, Nathan, sobre Sampaoli, que treinou o grupo por poucos dias e realizou apenas uma partida antes da paralisação.

Dudamel diz que tinha respaldo do presidente

Rafael Dudamel não deixou barato a declaração de Nathan e comentou que tinha respaldo do presidente atleticano, Sérgio Sette Câmara.m entrevista ao Portal Meridiano Online, o técnico venezuelano ainda considerou covarde a fala do meia alvinegro.

"Queríamos que todos almoçassem ao mesmo tempo. Um chegava às 12h, outros às 12h30. Isso para mim, como concepção de futebolista, não entrava na minha cabeça. Como seria uma equipe ganhadora se não tinha as mínimas normas coletivas de comportamento? Então, para jogadores que vinham andando por conta própria, isso causou certo choque. Essas declarações me soaram muito covardes, porque as portas da minha sala sempre estiveram abertas para conversar", declarou Dudamel.

"Em uma reunião com o presidente, eu disse a ele que, com todo respeito, o Atlético que encontrei era um clube social. Porque as normas que vivi no futebol e os espaços, havia muitas coisas diferentes. Me lembro que ele me disse que o 'Rei do CT' se chama Rafael Dudamel e me deixou tomar as medidas que considerava necessárias. Foi tudo tomando um norte e uma forma. Para mim foi muito difícil, por exemplo, encontrar na concentração o motorista do ônibus, ou a podóloga, ou a secretária do presidente almoçando no mesmo momento dos jogadores, juntos. Fomos dando um pouco de ordem a cada espaço, a cada área, conversando com os jogadores e com cada profissional", justificou o técnico.

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