Em 2002, Galvão deu bronca em Rivaldo e fez Kahn vilão: "Provocou e falhou"
A vitória por 2 a 0 da seleção brasileira sobre a Alemanha, que rendeu o pentacampeonato mundial na Copa de 2002, será exibida hoje (12), às 16h (de Brasília), pela Globo. Sem futebol ao vivo na televisão por causa da paralisação dos campeonatos consequente à pandemia do coronavírus, a emissora decidiu apostar na reprise desta partida histórica no domingo de Páscoa. Haverá um pré-jogo inédito de 15 minutos com participação de personagens da conquista, mas a narração exibida será a original, com Galvão Bueno e comentários de Casagrande e Falcão.
A parte mais marcante da narração, ainda presente na memória afetiva de milhões de brasileiros, é a que precede o grito "é penta".
Kaká, então aos 20 anos, estava na beirada do gramado esperando para entrar como última substituição de Felipão nos acréscimos, mas o Brasil tentava segurar a bola e não houve pausa.
Quando os alemães fizeram falta em Denílson já aos 48 do segundo tempo, Galvão Bueno achou que fosse a chance para rolar a substituição. "Vai dar tempo do Kaká entrar. Todo mundo quer que o Kaká entre. Não vai dar tempo não, porque acabou. Acabou. É penta, é penta (...)".
Um título incontestável. Foram sete jogos e sete vitórias, começou na Coreia e termina no Japão. Olha aí a festa dos brasileiros em campo, o desespero dos alemães.
Apesar da festa e do grito emocionado de Galvão Bueno no apito final, nem toda a narração da final da Copa do Mundo de 2002 foi entusiasmada.
Houve críticas ao desempenho de Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo e diversas menções nada agradáveis ao goleiro alemão Oliver Kahn, eleito o melhor daquela edição do torneio. Lembra?
"Provocou, provocou, provocou e falhou"
Logo na abertura da transmissão, Galvão Bueno já deixou claro que o grande vilão da seleção brasileira na final seria o goleiro: "Será que esse Oliver Kahn é imbatível?". Depois, ele citou uma suposta conversa com o zagueiro brasileiro Lúcio sobre o alemão: "O time deles chegou em terceiro [no Campeonato Alemão], então tomou alguns gols. Imbatível não é".
Em lance ocorrido ainda no primeiro tempo, Galvão percebeu um desentendimento entre Kahn e Felipão, quando o goleiro chutou uma bola em direção à área técnica brasileira após uma reclamação: "Arrumou encrenca, o Felipão já fez sinal duas vezes perguntando se ele [Kahn] é maluco". Minutos depois, após Kahn se desentender com Lúcio: "Esse Kahn é meio maluco mesmo".
Nas narrações dos dois gols do Brasil, marcados aos 21 e aos 33 minutos da etapa complementar, o narrador da Globo citou o goleiro alemão. No primeiro: "Aos 21 Rivaldo soltou a bomba. Que Oliver Kahn que nada, bateu roupa o goleiro alemão. Ronaldinho meteu pro gol, 1 a 0 Brasil. Ele provocou, provocou, provocou e falhou". Depois: "2 a 0 Brasil, dois de Ronaldinho. Cadê o Oliver Kahn?".
Bronca em dupla
O zagueiro Roque Júnior e o volante Kléberson - além de Ronaldo, é claro - foram os jogadores mais elogiados pelo narrador ao longo da transmissão. Mas duas estrelas ganharam a corneta do jornalista em diversos momentos: Ronaldinho Gaúcho e, principalmente, Rivaldo.
Vamos, Rivaldo, aparece nesse jogo.
O Rivaldo precisa entrar em campo, precisa jogar.
O problema do Rivaldo é posicionamento ou é aquele jogo em que nada dá certo?
Paulo Roberto Falcão tentou explicar o "sumiço" de Rivaldo contra a Alemanha: "Ele está longe da área e tenta sempre dar um toquinho a mais".
Depois, os profissionais da TV Globo encheram o meia brasileiro de elogios pela participação nos dois gols, como disse Galvão: "Faltava o Rivaldo entrar no jogo, duas participações, dois gols." Sobre Ronaldinho Gaúcho a bronca era outra: "Não pode prender demais porque eles são especialistas em marcação".
Corneta na organização e vazamento
Ainda no primeiro tempo, Galvão Bueno narrou um cartão amarelo a Klose após cotovelada em Edmílson como se fosse Lúcio. Na sequência, se justificou para os telespectadores: "Me perdoem ali quando eu falei Lúcio, mas quero dizer uma coisa: dos 20 estádios para essa Copa do Mundo, só dois já existiam, 18 foram construídos especialmente para a Copa do Mundo. Esse é um dos que já existia. Por que ele foi escolhido então para ser sede da final da Copa do Mundo? Porque fizeram o centro de televisão, o centro de imprensa, aqui em Yokohama", explicou, antes da conclusão.
"Como ele não tinha instalações adequadas, colocaram as cabines especiais de televisão no teto do estádio. Amigo, o que é longe! O que a gente vê os jogadores pequenininhos lá embaixo não é fácil não de saber quem é um, quem é outro. Coisas do futebol".
Pouco depois, em uma pausa de Galvão após Ronaldinho Gaúcho ser derrubado sem marcação de falta, vazou na transmissão um xingamento ao árbitro italiano Pierluigi Colina, provavelmente vindo do banco de reservas do Brasil. O narrador se divertiu: "Tem gente brava com o Colina ali. Xingaram o juiz".
"Safra do hexa": previsão falhou
Logo depois da vitória brasileira no "jogo dos jogos", Galvão Bueno comentou a festa dos jogadores em campo dizendo que aquela era a "safra do hexa": "Ronaldinho Gaúcho menino ainda, Kaká que ia entrar, Denílson, Ronaldinho, o Kleberson, Gilberto Silva, Lúcio também é novo, são todos jogadores com idade baixa. É a safra do hexa".
Os jogadores citados por Galvão tinham, na época, as seguintes idades: 22, 20, 25, 26, 23, 26 e 24 anos. Exceção feita a Denílson, todos voltaram a disputar a Copa do Mundo, mas o Brasil ainda não conseguiu o hexa.
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