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Herói do Flu em 2005, Antônio Carlos lembra gol e pensa em virar dirigente

Antônio Carlos comemora gol do Fluminense na final do Carioca de 2005 - Sergio Moraes/Reuters
Antônio Carlos comemora gol do Fluminense na final do Carioca de 2005 Imagem: Sergio Moraes/Reuters

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

17/04/2020 04h00

Quis o destino que uma década após Renato Gaúcho entrar para a história do Fluminense com um gol de barriga, um outro gol inusitado voltasse a fazer os torcedores do clube das Laranjeiras explodirem de alegria. Em 17 de abril de 2005, o zagueiro Antônio Carlos, aos 47 minutos do segundo tempo, subiu e, de nuca, colocou a bola no fundo da rede do Volta Redonda, assegurando a conquista do 30º Campeonato Carioca do Tricolor.

O gol foi o terceiro do Fluminense no triunfo por 3 a 1, de virada, e evitou que a disputa pela taça do Estadual fosse para os pênaltis — o Voltaço havia vencido o primeiro jogo por 4 a 3.

Hoje, 15 anos após ter se tornado o nome daquela conquista, Antônio Carlos ressalta a importância que aquele gol teve para a carreira. Depois de dar os primeiros passos no Olaria, chegou às Laranjeiras em 2001, ainda para o time sub-20, e era um dos jovens daquele elenco.

"Foi um título marcante acho que não só para mim, como para vários jogadores que estavam naquele elenco. Foi o primeiro título como profissional para muitos do grupo. Alguns estavam no primeiro ou segundo ano jogando [no elenco principal]. No meu caso, era o segundo ano", lembra ele, que completa:

"Fico muito feliz por ter ficado marcado na história... Todo mundo lembra do gol do Renato, todo mundo fala do gol de barriga, mas também lembra do gol de nuca, né? (risos). Fico feliz com isso, é um reconhecimento. Acho que a partir daquele momento também passei a ser um pouco mais reconhecido no futebol do Rio de Janeiro".

Antônio Carlos, ex-Fluminense, tem um quadro com a foto do gol na final do Carioca de 2005  - Arquivo Pessoal  - Arquivo Pessoal
Imagem: Arquivo Pessoal

Pouco tempo depois da alegria daquela tarde de domingo, Antônio Carlos se despediu do Tricolor rumo à França, onde defendeu o Ajaccio. Apesar de ainda receber o carinho da torcida do Flu, apontou que foi difícil ter a noção daquele feito.

"Na hora, na hora, é complicado [de ter a dimensão do gol]. Eu fiquei mais uns meses no Fluminense e fui vendido para a França. O pessoal me abordava para tirar foto, falava que era herói do título, mas nunca tive a dimensão daquilo", afirma.

O lance do gol, inclusive, está eternizado em uma enorme foto pendurada na casa do zagueiro.

"Claro que fico muito feliz, ainda mais pela situação, no finalzinho do jogo. Foi, se não me engano, no último lance e conseguimos ser campeões. Fico feliz... Eu não conseguiria esquecer porque tenho um quadro em casa, que é quase do tamanho da parede, com uma foto do lance (risos). Eu e o goleiro lá em cima, não tem jeito de esquecer".

Antônio Carlos passou ainda por Athletico-PR, Botafogo, São Paulo, antes do retorno às Laranjeiras, em 2015 — à época, o vice-presidente de futebol era Mario Bittencourt, hoje mandatário do clube. O último time pelo qual ele atuou foi o Brasilense, no ano passado.

Aos 36 anos, ele garante que 'está na ativa' e, sem revelar o nome do clube, afirmou ainda que um acerto com um clube do Rio está próximo. Porém, indicou já pensar na vida após a aposentadoria. O zagueiro contou que já fez alguns cursos de gestão do futebol e pretende atuar como diretor em breve.

"Não sei o que vai acontecer. Já fiz curso para ser gerente de futebol e, depois, quero exercer essa função. Meu pensamento é esse", concluiu.

Marcão lembra sonho com o título

Ídolo do Fluminense, Marcão era o capitão daquela equipe e foi o responsável por levantar a taça. Atualmente funcionário do Tricolor, ele é o treinador do time Sub-23, depois de ter terminado a temporada de 2019 à frente da equipe principal e ajudado o time a escapar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

Ao recordar a conquista, o ex-volante ressaltou que o elenco do Flu sempre acreditou no título, apesar da vantagem do Volta Redonda, e revelou um sonho com o triunfo.

Volante Marcão levanta a taça do Fluminense campeão estadual 2005 - AP Photo/Carlo Magno - AP Photo/Carlo Magno
Imagem: AP Photo/Carlo Magno

"Vou falar com muito orgulho, muita felicidade deste título. Volta Redonda tinha uma certa vantagem, por ter feito melhor campanha. Chegamos muito fortes para esta final por ter derrotado grandes equipes, ter conquistado a Taça Rio. Perdemos o primeiro jogo, e o Volta Redonda acabou aumentando a vantagem, mas, no segundo jogo, a gente ainda acreditava muito em nossa equipe e nossa torcida. Chegar e ver o Maracanã lotado com nossas cores nos deu uma confiança grande", disse ele, que completou:

"Depois do gol do Tuta, antes do intervalo [empatando o jogo em 1 a 1], eu sabia que vinha coisa boa para a gente. Eu tinha sonhado na noite anterior. Tinha acordado de madrugada com uma sensação muito boa. Fui contemplado com aquele cruzamento do Juan, que tive o trabalho só de raspar. Ainda fomos premiados, no finalzinho do jogo, com o gol do Tonhão [Antônio Carlos], que nos garantiu o título sem cobrança de pênaltis".

Técnico Marcão, do Fluminense, à beira do gramado no Maracanã - Mailson Santana/Fluminense FC - Mailson Santana/Fluminense FC
Imagem: Mailson Santana/Fluminense FC

Marcão fez elogios à postura da torcida durante a final, salientando o apoio que o time recebeu da arquibancada.

"Muito orgulho [deste título]... Uma rapaziada boa, fechada. A gente lembra com carinho deste título, pelas pessoas que lá estavam, pelo grupo que se criou, pela energia da arquibancada. Se for ver, o nosso torcedor, em momento algum, desacreditou. Jogaram junto o tempo todo".

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