Técnico lamenta que líder Santo André volte ao Paulistão "na estaca zero"

Líder do Campeonato Paulista com 19 pontos nas dez rodadas disputadas antes da paralisação pela pandemia do novo coronavírus, o Santo André terá literalmente outro time quando a competição for retomada. Na última quarta-feira (15), FPF (Federação Paulista de Futebol) e clubes decidiram esperar o aval das autoridades de saúde para reiniciar a disputa em data futura.

Para o time do ABC Paulista, o problema dessa decisão é que os contratos de 21 dos 28 jogadores inscritos no Estadual já terminaram — o atacante Ronaldo, destaque da equipe, por exemplo, já foi anunciado pelo Sport. O clube não tem dinheiro para manter o elenco sob contrato e definiu que tentará recontratar quem estiver disponível no mercado da bola quando já houver data.

Para o técnico Paulo Roberto Santos, isso significa que o melhor time do Paulistão em 2020 voltará à estaca zero.

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"É outro trabalho que vai começar. E com outra preocupação: quanto tempo terá de preparação para as agremiações que vão recomeçar? Passou de 15, 20 dias, você perdeu tudo o que tinha, inclusive fisicamente. Vamos supor que eu receba todos os atletas de volta, o que já é improvável. Será na estaca zero. Se você tem contratos até o fim do ano tudo bem, fica em contato com os jogadores e aguarda data, mas para as equipes do nível do Santo André não é assim. É uma situação muito grave, muito séria", diz ao UOL Esporte.

O vínculo do treinador com o Santo André é por tempo indeterminado, então, a princípio ele continua no cargo quando o Paulistão for retomado. Paulo Roberto Santos está isolado com a família em sua chácara na cidade de Rio Claro e tenta fazer planos, mesmo diante de um cenário de incerteza.

"Eu gosto muito de fazer ginástica, caminhada, musculação, então faço. Também venho assistindo jogos, tenho alguns gravados do Paulistão mesmo. Também assisto aos programas de esporte para ficar atualizado. Mas é como dizem: já deu, né?", diverte-se.

"Essa paralisação foi ruim para todos. No nosso caso, o momento era de uma busca por classificação para a fase seguinte e briga até por algo mais dentro da competição. Tivemos um trabalho interrompido num grande momento. Isso nos deixa chateados, mas não apaga o que foi feito até a paralisação. O Santo André não assumiu a liderança nas três últimas rodadas, é desde o começo. Foi frustrante."

O Santo André virou líder do Grupo B e da classificação geral do Campeonato Paulista na 3ª rodada e não saiu mais. É uma situação atípica para a história recente do treinador: nos dois últimos clubes que dirigiu, em 2018 e 2019, foram 13 jogos e só uma vitória. Em 2020, venceu seis partidas, inclusive Red Bull Bragantino e São Paulo, da elite nacional, além de um empate contra o Corinthians.

"É um time que apostou no coletivo e todos os atletas abraçaram a ideia do coletivo se sobressair. Um time que também aprendeu a gostar de jogar sem a bola. Muito se fala de gostar da bola. Tem, sim, que gostar, mas também tem que saber jogar e gostar de jogar sem a bola."

Palavra da diretoria

Edgard Montemort Filho, diretor executivo do Santo André:

"A reunião na FPF foi boa, na medida do possível, dentro do cenário que vivemos, das decisões que conseguimos hoje tomar, que são poucas. Talvez pudesse ter acontecido um pouco antes, mas é bom ver que FPF e clubes têm o mesmo pensamento, o mesmo sentimento em relação à volta da competição respeitando tudo o que as autoridades públicas de saúde têm a passar. Quando tudo tiver passado, e esperamos que seja rápido e da melhor forma possível, possamos retomar a competição e terminá-la de forma correta, no campo.

A posição do Santo André foi colocada pelo presidente: estamos de acordo com a volta como sempre estivemos, desde o primeiro minuto, o primeiro dia de paralisação. A perspectiva de futuro é complicada. Apesar de querermos que volte, sabemos de problemas financeiros, contratuais, logísticos, tudo o que teremos que lidar e administrar. A parte financeira é a que mais aflige, temos funcionários e atletas que precisam receber seu salário, contam com esse pagamento para viver. Vamos aguardar o que a FPF e CBF têm a dizer no começo da semana que vem sobre ajuda financeira aos clubes pequenos que não têm calendário."