Micale usa própria demissão e cobra atenção da CBF com a categoria de base
Em um espaço de seis meses, Rogério Micale saiu da principal conquista da carreira com o ouro nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto de 2016, para a demissão do cargo de treinador do time sub-20 da seleção brasileira, em fevereiro de 2017. Mais de três anos depois da saída, o técnico, que concedeu entrevista exclusiva ao UOL Esporte, enxerga o próprio exemplo para cobrar uma maior atenção da Confederação Brasileira de Futebol com a base.
Atualmente técnico do sub-20 do Cruzeiro — novamente diante de jovens jogadores e com a missão de desenvolver talentos —, o treinador se apega aos resultados recentes para cobrar uma mudança de postura da CBF. A exceção se encontra no sub-17 campeão mundial no ano passado.
"Não foi só comigo [demissão]. Teve problema com o [Alexandre] Gallo e com outros. O [Carlos] Amadeu não classificou para o Mundial sub-20. O Guilherme [Dalla Dea] não classificou também, mas foi campeão mundial sub-17 porque o Brasil era sede; se não, nem iríamos ao Mundial", questiona o campeão olímpico.
"O Brasil tem que estar atento, as categorias estão tendo rejeição em competições da Conmebol nos últimos anos", acrescenta o treinador, que se vê como apenas uma peça dentro de uma estrutura que merece a atenção dentro do futebol nacional.
Se Micale perdeu o emprego depois de fracassar na tentativa de levar o Brasil à Copa do Mundo sub-20 em 2017, Carlos Amadeu acabou sendo a vítima dois anos depois.
Com Rodrygo (Real Madrid), Emerson (Betis) e Gabriel Menino (Palmeiras) entre os convocados, a seleção ficou em quinto no hexagonal final e sem vaga pelo segundo Mundial consecutivo.
A tragédia de resultados recentes com a base só não se apresenta como algo maior graças ao título mundial sub-17, em competição disputada no Brasil.
Grande parte da base da equipe campeã com Guilherme Dalla Dea caiu ainda na primeira fase do Sul-Americano da categoria, disputada entre março e abril do ano passado. Porém, a falta de garantias do Peru resultou na mudança do Mundial para o Brasil por decisão da Fifa.
Como país sede, a equipe entrou na competição e terminou como campeã, amenizando o mau momento da seleção nas competições das categorias de base nos últimos anos, como alertado por Micale. O técnico ataca a "pressa" com a qual é conduzida o trabalho das equipes 'sub' nos últimos anos.
"Na primeira competição que não fui bem, fui mandado embora. Em todas as outras cinco, fomos finalistas ou medalhistas. Na primeira que deu zebra, fui mandado embora. Essa interrupção foi abrupta, de quem vê a vitória momentânea e não o processo formativo. Saí muito magoado", encerrou o técnico.
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