Pressa para voltar: Fla vê choque na diretoria e medo em renovação de Jesus
A definição quanto ao retorno das atividades no Flamengo opõe o presidente Rodolfo Landim e o vice-presidente de futebol do clube, Marcos Braz. Ao passo que o mandatário defende a tese da volta o mais rápido possível, Braz entende que não há ambiente algum - fazendo coro ao discurso dos atletas nos bastidores.
Na tarde de ontem (17), o Rubro-negro sucumbiu e definiu pela extensão das férias até o dia 30 de abril. O clube foi o último entre os grandes cariocas a adotar essa medida. Diante da demora e da insistência em antecipar o retorno em meio à quarentena, já havia um desgaste na imagem do Rubro-negro.
Landim era favorável ao retorno no próximo dia 21 e chegou a conversar com o governador do Estado do Rio, Wilson Witzel, para entender como anda o cenário da pandemia do novo Coronavírus. Isolado, o Fla recuou e teve de se alinhar aos rivais, ainda que esta não fosse a vontade inicial de Landim e seus pares mais próximos.
Há ainda o "fator" Jorge Jesus no meio desta divergência. O presidente está preocupado com a proximidade do fim do contrato, que termina no meio de junho. O vice trata esta questão como secundária no momento, visto que é partidário da paralisação até que a situação melhore. As conversas pela renovação desaceleraram e o cenário é de absoluta incerteza.
A alta cúpula não esconde internamente a impressão de que um retorno aos trabalhos forçaria uma natural volta de Jesus de Portugal - onde cumpre quarentena. Há um entendimento que, quanto mais longe e perto do fim do contrato, mais propostas de clubes do Velho Continente possam surgir. O técnico, por sua vez, ainda vê o mercado mais restrito à sua frente, uma vez que a crise também assola o outro lado do oceano.
No Rio, em campo, o cenário para a negociação seria diferente e deixaria o Flamengo mais seguro.
Clube com mais saúde financeira do país, o Rubro-negro vive dias de extrema preocupação. Sem bilheteria e com os jogos congelados, o clube vê suas fontes de receitas secarem. O sócio-torcedor vem contabilizando perdas progressivas, a Adidas ainda não repassou a parcela semestral de pouco mais de R$ 8 milhões, e os compromissos financeiros não cessam. Os dirigentes já começam a conversar sobre a questão salarial dos jogadores, já que a folha mensal ultrapassa os R$ 20 milhões mensais.
Apesar de manter uma relação cordial com o presidente, Braz não faz parte do círculo mais fechado dos dirigentes que convivem com Landim. No episódio do não-pagamento da premiação pelos títulos, o vice de futebol foi contra a decisão presidencial e defendeu o pagamento previamente acordado. Principal conselheiro do mandatário, Luiz Eduardo Baptista, vice de relações externas, não fala a mesma língua do responsável pelo futebol.
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