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He-Man relembra quando deixou Pacaembu com medo da torcida do Corinthians

Policiais militares tentam conter a revolta da torcida do Corinthians após a eliminação diante do River Plate, pela Libertadores de 2006, no Pacaembu - Ayrton Vignola/Folha Imagem
Policiais militares tentam conter a revolta da torcida do Corinthians após a eliminação diante do River Plate, pela Libertadores de 2006, no Pacaembu Imagem: Ayrton Vignola/Folha Imagem

Do UOL, em Santos (SP)

22/04/2020 17h30

Resumo da notícia

  • He-Man fazia parte do elenco do Corinthians que caiu na Libertadores em 2006
  • Time alvinegro foi eliminado pelo River Plate em pleno estádio do Pacaembu
  • Policiais precisaram conter os torcedores que tentaram invadir o gramado
  • "A gente saiu escondido. Eu saí de camburão por volta das 5h30", lembra

O Corinthians foi um dos primeiros clubes da carreira de Rafael Moura. O He-Man defendeu o time alvinegro em 2006, ano em que foi registrada uma das maiores confusões envolvendo torcidas da história da Copa Libertadores.

Com a equipe sendo eliminada das oitavas de final pelo River Plate em pleno Pacaembu, a torcida alvinegra tentou invadir o gramado e entrou em conflito com a polícia, que conseguiu, de maneira heroica, impedir uma tragédia.

Quase 15 anos depois, He-Man lembra que conseguiu deixar o Pacaembu depois das 5h da madrugada, escoltado pelo polícia, assim como a maioria dos jogadores.

"A torcida tentou invadir, e os policiais heróis fecharam aquele portão e não deixaram, mas mesmo assim, após o jogo, a torcida... Lá no Pacaembu o acesso é fácil, começaram a bater na porta do vestiário, na janela, e todos os familiares estavam no estádio... Os torcedores ficaram, ficaram, até que a polícia nos comunicou que não podíamos sair com nossos familiares e nem com nossos carros, porque estavam esperando a gente", lembrou em entrevista ao programa Fora de Jogo, do Esporte Interativo.

"Aí cada atleta ia sair ou em carro de funcionário ou no camburão da polícia, e eu saí com o Nilmar, que morava no mesmo prédio que eu, por volta das 5h30. A gente saiu escondido e só assim conseguimos ir para casa", acrescentou.

Sondagem do Milan

Rafael Moura jogou no Corinthians na época da MSI, de Kia Joorabchian. E acredita que a sua história no futebol, especialmente europeu, poderia ser outra se o seu desempenho na época fosse transferido para os dias atuais.

"21 anos de idade e fazer 19 gols no Corinthians e ser contestado. Hoje, se acontece isso, qualquer um ia ser vendido por 70 milhões de euros. Sempre tive uma personalidade muito grande, mesmo com grandes craques. Quanto tinha discussão com a Gaviões eu dava as caras, nunca me omiti com a imprensa. Foi o maior aprendizado meu, porque mudou a minha vida. Cheguei naquela avalanche de torcida, imprensa todo dia...", conta.

"Com 19 gols em 21 jogos, hoje eu estava na Europa. Queria que voltasse no tempo. Hoje os números são muito mais altos que naquela época. [Foi procurado por] Betis e Milan... Eu tenho a cartinha do Milan até hoje. Foi uma época bacana, mas não passou de uma sondagem. Do Betis foi oficial, porque o Ricardo Oliveira estava saindo e precisavam de um atacante", recorda.

"A gente brinca que o programa esportivo tem uma hora, e 30 minutos fala do Corinthians. Minha visibilidade ficou muito grande, já não podia ir a restaurante, shopping... E jogar com todos aqueles caras... Era uma centena de craques... Muita vaidade, claro, mas um respeitava o outro e quem estava melhor jogava", completou.

Sonho era ter jogado mais na Europa

Meu maior sonho era ter tido uma carreira de mais anos na Europa. Sou muito amigo do Juan, do Dida... Achei muito bacana as histórias que eles contam, certeza de que tinham longos contratos, da segurança de não precisar ficar mudando como foi na minha carreira, estudo para os filhos... Uma das minhas frustrações e meu maior sonho era ter passado mais tempo na Europa. Talvez eu estava no lugar certo, na hora errada. No Corinthians eu tive muita evidência e não pude ser vendido. No Lorient eu quebrei meu pé e também estava emprestado pela MSI. Eles viam a propostas boas pra ele, pra abrir mercado... A gente virou uma moeda de troca na mão desses investidores, eles que escolhiam pra onde a gente ia.

Personalidade atrapalhou

Essa minha personalidade atrapalhou um pouco. Às vezes eu queria me meter em alguma coisa de jogo ou do clube que poderia mudar, minhas informações não batiam tanto com as do treinador. Eu devia ter baixado um pouco mais a minha bola jogado mais futebol, e aí ter ido para outro clube, outro centro. Eu não gosto tanto de mudança... Eu me sinto mal, converso com minha família, eu sou muito do comodismo, e isso dificultou algumas propostas. Mas a parte financeira faz parte da minha vida, da minha aposentadoria... Mas nunca fui pra um clube porque estava pagando mais ou menos.

7º artilheiro do Brasileirão nos pontos corridos, com 86 gols

Tô querendo buscar o quinto lugar, que tá com 90 e poucos gols... [Borges é o quinto colocado, com 99, e Wellington é o sexto, com 94). Vou em busca dos 100 gols porque eu quero roubar essa quinta colocação aí [risos].

De primeira

Maior atacante que já viu atuar: Romário

Melhor atacante atualidade: CR7

Melhor parceiro de ataque: Nilmar

Zagueiro mais difícil de ultrapassar: Lugano

Momento mais marcante da carreira: Final da Sul-Americana

Time mais difícil de jogar contra: Internacional

Estádio mais difícil de jogar como visitante: Beira-Rio

Maior rivalidade do país: Gre-Nal