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Nos EUA, ex-árbitra superou 3 infartos e não tem onde morar em meio à Covid

Reprodução/Google Museu do Impedimento
Imagem: Reprodução/Google Museu do Impedimento

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

26/04/2020 04h00

Léa Campos foi a primeira árbitra profissional do futebol brasileiro. Agora aposentada e com 75 anos, ela sofre com problemas financeiros. Nos Estados Unidos desde os anos 1990, a ex-dona do apito tenta achar um novo lugar para morar após ser despejada de seu antigo apartamento em Nova York.

A situação financeira de Léa e do marido Luiz Medina se agravou com a pandemia do Covid-19 (Coronavírus). A única renda da casa era fruto do trabalho dele como garçom em festas. Mas o isolamento causado pela nova doença fechou estabelecimentos e cancelou eventos.

"Perdemos o apartamento que a gente estava morando. Fomos despejados por falta de pagamento. Estamos morando em um quarto na casa de um amigo do meu marido. Isso é provisório porque o filho dele vai voltar da faculdade e vai precisar do quarto, então a gente vai precisar achar um novo lugar para morar", explica ela.

Imagem do Museu do Impedimento de Lea Campos - Acervo Pessoal Lea Campos/ Michael Jackson - Fotógrafo Desconhecido - Acervo Pessoal Lea Campos/ Michael Jackson - Fotógrafo Desconhecido
Imagem: Acervo Pessoal Lea Campos/ Michael Jackson - Fotógrafo Desconhecido

Léa teve que parar de trabalhar por causa dos problemas de saúde. Ela fazia e servia doces e salgados em festas nos Estados Unidos. Mas entre 2007 e 2009, sofreu três infartos e não conseguiu continuar. Agora, convive com pressão alta e um marca-passo colocado no coração. "Nos dias bons, minha pressão fica em 18".

A ex-árbitra até tem vontade de voltar ao Brasil, mas os problemas financeiros e a saúde debilitada deixam essa opção difícil. "Enfrentaríamos os mesmos problemas que nos Estados Unidos. Eu e o meio marido, que é colombo-americano, gostamos muito do Brasil, mas só podemos fazer o que dá para fazer".

Léa ficou conhecida no Brasil por ser a primeira mulher no futebol profissional, no final dos anos 1960. Na época, o esporte era considerado proibido para mulher e ela chegou a ser proibida de apitar em alguns Estados. Ela encerrou a carreira em 1974, depois de sofrer um acidente de ônibus, que a obrigou a colocar uma prótese no joelho.

Situação gerou "vaquinha" de árbitros

Os problemas financeiros de Léa fizeram com que árbitros brasileiros se unissem em uma espécie de "vaquinha" para ajudá-la. Ela não sabe direito como o movimento começou, mas aponta como cabeças Sérgio Correa, ex-chefe de arbitragem da CBF, e Ana Paula Oliveira, presidente da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista, entre outros.

"Recentemente, eu perdi todos os contatos do meu Whatsapp. Então, peguei o telefone e comecei a tentar falar com as meninas da arbitragem. Elas me perguntaram como estava por aqui e começaram esse movimento. Eles estão fazendo alguma coisa para me dar um suporte, porque eu tenho que me mudar daqui".