Torcedor fanático do Fluminense torna rádio na Rocinha arma contra pandemia
A luta contra o coronavírus na Rocinha, comunidade na Zona Sul do Rio de Janeiro e apontada como maior favela da América Latina, tem tido uma importante aliada: a rádio comunitária 103,7 Rocinha FM. E pode-se dizer que, por trás das ondas que levam informação à população, há um coração tricolor.
Ocimar Santos, coordenador da rádio e de uma ONG local, é conhecido também por ser um fanático torcedor do Fluminense, daqueles que, se deixar, veste branco, verde e grená todos os dias. Em tempos de pandemia, Santos usa o veículo para ajudar na conscientização dos moradores.
"O lado muito legal é a credibilidade que a gente conseguiu conquistar ao longo desse trabalho. Por exemplo, recebo conteúdo do Ministério da Saúde, sou cadastrado na Rádio Senado, na agência Rádio Web. O pessoal da Fiocruz me ligou para oferecer material que eles fizeram. Então, conseguimos colocar no ar notícias de credibilidade. Estamos com tanta coisa que quase não temos espaço para colocar música. A rádio virou quase uma "rádio coronavírus", é o que as pessoas querem ter acesso. Neste momento de pandemia, a rádio está crescendo muito. A audiência quadruplicou", disse o tricolor ao UOL Esporte.
Andar na contramão também fez com que a história de Ocimar com o Fluminense tivesse início. De família rubro-negra e com um pai que "vestia vermelho e preto do momento que acordava até o que dormia", segundo ele, se apaixonou pelo Tricolor das Laranjeiras em um clássico diante do Botafogo:
"Meu pai, que perdi há mais ou menos um ano, era daqueles torcedores do Flamengo fanático, sabe? Mas levava os filhos a tudo que era jogo no Maracanã. Uma vez, nos levou a um Botafogo e Fluminense, eu era criança. Quando olhei a torcida do Fluminense, aquela festa, as cores, o pó de arroz, eu pensei: "aquele ali é o meu time, ali é meu lugar". Meu pai ainda tentou me convencer, mas desde esse dia, sou tricolor"
E foi em uma ida despretensiosa ao Maracanã que Ocimar conheceu Deley, ídolo do Fluminense. À época, o ex-jogador era candidato a deputado federal e panfletava nos arredores do estádio. Ocimar pediu para tirar uma foto e ali nasceu uma amizade.
"Foi um dos maiores prazeres que tive na vida. Por meio dele, ainda pude conhecer vários ídolos como Carlos Alberto Pintinho, que era um craque do meio de campo da época que virei tricolor. O Assis, o Washington e muita gente daquele timaço".
Com esses contatos, Ocimar conseguiu fazer com que alguns nomes históricos do Flu também participassem de alguns eventos da ONG. E ele garante que, com isso, influenciou muita gente a torcer para o clube das Laranjeiras.
"O Deley sempre vinha aqui na Rocinha visitar a gente, até nas minhas festas de aniversário aqui. Com esse movimento de trazer esses ídolos aqui, viramos a casaca de muita criança aqui na Rocinha. Disso eu não tenho dúvida", brincou ele.
Ocimar, que também era integrante da Acadêmicos da Rocinha, foi um dos incentivadores pelo enredo de 2003, quando a Escola homenageou o centenário do Fluminense. Além disso, é um dos fundadores da "Roça-Flu", torcida formada pelos tricolores moradores do local. Sem a bola rolando, a missão do tricolor é unir torcedores de todos os clubes em torno de uma só causa.
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