Demissões, dívidas e estádio: a rusga Kalil x Sette Câmara no Atlético-MG
A rusga entre Alexandre Kalil e Sérgio Sette Câmara, antigos aliados na política do Atlético-MG, ganhou novos contornos na tarde de ontem (28), depois de o prefeito de Belo Horizonte alfinetar o presidente do clube por causa da dívida pela compra de Maicosuel, paga na última segunda-feira (27). Entretanto, a briga entre os antigos amigos começou há muito tempo e envolve até os dois principais apoiadores da atual gestão — Rubens Menin e Ricardo Guimarães.
Não há uma cronologia que explique o problema, que perdura desde o primeiro ano da gestão de Sette Câmara, em 2018. No entanto, existem elementos que podem explicar o caso. As demissões de funcionários que são próximos do ex-mandatário, as dívidas com clubes do exterior, que são cobradas pela Fifa, e a forma como a Prefeitura de Belo Horizonte agiu durante o licenciamento das obras para a construção da Arena MRV.
Demissões
A onda de demissões no Atlético-MG foi o que trouxe à tona a briga entre Alexandre Kalil e Sérgio Sette Câmara. O clube reduziu o quadro de funcionários sob a alegação de que essa é uma ação que conta com o aval da Ernst & Young, empresa de consultoria financeira. Uma das saídas foi do médico Felipe Kalil, filho do prefeito de Belo Horizonte. Na ocasião, porém, o ortopedista foi quem pediu para deixar a Cidade do Galo.
O pedido se deu porque Ricardo Guimarães, conselheiro e patrocinador do clube por meio do Banco BMG, teria solicitado a saída do parente de Alexandre Kalil. À época, houve discussão pública das partes. Câmara se manteve ao lado do sócio-proprietário do BMG durante a briga. A posição apenas deixou ainda mais evidente a rusga entre presidente alvinegro e prefeito de BH.
Dívidas
Na última segunda-feira (27), o Atlético pagou R$ 13,4 milhões da dívida com a Udinese, da Itália, pela compra de Maicosuel. A negociação ocorreu durante a gestão de Alexandre Kalil. Antes de quitar o débito, Sette Câmara insinuou que o problema era uma herança do antigo mandatário. No dia seguinte, o político apontou que a situação deveria ser quitada durante o mandato de Daniel Nepomuceno, seu sucessor, e alfinetou Sérgio Sette Câmara.
O UOL procurou Nepomuceno, mas não conseguiu contato com o ex-dirigente.
Mas não é só a dívida pela compra de Maicosuel que incomoda Sette Câmara. O dirigente alega que pagou R$ 60 milhões em débitos na Fifa. Ele ainda diz que Daniel Nepomuceno teria quitado outros R$ 26 milhões por dívidas na entidade. O UOL apurou com uma pessoa ligada à diretoria do ex-presidente que o valor supera os R$ 26 milhões. Todas as contratações pertencem à gestão de Kalil.
Estádio
A Arena MRV, que iniciou as obras na última semana, é outro aspecto que causou rusga entre Kalil e a diretoria do Atlético. Sette Câmara e seus aliados — Ricardo Guimarães e Rubens Menin — tiveram a sensação de rigidez excessiva da Prefeitura para a liberação das obras do estádio. Nenhum dos três confirma a versão oficialmente, mas o UOL Esporte apurou que houve essa sensação nos bastidores.
A Prefeitura, por sua vez, alega que o trâmite burocrático era o essencial para a realização da construção, que envolve um investimento de mais de R$ 400 milhões por parte do clube. O próprio prefeito disse, por diversas vezes, que era necessário passar por uma série de avaliações e que isso não dependia de seu cargo.
Eleição presidencial
O pleito de dezembro de 2020 é mais um ponto que causa rusga entre as partes. Alexandre Kalil não apoiará Sérgio Sette Câmara, como fez nas eleições de 2017. É possível que ele esteja ao lado de Castellar Guimarães Filho, atual líder do Conselho Deliberativo. Câmara ainda não se decidiu sobre uma reeleição. Entretanto, está ao lado de outro grupo, que conta com a família Menin — Rubens e Rafael — e Ricardo Guimarães.
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