'Benjamin Button do Grêmio' saiu da Série B e virou curinga com Renato
Thaciano tem 24 anos, mas as entradas no cabelo constroem a imagem de um jogador mais velho. O meia do Grêmio, aliás, foi alvo de piadas com a aparência logo no primeiro dia em Porto Alegre. O apelido que mais pegou nem foi o clássico 'vovô garoto', mas sim aquele cunhado por Ramiro, atualmente no Corinthians: Benjamin Button.
"Foi a primeira coisa que ouvi ao chegar. O Ramiro já foi logo falando 'e aí, Benjamin' e eu dei aquela risadinha. Não entendi nada, né? Não tinha visto o filme", conta Thaciano.
O apelido faz referência ao filme 'O Curioso Caso de Benjamin Button', de 2008. Na produção, Brad Pitt interpreta um homem que nasce velho e vai ficando jovem ao longo da vida.
"Eu fui obrigado a assistir o filme, mas já tinha entendido que era por causa dessa minha cara de mais velho", comenta Thaciano. "O Ramiro era fogo, não perdoava uma", completa.
Superada a brincadeira inicial, Thaciano se tornou um curinga gremista nas últimas três temporadas. Volante, meia, meia-atacante. Durante a quarentena devido à pandemia do novo coronavírus, a rotina é dividida entre exercícios para manter a forma e uma sessão de análise dos jogos.
"Jogo de outras equipes é zero, não vejo. Programa esportivo na TV não vejo. Mas o CDD [Centro Digital de Dados, setor de análise de desempenho do Grêmio] do clube manda vídeos e eu tenho olhado isso. Tirei uns dias para ver lances, jogos que participei e analisar como fui", diz. "O Renato me pede para fazer funções do meio e em cada uma tenho que olhar algo diferente. Faço um balanço de onde posso estar, se vou ou fico. Se cubro alguém ou não. O pedido dele é para a gente sempre estar se olhando em campo e falando também."
Assim como o apelido que mais pegou no vestiário, os primeiros dias no Grêmio serviram para Thaciano comprar a ideia de Renato Gaúcho. Tudo graças a uma conversa no gramado.
"Quando cheguei, vi vários jogadores que só conhecia pela TV, Grêmio campeão da Libertadores [em 2017] tinha dois meses. Na primeira semana, o Renato me chamou e falou que me conhecia, tinha me visto jogar. E disse para treinar forte que as coisas iriam acontecer, independente do nome de qualquer um. Ele não precisava falar isso, não precisava me chamar, e achei ótimo. Aquilo ali me fez muito bem e eu vi que dava para contar e acreditar nele".
Natural da Paraíba, Thaciano preferiu ficar em Porto Alegre com a esposa durante a parada do futebol. No apartamento, faz treinos aeróbicos e sente saudade da bola.
"Com bola no apartamento é treino zero, nada. Mas eu faço treino físico todos os dias, online. A bola não tem como mesmo, o apartamento é pequeno. A parte de core e fortalecimento eu faço. Acordo cedo e já vou para o treino. Depois lavo uns pratos que a patroa deixa ali, me esperando, engato uma leitura, vejo TV e vamos passando o tempo como dá", brinca.
A respeito do Grêmio de 2020, Thaciano é sucinto: o time ainda estava encaixando.
"A gente estava em um período de evolução. Um grupo que vem se reformulando, vários jogadores chegaram e temos quatro novos no time. É um time meio que novo e ter mecânica coletiva não é do dia para noite", analisa.
Além de esperar pela volta dos treinos, e depois dos campeonatos, Thaciano sabe que a aparência de mais velho um dia vai alcançar a idade real. Por isso, planeja o futuro.
"Eu estou juntando um pouco de dinheiro para investir, mas o momento é difícil também. Antes, meu pai falava para comprar terreno, terreno e terreno. Essas coisas e tal, mas mudou. Agora é preciso estudar melhor. Estou juntando, trabalhando. E tenho um pessoal que trabalha comigo para me ajudar", garante.
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