Topo

Ele deixou o Brasil cedo, foi "maestro" na Alemanha e cogita jogar no Ceará

Raffael comemora gol pelo Borussia Mönchengladbach; brasileiro está há sete anos no clube - Photo by Oliver Hardt/Bongarts/Getty Images
Raffael comemora gol pelo Borussia Mönchengladbach; brasileiro está há sete anos no clube Imagem: Photo by Oliver Hardt/Bongarts/Getty Images

Alexandre Araújo e Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

02/05/2020 04h00

Natural de Fortaleza, Ceará, Raffael Caetano é um daqueles jogadores que deixaram cedo o país e desabrocharam longe dos olhos dos brasileiros. Com carreira construída na Europa, o meia, apelidado de "Maestro" na Alemanha, cogita voltar ao Brasil para defender o Ceará, seu clube do coração. Mas, por enquanto, não estipula prazos para isso.

Com contrato com o Borussia Mönchengladbach, da Alemanha, até o meio deste ano, o meia aguarda a volta à normalidade após a pandemia de coronavírus para dar continuidade às conversas por uma renovação.

"Tinha começado os contatos em relação à minha renovação, mas, com a pandemia, as coisas ficaram paradas, o que é normal. Vamos aguardar essa situação melhorar para continuar as tratativas", disse, ao UOL Esporte.

Band Sports: Raffael admite insegurança com retorno do futebol alemão

Band Sports

Raffael deu os primeiros passos no Vitória, da Bahia, tendo passado ainda pelo futsal da AABB e Sumov, até chegar ao Juventus, de São Paulo. Em 2003, com 18 anos, fechou com o Chiasso, da Suiça, e partiu para nunca mais voltar ao Brasil.

No Velho Continente, defendeu o Zürich, da Suiça, Hertha Berlim, da Alemanha, Dínamo de Kiev, da Ucrânia, Schalke 04, da Alemanha, e Borussia Mönchengladbach, também da Alemanha, no qual está há sete temporadas.

Em caso de um retorno do Brasil, Raffael, aos 35 anos, diz que a prioridade é o Ceará e revela que até chegou a ter conversas com a diretoria no ano passado, mas as tratativas não foram à frente.

"Tem crescido o meu desejo de jogar no Brasil, mas no momento seria muito difícil. Até porque praticamente toda a minha carreira foi construída aqui na Europa. E recentemente eu recebi minha naturalização alemã, então agora fica um pouco mais complicado de jogar no Brasil. Mas sempre haverá o desejo. Mas não sei quando", afirmou Raffael.

"A minha prioridade vai ser o Ceará. Tive uma conversa com o presidente [Robinson de Castro], me encontrei com ele, mas tinha contrato. Foi uma conversa em que ele abriu as portas para mim, mas nada além do que isso. Se um dia eu voltasse, seria para jogar no Ceará", completou.

Torcedor do Vozão, o meia sente que atuar pelo clube de coração seria uma espécie de cereja do bolo em sua trajetória no futebol.

"Quero jogar alguns anos [antes da aposentadoria]. Disse que o que faltava na minha carreira era jogar no time do meu coração, em um local com praia, clima tropical. Que possa ter um pouco de lazer com a minha família. Aqui é muito bom, mas falta um pouco do clima mais tropical", avaliou.

A paixão pelo futebol está na DNA da família de Raffael. O pai, Francisco Edilson Caetano, foi lateral-direito do Fortaleza na década de 80 e até hoje dá dicas para o filho. Além disso, o meia também conta com o apoio de Ronny, irmão mais novo, que chegou a ter passagens por Corinthians, Sporting, de Portugal, e Hertha Berlim.

"Meu pai foi meu maior incentivador. Desde o primeiro momento que entendi que ele era jogador, também quis ser. Sempre me deixou bem tranquilo, tentava acalmar, ajudar. Ele já tinha passado por isso e sabia como lidar, nunca teve pressão. Sempre falo com ele antes dos jogos, desde o início da minha carreira. Peço conselhos para ele, para o meu irmão... Quando estava prestes a conquistar meu primeiro título na Europa, estava muito nervoso. Daí liguei para eles e me ajudaram, me tranquilizaram", recorda.

Foi no Hertha Berlim que Raffael pôde viver a experiência de atuar ao lado do irmão. Pelo clube, os dois conquistaram a segunda divisão do Campeonato Alemão, na temporada 2010/2011.

"Foi espetacular! Não é fácil, comum, dois irmãos jogarem juntos e ganhar títulos. Ainda mais em um país como a Alemanha. Foi o máximo para mim, para ele, para nossa família. Foi uma coisa que ficará guardada para sempre na nossa carreira, na nossa vida", afirmou.

Apesar de longe, Raffael acompanha com preocupação a situação do Ceará em relação ao coronavírus. O Estado é um dos mais atingidos, com mais de seis mil casos e 400 mortes.

"Estamos sempre ligados, procurando acompanhar. A situação em Fortaleza, infelizmente, não está boa. Muitas mortes e pessoas infectadas. Acompanhamos com preocupação. Esperamos que todos obedeçam as regras impostas, e estamos rezando para tudo melhorar", declarou.

"Aqui também está sendo difícil. Também acompanhamos, vemos pessoas sofrendo com o coronavirus. Muita gente na região que moramos. Mas o governo está conseguindo lidar, e a população está colaborando. Isso ajuda. Esperamos que as coisas melhorem não só aqui, mas no mundo todo", completou.