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Jogador do Fla que morreu com suspeita de covid impressionava por físico

Leco, ex-jogador de futsal - Divulgação/Flamengo
Leco, ex-jogador de futsal Imagem: Divulgação/Flamengo

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

04/05/2020 04h00

A alegria do ex-jogador de futsal Alex Barbosa Pereira, o Leco, que morreu na noite do último sábado, é um ponto unânime entre pessoas que puderam conviver com ele. Antony Menezes, o Tony, que foi companheiro de elenco, e Marcelo Rodrigues, com quem teve um vínculo mais forte após a aposentadoria, não pensaram duas vezes em ressaltar que o Leco 'parecia uma criança'.

Alex Pereira tinha suspeita de Covid-19, mas a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro não confirma a causa da morte. De acordo com a SES, ele deu entrada no Hospital Estadual Anchieta, no Caju, Zona Norte, "em 14 de abril com suspeita de Covid-19. Durante a internação, o quadro clínico do paciente se agravou e ele foi transferido para a UTI no dia 18".

Tony, atualmente, é técnico do futebol feminino do Vasco. Ele esteve com Leco no Flamengo, Botafogo e, depois, no Fluminense, já no Fut7.

Antony Menezes e Leco no futsal do Flamengo, em 1999 - Reprodução Facebook  - Reprodução Facebook
Imagem: Reprodução Facebook

"Comecei no Flamengo, em 1996, e ele já jogava na categoria adulta. Nos conhecemos lá e fomos companheiros de elenco. Ele sempre foi uma pessoa muito alegre, contagiava o grupo, era adorado por todos. Leco era um cara extremamente vaidoso, com estilo inusitado e era alvo de gozações dos amigos, mas sempre tinha uma resposta engraçada. Tínhamos um carinho por ele, que era mais velho, mas parecia uma criança, estava sempre brincando. Ele falava para mim: 'Joga do meu lado que você vai ser campeão' (risos). Tivemos algumas conquistas no Flamengo e uma pelo Botafogo", lembra.

Antony Menezes e Leco, foram campeões de futsal pelo Botafogo - Orlando Barros / Super Liga Futsal Rio - Orlando Barros / Super Liga Futsal Rio
Imagem: Orlando Barros / Super Liga Futsal Rio

Marcelo Rodrigues, comentarista de futsal no SporTV, acompanhou a carreira de Leco, mas foi depois que o jogador deixou as quadras que a amizade ganhou laços mais fortes:

"Durante a carreira dele, comentei muitos jogos. Não tínhamos tanto contato, mas, ao longo da carreira, nos falávamos. No futsal do Rio, todos se conhecem e ele tinha muitos amigos que tinham sido atletas meus no período que trabalhei no Fluminense. Quando ele parou de jogar profissionalmente, participou de alguns torneios beneficentes que organizo e pudemos estreitar a amizade".

Rodrigues também ressalta que Leco era uma pessoa animada e, inclusive, revela um apelido que ele ganhou por conta da forma física.

"Ele era sempre muito engraçado, muito alegre, divertido, parceiro. Ele era bem forte, malhava para caramba, corria... Tinha um preparo físico acima da média. Por causa disso, o apelido que demos a ele foi Cyborg. Ele brincava com isso. Mas ele era aquele grandão com alma de criança, uma pessoa que animava todo mundo, colocava pilha, fazia graça. Ele era um cara diferente, bom coração. Sempre ajudava em algumas ações sociais. Estava sempre pronto a ajudar ao próximo", recorda Marcelo.

O comentarista dos canais Globo contou um episódio de quando foi técnico de Leco, em uma competição de masters.

"Teve um torneio de master que participamos há uns três anos. Formei o time e fomos campeões até com certa facilidade porque os caras jogavam para caramba. Eu era o técnico e tinha tirado o Leco. Ele saiu de quadra e ficou aquecendo ao meu lado, passando na minha frente, perguntando se ele já podia voltar, de uma forma muito engraçada, mas sempre respeitoso", disse.
Emocionado, ele fala da 'dívida' que Leco deixou:

Marcelo Rodrigues, comentarista do SporTV, era amigo de Leco - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
Imagem: Reprodução Instagram

'Neste último evento social que fiz com o Bocão, outro irmão nosso, ele foi jogar no time do Bocão e eu falei: 'Qual é, Leco? Vai jogar lá?'. Ele respondeu já rindo: 'O Bocão me chamou primeiro. Te liguei e você não atendeu, fechei aqui. Mas ano que vem jogo no seu'. Não vai... Infelizmente, não vai. Essa ele ficou me devendo, mas estivemos lado a lado em muitos momentos legais".

De acordo com Marcelo Rodrigues, Alex passou por três testes para coronavírus, sendo o terceiro com resultado positivo. Ele aproveitou para fazer um alerta sobre a doença.

Leco, ex-jogador de futsal do Flamengo, sob marcação de Falcão - Arquivo Pessoal Leco - Arquivo Pessoal Leco
Imagem: Arquivo Pessoal Leco

"Ele era muito forte, mas o vírus é para todo mundo. Infelizmente, foi o dia dele. O irmão nos passou que ele tossia muito e foi para o hospital, a princípio, pensando ser pneumonia. Ele foi testado três vezes, na primeira e segunda, deu negativo. Na terceira, deu positivo para Covid"

"É muito triste para todo mundo, uma perda muito grande. Para um grupo, dentro de qualquer esporte, esse personagem precisava existir e vai fazer falta. Inteligente, parceiro, crianção. É muito triste porque a pessoa 'desaparece', acabou. Não pudemos ir lá dar um abraço na família. Temos de buscar a conscientização das pessoas para a gravidade do que estamos vivendo. Essa morte precisa ter algum valor e ser exemplo para todo mundo acha que pode sair... As pessoas não sabem o que era o Leco em termos de saúde".