O Flamengo fechou a temporada 2019 com títulos e uma situação econômica que apresentava R$ 950 milhões de arrecadação, além de um plano que garantiria estabilidade, mesmo em uma crise por três meses, mas em meio ao futebol parado devido à pandemia do novo coronavírus, o clube rubro-negro demitiu 62 funcionários na última semana.
No podcast Posse de Bola #31, o jornalista Mauro Cezar Pereira analisa a situação e aponta também para a forma como dirigentes podem se aproveitar do momento para demissões de funcionários ligados a gestões passadas dos clubes.
"No caso específico do Flamengo, existe um agravante que é o fato de o clube ter fechado o ano numa situação de R$ 950 milhões de arrecadação e, de repente, apresentou um chamado teste de estresse que aguentaria três meses numa crise, e com um mês e meio começou a mandar embora. Tem várias pessoas sendo mandadas embora", afirma Mauro (disponível no vídeo acima a partir de 7:47).
"Muitos clubes estão fazendo isso. O que me chama a atenção é quando há um aproveitamento da situação, quando alguém tira proveito da crise para mandar o funcionário embora. Talvez, fosse até dizer: 'bem, mas tem muito clube que tem cabide de emprego'. Se tem, sempre foi assim. Então, por que demitiu agora? Se é cabide de emprego, o cara ganhou a eleição e detectou que tem dez, 20, 100 caras ali que não fazem nada e que estão ali por algum favor de um antigo dirigente. Então, você resolvesse isso antes e não agora. É difícil entender e difícil de justificar", completa o jornalista.
Mauro também faz um paralelo de ações do Flamengo na gestão passada com a atual, comandada por Rodolfo Landim, com a evolução no trato pelo aspecto esportivo e a montagem de um time vencedor, mas uma queda na preocupação com o lado humano dentro da instituição.
"No caso do Flamengo é o de sempre, é a falta de tato para lidar com a situação. Eu vejo dois aspectos: Os caras que comandam o clube, que assumiram lá em 2012, não o Bandeira, que era quase uma rainha da Inglaterra ali, mas os caras anteriores a ele, que faziam parte do grupo, esses que lá estão, o lado bom deles, montaram um projeto de recuperação do clube como você recupera uma empresa que está quebrada. Funcionou? Claro que funcionou. É só você ver os resultados financeiros, administrativos, aumento de receita, redução de dívida, renegociação de dívida, recuperação de crédito, a maneira que o mercado olha para o clube, tudo isso é legal, maneiro, praticamente irretocável", diz o colunista do UOL.
"No futebol havia na época do antigo presidente uma série de equívocos na gestão que era um desastre absoluto, um paternalismo absurdo. E agora não tem nada de paternalismo e nem nada, não tem equilíbrio. É tudo muito frio. E o que acontece no futebol é o que acontece na sociedade. As empresas demitem, pura e simplesmente, mandam embora. E quando surge uma situação assim, muitas se aproveitam. No futebol é igual porque as cabeças dos caras que estão à frente dos clubes de futebol são muito parecidas, quando não são as mesmas, dos caras que demitem no chamado mundo corporativo", finaliza o jornalista.
Posse de Bola: Quando e onde ouvir?
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