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Flamengo não marca data para retorno aos treinos e "lockdown" ameaça planos

O técnico do Flamengo, Jorge Jesus, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel - Reprodução/Twitter/WilsonWitzel
O técnico do Flamengo, Jorge Jesus, e o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Imagem: Reprodução/Twitter/WilsonWitzel

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/05/2020 04h00

O Flamengo não faz segredo a ninguém de que deseja retomar os treinos o quanto antes, mas a ameaça de "lockdown" no Estado do Rio de Janeiro é iminente e pode ser fatal para as pretensões do clube.

Cresce no Estado a possibilidade de fechamento total (ou ao menos nos locais com os piores índices), com a indicação do governador Wilson Witzel (PSC) de que a decisão para o "lockdown" ficará a cargo das prefeituras, mas com suporte da PM. Caso esta medida mais drástica seja adotada, o clube fica de mãos atadas e não terá muito o que fazer, ainda que o Rubro-Negro tenha informado, em nota oficial, que quer "colaborar com o importante retorno às atividades do futebol no menor prazo possível". Ciente de que pode ser superado por questões externas, o Fla evita marcar data e acompanha as consequências da crise.

Em meio a este cenário de pandemia de coronavírus, o clube age nos bastidores para tentar garantir seus interesses e retomar o trabalho se as normas não forem tão restritivas. No âmbito estadual, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, vice-presidente de relações externas, é o interlocutor com as autoridades. Já com o governo federal, as conversas são mediadas por Aleksander Santos, diretor de relações governamentais. Vale ressaltar que há uma relação próxima dos rubro-negros com esses entes.

Em nota enviada ao UOL Esporte, o governo do Rio informou, no entanto, que "seguindo recomendação do Ministério Público, o governador anunciou o aumento da fiscalização contra o descumprimento das medidas. Foi decidido que, em parceria com o Ministério Público, a Polícia Militar vai fechar e multar estabelecimentos que não sejam prestadores de serviços essenciais e não estiverem seguindo as determinações sanitárias". A fiscalização mais pesada é outra sombra.

Ante o debate sobre "serviços essenciais" nestes tempos de simples recomendação de isolamento, os advogados rubro-negros também se debruçam sobre a questão, já que não fica exatamente expresso que treinos de uma equipe de futebol são atividades vetadas, embora Witzel tenha decretado a interrupção de "academias, centros de ginástica e estabelecimentos similares", o que poderia abrir uma fresta para o Rubro-Negro argumentar.

Também, segundo a determinação do governador, "está suspensa a atividade que envolve a aglomeração de pessoas, tais quais eventos esportivos". O Fla entende que há margem para questionamento, já que entende que um eventual retorno aos treinos no Ninho do Urubu não representariam aglomeração. O clube já sinalizou que irá reduzir drasticamente o contingente de pessoas e também acredita que a extensa área do Ninho do Urubu é suficientemente grande para manter o distanciamento social adequado.

O cerco se fecha também com a Prefeitura do Rio, que começou a adotar normas de restrição maiores pela capital. Em relação ao futebol, o prefeito Marcello Crivella já demonstrou não ser simpático ao retorno, tornando-se um outro obstáculo para as pretensões dos campeões da Libertadores.

Ao passo que as decisões governamentais são costuradas, os rubro-negros dão publicidade aos esforços que estão sendo feitos para garantir o retorno em breve. Além de uma cartilha com 11 medidas de protocolo de saúde que serão adotadas, a direção providenciou a testagem de 296 pessoas, sendo que 38 foram diagnosticadas com o coronavírus.

A partir da próxima segunda-feira (11), novos testes serão feitos naqueles que não reagiram ao vírus e a ideia é que haja regularidade nesta medida. Ainda que o presidente Rodolfo Landim seja o maior entusiasta para a volta, a ideia não agrada em cheio Marcos Braz, vice-presidente de futebol.