Topo

Mandetta vê desafio em retorno do futebol e Olimpíada como divisor de águas

Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde - DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde Imagem: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/05/2020 15h46

Ex-ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta vê dificuldades na volta tanto do Campeonato Brasileiro quanto de Libertadores e Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022. Em entrevista ao Sportscenter, programa da ESPN, ele relatou a complexidade para encontrar um 'ponto de equilíbrio' que permita realização das competições.

"Entre os deslocamentos para as viagens, num campeonato como o Brasileiro, o Brasil é um continente. Nós temos cidades que estão em situações muito complexas, cidades, inclusive, que tem times na Série A. Quando você coloca todos os jogadores num mesmo ambiente, você teria que fazer um plano de biossegurança muito avançado. E, depois, você tem todo o círculo do futebol que também precisariam ter cuidados extremos de biossegurança, em um momento que o número de casos no Brasil está subindo. Não está nem no platô e muito menos diminuindo", explicou Mandetta.

"Então, um Campeonato Brasileiro, que é disputado em vários estados ao mesmo tempo, vai exigir um grande debate entre os organizadores do evento, profissionais não só da medicina esportiva, mas também de biossegurança, epidemiologia e sanitaristas para encontrar um ponto de equilíbrio", completou.

Em relação ao momento do Brasil em meio à pandemia de coronavírus, o ex-ministro acredita que a redução no número de casos só acontecerá entre agosto e setembro.

"Devemos ter uma escalada de casos no meses de maio e junho, para que, quando chegarmos em julho, a gente comece a ter uma estabilização para que, em agosto e setembro, a gente comece a ter uma redução de casos. E você pode ter, por exemplo, o Sul do Brasil em uma situação mais confortável que o Nordeste. Mas o Nordeste pode melhorar, e o Sul, que costuma ter sua sazonalidade de doenças respiratórias em junho e julho, ter o seu aumento de casos", disse Mandetta.

Já as competições internacionais, como Libertadores e Eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar, de acordo com Mandetta, levarão ainda tempo para retornar. Para ele, o 'grande divisor de águas' entre os eventos esportivos só virá em 2021, com a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

"As competições internacionais vão levar mais tempo. E acho que o código de relacionamento no mundo do esporte, o código de relacionamento social, vai ser muito abalado no pós-coronavírus, no que a gente está chamando de novo normal. Talvez, o maior evento esportivo da humanidade, as Olimpíadas, será o grande divisor de águas. Ali é que a gente vai ter um grande código sanitário de biossegurança internacional para todas as modalidades", argumentou Mandetta, que seguiu:

"Eu não consigo imaginar, por exemplo, um time brasileiro decolar em um avião e ter permissão para descer em uma Buenos Aires, que está fazendo um plano de contingência muito forte. Isso teria que envolver Relações Exteriores, Itamaraty... Teria que ser um pacto muito bem construído, não só entre as confederações de futebol, mas pelos países, pelas embaixadas, para saber se seria possível esse tipo de evento esportivo".