Topo

Brasileiro apadrinhado por Deco e indicado por Jesus faz sucesso na França

Raphinha comemora após marcar para o Rennes contra o Nantes - DAMIEN MEYER/AFP
Raphinha comemora após marcar para o Rennes contra o Nantes Imagem: DAMIEN MEYER/AFP

José Eduardo Martins

Do UOL, em São Paulo

09/05/2020 04h00

O torcedor brasileiro que pouco acompanha o futebol internacional pode ainda não ter ouvido falar de Raphinha, mas o atacante está em alta com a torcida francesa e recebido muitos elogios da mídia local. Curiosamente, para chegar ao Rennes, que fechou o campeonato nacional na terceira colocação — o torneio foi encerrado antecipadamente por causa da pandemia do novo coronavírus —, ele contou com o apoio do seu "padrinho" Deco e com a indicação de Jorge Jesus.

Quando era técnico do Sporting-POR, em 2018, o treinador português pediu a contratação do atacante que despontava no Vitória Guimarães. O clube conseguiu acertar com o brasileiro, mas o Mister não permaneceu no clube. Por isso, apesar da gratidão, Raphinha não chegou a trabalhar com o atual comandante do Flamengo.

Como também teve bom desempenho no Sporting, o gaúcho de 23 anos chamou a atenção do mercado da bola. Foi então que o Rennes resolveu contratá-lo. Para tanto, desembolsou 20 milhões de euros (R$ 91 milhões na cotação da época), em setembro do ano passado. Nesta temporada, ele já disputou 30 partidas até a pausa por causa da pandemia do novo coronavírus e marcou sete gols.

Já a relação com Deco começou bem antes. O atacante é aquele tipo de jogador que deixou o país cedo — nem chegou a atuar pelo profissional do Avaí. A carreira é administrada pelo ex-jogador do Barcelona, com quem mantém uma relação de amizade. Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, o atacante falou sobre a sua carreira, Jesus, Deco e até sobre a admiração pelo hoje adversário Neymar.

Confira a entrevista com Raphinha:

Adaptação ao futebol europeu

Para mim, particularmente, no começo foi muito difícil a adaptação. Não tive o problema da língua (morava em Portugal), mas teve a adaptação ao estilo de jogo, e era cultura diferente e precisava ficar longe da família e amigos. Foi complicado. A gente passa por muitas coisas. Pensei em desistir e voltar para o Brasil, mas era o que queria e gosto de fazer.

Relação com Deco

Tenho uma relação muito boa com ele. Já deixou de ser apenas uma relação de empresário e jogador. A amizade é boa com ele e a família. Acaba sendo normal ele dar conselhos e puxão de orelha.

Jorge Jesus

Não tive contato direto com o Jesus, meu empresário é quem teve. Sabíamos do real interesse dele de trabalhar comigo, foi aquilo que ele passou para o meu empresário. Sabíamos que seria um bom para projeto pessoalmente e para o clube.

Duelo com Neymar

Ainda não tive a oportunidade de jogar contra ele. Sem dúvida, é um jogador em que me espelho muito. As minhas características de jogo são próximas das dele. Eu o acompanho desde o início da carreira e, se tiver a oportunidade de trocar a camisa com ele, será prazeroso.

Sem pressão por ser um dos jogadores mais caros da história do clube

Penso só em jogar futebol. É normal jogador saber valores e tal, mas deixo mais com o meu pai e com o Deco e procuro focar só em jogar futebol. Levo essa pressão de uma maneira mais leve.

Campeonato Francês encerrado sem a bola no campo por causa da pandemia

É uma infelicidade não terminar da maneira correta, mas é necessário para um bem maior.

Treino na quarentena

O clube emprestou aparelhos de preparação física e passou as instruções por WhatsApp. A rotina depende do trabalho que eles passam, tem dias que são de dez a 11 quilômetros. A gente que está adaptado a fazer os trabalhos no campo e acaba sendo diferente fazer os exercícios em casa. Vai precisar de uma adaptação mais delicada, aquilo que a gente faz academia. Não chutamos uma bola e vamos para o campo. Vai demorar um pouquinho para nos adaptarmos, mas nada fora do normal.

Futebol brasileiro x futebol europeu

Falando daqui da França, em comparação com o Brasil, é muito diferente a velocidade do jogo, em termos de força e resistência. O Brasil está um pouco atrás em relação a isso, O futebol brasileiro tem muito a evoluir. Os clubes têm muita qualidade para fazer o jogo mais rápido, com mais força e mais físico, Os jogadores têm muita qualidade para fazer isso acontecer. Só depende de querer fazer.

Alvo de faltas

Aqui o Campeonato Francês é muito físico, é muita força. É normal que os zagueiros cheguem mais firmes. Acredito que é uma cultura, a gente que tem estilo de jogo de partir para cima sofre com isso. É normal.